quinta-feira, 25 de julho de 2019

Depois destacarei algumas sequências do livro no Facebook










PREFÁCIOS

Do prefácio de C. G. Jung ao I Ching de Richard Whillelm

''Esses quatro hexagramas são, em seus elementos centrais, coerentes entre si quanto ao tema (recipiente, fosso, poço), e no que se refere ao conteúdo intelectual parecem ser significativos. Se um ser humano desse tais respostas, eu, como psiquiatra, teria de considerá-lo mentalmente sadio, pelo menos, com base no material apresentado.
De fato, eu não teria sido capaz de descobrir nada de delirante, de oligofrênico ou esquizofrênico nas quatro respostas. Diante da extrema antigüidade do I Ching e de sua origem chinesa, não posso considerar anormal sua linguagem arcaica, simbólica e floreada.
Ao contrário, eu teria felicitado essa hipotética pessoa pela amplitude de sua intuição do estado de dúvida que não chegara a expressar. Por outro lado, qualquer pessoa inteligente e versátil pode torcer tudo isso e mostrar como eu projetei os meus conteúdos subjetivos no simbolismo dos hexagramas. Semelhante crítica, ainda que catastrófica do ponto de vista do racionalismo ocidental, não afeta a função do I Ching.
Ao contrário, o sábio chinês me diria sorrindo: "Não percebe quão útil é o I Ching para fazer com que você projete num simbolismo abstruso seus pensamentos, até então não percebidos?''

Exigências Desmascaradoras da Escola da Suspeita

O grande erudito Wang Pi transformou o I Ching, o Livro das Mutações, numa espécie de Tratado de Filosofia Política, e sua iniciativa logo encontrou eco nas escolas de magia, e adeptos da escola Yin-Yang também encontraram nisso uma filosofia política. No período Sung o I Ching foi usado como base da doutrina do T´ai Chi Tu --- a qual , provavelmente, não era de origem chinesa. Mais tarde, o Livro Vivo voltaria a recuperar seu status primevo, e ser consultado, interrogado e interpretado de forma ''oracular''.

De regra, o objetivo fundamental da Desconstrução consiste em pensar a diferença, a distância que separa nossa interpretação dos objetos aos quais se aplica. A atividade hermenêutica se transforma, assim, em uma pergunta sem resposta; tem valor, sobretudo, como exercício ontológico, como indicação de incomensurabilidade de todo compreender em relação ao objeto da compreensão. ''A interrogação -- escreve Derridá em um ensaio sobre Lévinas -- deve ser conservada, mas como interrogação. A liberdade da interrogação (duplo genitivo) deve ser afirmada e defendida. 

Permanência fundamentada, tradição realizada pela interrogação que não deixa de ser interrogação''.
Neste livro, pretendemos manter a tradição chinesa do I Ching apenas como objeto hermenêutico, como unidade temática da interpretação, mas sem oferecer um critério exaustivo de compreensão, ou buscar uma legitimação ''histórica'' do ato interpretativo. Certamente, a Desconstrução preconizada por Derridá também se apresentava como dissolução extrema do propósito de compreender autenticamente, de introduzir-se até o núcleo, senão das coisas, ao menos da ''linguagem como tradição, depósito, repertório de palavras-chave filosóficas''.

Em certo sentido, Derridá também empunhava, contra a hermenêutica da ''integração'', armas que recordam muito as exigências ''desmascaradoras'' da Escola da Suspeita.

Do autor

Epígrafe

Todo o atracar, todo o largar de navio,
É – sinto-o em mim como o meu sangue –
Inconscientemente simbólico, terrivelmente
Ameaçador de significações metafísicas
Que perturbam em mim quem eu fui…

FERNANDO PESSOA
ALVARO DE CAMPOS


Modelos de filósofos que hacían literatura

Aquí hay muchas respuestas para dar. Por un lado, es cierto que en mi formación de adolescente, cuando era muy joven, mi deseo era, en efecto, convertirme en un filósofo escritor, y había modelos para eso. Cuando tenía veinte años, Sartre, Camus y Merleau-Ponty eran modelos de filósofos que a la vez hacían literatura. Era lo que me interesaba, tenía ganas de escribir y de leer. Por otro, no considero que lo que haga ahora sea pura y simplemente filosofía. Lo que denomino deconstrucción de la filosofía es una especie de pensamiento -o si se quiere de reflexión- sobre la filosofía, desde un lugar que es un poco exterior a la filosofía. Aunque tenga formación de filósofo y sea profesor de filosofía, no considero que lo que escribo sea stricto sensu filosófico.

Además, el discurso teórico tiene también que tener en cuenta la lengua; no debe, no puede ser simplemente un trabajo sobre conceptos extraños a la lengua. El pensamiento es como un espíritu, como un alma, cuyo cuerpo es la lengua. 

J. Derridá

FICOU BOM

EPÍLOGO

 CULMINANDO A SUSPEITA, ou
O MOMENTO DA VERDADE, ou ainda
O ÁPICE DA MEDITAÇÃO

Em todos os lugares hoje em dia se trata mais o u menos de tudo e é bom que seja assim. A par das tendências de nivelamento que SE CRUZAM entre si ---- e com isso eu chego ao tema ----, observam-se tbm tendências paralelas. Em primeiro lugar, a penetração de maneiras de pensar históricas e etnológicas nas disciplinas de orientações teóricas fortes ; o mundo da vida só aparece ainda no plural; a eticidade substitui a moralidade, o cotidiano substitui a teoria, a ruptura, a continuidade, o particular, o universal. Essa tendência, por um lado, despertou a desconfiança contra as fortes sistematizações e super-generalizações, contra as construções de teor normativo  de modo geral ; por outro, promove uma auto-desconfiança falibilista salutar e a tolerância em relação aos modos de proceder de ciências maleáveis, que não se sujeitam aos ''standards '' científicos positivistas. Hoje nada é menos aceitável do que a distinção normativa da ciência unitária ---- a concepção de ''unified science'' . Em segundo lugar, muitas abordagens filosóficas convergem hoje na suplantação do paradigma da filosofia da consciência, dominante faz mais de duzentos anos ---- com seus conceitos chave de sujeito e consciência de si. Essa crítica tem naturalmente seus precursores nas tentativas pragmatistas, linguísticas e antropológicas de elevar a um nível filosófico , contra o dualismo cartesiano de corpo e espírito , categorias ''terceiras '' como AÇÃO , LINGUAGEM e SER VIVO . Em uma consideração interna à filosofia,  Nietszche e Heidegger devem sua incrível atualidade constantemente renovada nos dias de hoje à esse enfrentamento. E julgo que um dia ainda veremos o verdadeiro FEITO FILOSÓFICO (Ereignis ) de nossa época na remoção  absoluta do paradigma da consciência para o da super-consciência, semelhante ao corte de sua inauguração em termos de filosofia transcendental por parte de Kant . Mas ainda há o que se discutir sobre o desfecho correto desse processo de substituição que, entre outras tantas coisas, pretendemos estar ''operando integralmente '' na ''superfície de todo o planeta'' nesse ''exato instante ''. Trata-se da questão de saber se CONTINUAMOS  a autocrítica de uma modernidade em conflito consigo mesmo e se podemos obter , no interior do horizonte de nossa própria atualidade, uma certa distância suficiente em relação às patologias do pensamento voltado ao PODER DE DISPOR ----- ou se, como muitos ainda afirmam, o projeto de uma emancipação da menoridade auto-imputável já se encontra definitivamente exaurido. Aqueles que como eu acreditam deixar para trás sem remorso todos os paradigmas e poder adentrar na clareira intensiva da criação e recriação das formas são representativos de um terceira tendência. Assim, procuro vincular minha crítica da filosofia do sujeito a uma crítica da razão na qual a razão só aparece ainda em ''genitivus subjectivus '' ----- e na qual , de modo paradoxal , permanece em aberto quem ou o que deve ocupar o lugar do ''genitivus subjectivus '' (se já não é mais a própria razão ). A essa minha crítica TOTAL da razão se vinculam muitas outras  ''despedidas '', não apenas a de Descartes, mas tbm de todas as suas virtudes : do pensamento metódico, da responsabilidade teórica, e daquele igualitarismo do pensamento científico que rompeu com todo acesso privilegiado à verdade.  Minha cruzada contra uma razão instrumental inflada em totalidade assume, ela tbm, alguns ''traços totalitários''.  No entanto, mesmo assim, apesar de seus ''defeitos'' ,  minha tendência esconde um momento de verdade singular -----  que quando um  processo de Esclarecimento é interrompido, é porque ele está precisando  esclarecer a si mesmo.

*

Causa e efeito. ''Explicação '' é como chamam isso. Mas é ''descrição'' , o que nos distingue das etapas mais antigas do conhecimento e da própria ciência. Explicamos tão pouco quanto todos os antigos ---- mas DESCREVEMOS MELHOR. Trouxemos à tona uma sucessão diversificada enquanto o homem e o pesquisador primitivo das antigas culturas só via as coisas de duas formas, como CAUSA ou como EFEITO, conforme o discurso; aperfeiçoamos a imagem do VIR A SER ,mas nao avançamos com a imagem por trás da imagem. Em todos os casos, a série de causas situa-se à nossa frente, muito mais aperfeiçoada, e concluímos que isso e aquilo devem vir antes, para que aquilo outro venha depois ---- mas com isso NÃO-ENTENDEMOS-NADA. Por exemplo, tanto antes quanto depois, a qualidade em cada ''vir a ser '' químico parece um ''milagre '' , assim como todo avanço; ninguém ''explicou '' o impulso. Como poderíamos explicá-lo ???, mexemos com um monte de coisas que não existem, como linhas e planos e tempos e espaços fracionáveis ---- como seria possível explicar as coisas se primeiro transformamos tudo numa ''imagem '', A NOSSA IMAGEM ?!

*

É suficiente encarnarmos a ciência como uma humanização das coisas, o mais fiel possível, aprendemos a nos descrever com cada vez mais perfeição, na medida em que descrevemos as coisas e sua sequência. Causa e efeito : provavelmente uma dualidade como essa não existe nunca, na verdade, há um ''continuum '' à nossa frente, do qual isolamos alguns pedaços, assim como sempre percebemos um movimento apenas como pontos isolados, que na verdade não vemos, mas que concluímos existirem. A forma repentina como muitos efeitos se sobressaem nos deixa confusos; mas ela é repentina APENAS PARA NÓS. Nesse instante repentino, existe uma quantidade infinita de processos que nos escapam . O intelecto que visa a ''causa e o efeito '' como um ''continuum '', e não à nossa maneira de ver, como algo partido e fragmentado aleatoriamente, e visse o fluxo do acontecimento---- rejeitaria o conceito de causa e efeito e negaria TODA CONDICIONALIDADE.

*

A razão é portanto uma fonte de revelação para o que é em si. Mas a origem dessa antinomia não tem necessidade de remontar necessariamente a uma fonte sobrenatural da razão : basta opor-lhe a verdadeira gênese das idéias ---- essa retira sua origem da esfera prática, da esfera da utilidade, e eis porque possui ela sua ''fé viva'' (pereceríamos se não concluíssemos segundo a razão : mas por meio dela o que se afirma não está ''demonstrado '') . O erro dos filósofos reside no fato de verem na lógica e nas categorias da razão, em vez de meios para acomodar o mundo a fins utilitários (portanto, em princípio, para uma ''falsificação útil ), o ''critério de verdade '' isto é , da REALIDADE . O critério da verdade era com efeito apenas utilidade biológica de semelhante sistema de falsificação por princípio---- os meios foram mal interpretados como medida de valores, e utilizados até para condenar sua própria intenção...a intenção era de enganar-se de uma maneira útil ; o meio era a invenção de fórmulas e de sinais pelos quais se pudesse reduzir a multiplicidade acabrunhante a um esquema útil e manuseável.

*

Nosso mundo empírico seria tbm condicionado pelas fronteiras do conhecimento aos instintos de conservação ; teríamos por VERDADEIRO, por bom, por precioso o que serve para a conservação da espécie... e a vontade do verdadeiro não é uma potência moral, mas uma forma da vontade de poder. As diferentes teorias fundamentais do conhecimento são consequências de apreciações de valores.

*

Num mundo que está em seu DEVIR, a ''realidade'' é somente uma simplificação em face de um fim prático ou uma ilusão fundada sobre órgãos grosseiros, ou uma alteração no ritmo do DEVIR.

*
Sustentar que as coisas tem uma modalidade em si, abstração feita da interpretação e da subjetividade, é uma hipótese absolutamente ociosa : esta suporia que o fato de interpretar e de ser sujeito não é essencial, que uma coisa afastada de todas as relações é ainda uma ''coisa ''. Ao contrário, o caráter das coisas, ''objetivo '' na aparência, não pode reduzir-se simplesmente a uma ''diferença de grau'' em meio do subjetivo ???, O que muda lentamente apresenta-nos como ''objetivo'', como ''sendo '', como ''em si '' ??? Ser o objetivo é somente uma falsa concepção da espécie, uma antinomia no meio do subjetivo ??Contra o valor do que é eternamente igual a si mesmo ( vede a ingenuidade de Espinosa e tbm a de Descartes ), o valor do que há de mais curto e passageiro, o traiçoeiro brilho de ouro no ventre da serpente da vida.

*
É PRECISO REUNIR-SE MUITA COISA PARA QUE SURJA UM AUTÊNTICO PENSAMENTO CIENTÍFICO ; E TODAS ESSAS FORÇAS NECESSÁRIAS TIVERAM QUE SER INVENTADAS, TREINADAS, CULTIVADAS INDIVIDUALMENTE. MAS EM SUA INDIVIDUALIZAÇÃO, FREQUENTEMENTE ELAS REVELARAM TER UM EFEITO BEM DIFERENTE DO QUE TEM HOJE, EM QUE, NO ÂMBITO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO, ELAS SE RESTRINGEM MUTUAMENTE E SE MANTÉM CONTROLADAS : ----TIVERAM O EFEITO DE VENENOS, COMO POR EXEMPLO O IMPULSO DA DÚVIDA, DA NEGAÇÃO, DA ESPERA, DA REUNIÃO, DA DESAGREGAÇÃO. ANTES DE APRENDER A DOMINAR ESSES IMPULSOS, A HECATOMBE. DEPOIS, JUNTAS, COMO FUNÇÕES DE UMA SÓ FORÇA ORGANIZADORA EM UMA PESSOA. E ENTÃO CHEGAMOS PERTO DE DESCOBRIR QUE PARA O PENSAMENTO CIENTÍFICO TBM PRECISAMOS DAS FORÇAS ARTÍSTICAS E DA SABEDORIA PRÁTICA DA VIDA, QUE NELA SE FORMA UM SISTEMA ORGÂNICO SUPERIOR COM NOSSA FILOSOFIA.

FIM

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Mas que porra de proclamação é essa?

Tornar visível alguns detalhes de implementação de tais políticas pode produzir prolongar a decepção do mercado com o ''timing'' da liberação de tais detalhes. A implementação do protecionismo e uma parte da reforma imigratória têm impacto negativo mais ou menos imediato. Não que sejamos contra isso ou aquilo, mas o cálculo do novo ''timing'' dos atos de governo deve levar em conta esses aspectos se quiser driblar a pressão midiática. O resultado de tais é medidas será certamente uma onda de redirecionamento comercial entre outros países ou blocos comerciais Esa introducción es crucial ya que desencadena un intercambio de las funciones narrativas fundamentales: narrador por narratario, lectores por personajes, deslizamientos que estratifican la narración en quiasmo, tramándola en dos planos cruzados: por superposición y oposición, ya que la estructura de "las ruinas circulares" no es sólo la articulación literaria fundamental de la arqueología imaginativa sino la apuesta en evidencia -portando su narrativa, su poética- de la fractura referencial, la inevitabilidad de la quiebra por el fenómeno de la significación. E assim o futuro, que é sempre iminente, acaba absorvido e frustrado, jogado para escanteio, sufocado, mutilado, às vezes aniquilado, criando a ilusão familiar de um mundo einsteniano QUE NÃO É NEM CARNE NEM PEIXE, um mundo de curvas finitas que levam ao túmulo ou ao asilo de pobres, ou ao hospício, ou ao campo de concentração, ou às cálidas e protetoras dobras do ''Partido Democrata-Republicano''. 

K.M.

terça-feira, 9 de julho de 2019

DE: A Gaia Ciência

DE: A Gaia Ciência

Os motivos em que se acredita. - Por mais importante que seja conhecermos os motivos pelos quais de fato a humanidade se desenvolveu até hoje, talvez seja bem mais importante para o conhecedor saber em quais motivos ela acreditou, portanto, no que a humanidade acreditou e imputou a si mesma até agora como verdadeira alavanca de sua atuação.

Niezsche, A Gaia Ciência

O senso da verdade . - Louvo em mim aquele ceticismo com o qual me é permitido responder: ''VAMOS TENTAR!'', Porém ,não quero ouvir mais nada daquelas coisas e perguntas que não admitem essa tentativa. É o limite do meu ''senso de verdade'', é onde a coragem perde seus direitos.

idem

O gosto modificado. - A modificação do gosto é muito mais importante do que as opiniões; as opiniões , com todas suas comprovações, refutações e todo o mascaramento intelectual , são apenas sintomas do gosto modificado e, com certeza, não o que muitas vezes supomos , ou seja, as ''causas''. Como se modifica o gosto.? Pelo fato de indivíduos, homens poderosos, influentes, sem pudor, expressarem e imporem de forma tirânica seu ''hoc est ridiculum, hoc est absurdum, portanto, a avaliação do seu gosto e do seu asco --- com isso, eles impõem a muita gente uma pressão, da qual aos poucos se forma um hábito de mais gente ainda, e, finalmente, uma ''necessidade de todos'', Mas o fato desses indivíduos perceberem as coisas e sentirem os gostos de uma maneira diferente , geralmente tem seus fundamentos numa especificidade do modo de vida, da nutrição, da digestão, talvez num excesso de sais orgânicos no seu seu sangue e seu cérebro, , em suma, no seu corpo físico; mas eles tem a coragem de se declararem a favor do próprio corpo e ouvir suas exigências com tons mais sutis; suas avaliações estéticas, morais, políticas e econômicas são esses ''tons mais sutis'' do seu corpo físico.

idem


segunda-feira, 8 de julho de 2019

Há de fazer-me bem.

Há de fazer-me bem.

Talvez, pela rigidez das minhas atitudes, eu tentasse recusar uma gratidão que pensasse não merecer de todo. Bobagem: não seria por causa daqueles que se lhe parecem obedientes, e eu teria dito de imediato a Verdade. Em vez disso, disse apenas:

------- Grato. Grato. Os senhores são de fato gentlemans. Ficarei em contato com vocês. Há de fazer-me bem.

------ Eloquente ----- diziam eles ------ mas a respeito de quê (?) ----, ninguém o sabia.

No intervalo havia a desculpa da loucura.Toda uma nação, talvez a totalidade da sociedade civilizada, estava à procura do estado sem culpa da loucura, o privilegiado, o quase aristocrático estado de loucura.

Poder-se-ia condensar isso tudo em duas ou três frases?

SIM: eis uma das minhas últimas tentativas:

''Em algum lugar ele duvidava da capacidade daqueles judeus para o primitivismo erótico romano vodu''.

Post Scriptum

Anos atrás tive uma troca de opiniões nesse sentido; falou-se de polêmica e perigo quando na verdade se tratava apenas da mais indulgente e desinteressada tentativa de diálogo à distância, coisa muito diferente de uma polêmica sensacionalista, já que essa é quase sempre agressiva como bem indica a própria raiz do termo ''polêmica''. Essas experiências me deixaram uma lembrança amarga, não por elas em si mas pela tendência geral dos colegas e leitoras a considerá-las como lutas de doze rounds ou duelos com o sabre na mão. É por isso que mais de uma vez preferi deixar passar diversos comentários insidiosos, provocações, calúnias e tergiversações, entendendo que eram produtos do ressentimento alheio ou do antagonismo social, espiritual ou ideológico, e que todas essas intrigas acabariam se afogando em seu próprio atoleiro como aconteceu em todos os casos parecidos.


El tonto quiere ganar algo cada dia...

Por eso dice Lao Tse que el tonto quiere ganar algo cada día (quiere “¡crecer!”, eso es ambición, número, egoísmo, querer separarse y encerrarse, y es por miedo, que es por ignorancia, que es fallas de la percepción).

Y en cambio el sabio busca perder algo cada día (liberarse del encierro hecho de manías, caprichos, antojos, teorías, paradigmas, ideas, ideales, modas, costumbres, neurosis, miedos – el miedo es tontería, la sabiduría es precaución - preocupaciones, angustias, disgustos, recuerdos obsesivos - también hay recuerdos útiles y buenos – todas esas cosas están muy relacionadas, tienen el mismo estilo).

KM

REDE INTERROGATIVA DA GALÁXIA

Aquele beijo era como um gotejamento de planetas em volta de uma estrela, gotas como dentes, planetas com olhos, espessos olhos d´água rodando na crista de uma onda, desfazendo as costuras da alma no ar, até tornar-se um primordial ruído de carnes, um pegamento levantando-se das águas, entre respirações aceleradas. Fora do beijo, um mundo novamente adaptado à vista, o tom suave dela, as pálpebras fechadas, ainda em sombra. O mais feminino nela, sua visão alterada do momento, entrelaçado mecanismo, lirismo e evasão.  

A casa está silenciosa demais, a televisão nunca mais foi ligada, e há meses que não lemos livros, apenas jornais. Enquanto ela medita eu escrevo, divago. A paisagem do rosto dela é como um ''re-trato'', a única coisa que se mexe nela é o ar que sai de suas narinas. Há uma verdadeira yoga boiando no brilho de seus olhos. 


---- Voce é um meditante que passou do ponto, K(.) , ela disse, com uma voz mais velha agora. Estava suando, de alguma ginástica que destinou aos seus seios uma medida de fruta, e transformou seu corpo cansado num repouso de meditação aeróbica. Fermento de linhas anatômicas próximas do meu corpo, numa extensão vigiada pelo ar da boca e do nariz.


Lirismo e evasão.


Quale lingua parleremo?

Antipodi a paralleli ---
no sono mai riusciti a
soddisfarci. Eppur ci
muove sempre un 
desiderio di felicitá,
consiztenza. Ora(!),
parlo per circuscrivermi.


Ela me escutava, mas agora com a indiferença de um gravador esquecido no sofá, uma inércia tolerante, que ao tornar-se vertiginosa ela respondeu rindo, permitindo que eu continuasse. Envolvia-me com um olhar de soslaio que cortava todo meu corpo com uma oblíqua, dos pés à cabeça, recolhendo em tangente toda a geometria interna da minha atitude. Causticava-a o fogo de uma irônica desconfiança, mas eu não tinha vontade de correr para um buraco, tinha dominado aquelas palavras e minérios o bastante para imprimir à sensação e à abordagem que imprimia ao assunto uma qualidade de pintura chinesa, algo que revivia em mim e nela a idéia de que estávamos quase acordando quando sonhávamos que estávamos sonhando. Assim, o prazer sensual assumia a importância que de fato tinha, na rede interrogativa da galáxia --- seus efeitos tântricos e psíquicos na matéria inerte do mundo esperando o golpe ritual da metaforfose, o impacto mesmo da INTERROGAÇÃO.


Passagem de lance-limite econômico pelo conflito?


Nosso olhar incide diretamente, identificando muita coisa sobreposta à paisagem. O Oriente, essa poeira psíquica boiando entre as estrelas, parecia prevalecer, lutando mais com as palavras. Último ato barthiano nas anotações: luta para erguer-se dentro de uma queda lúcida , mas de dobras complexas, escorregadia de frases e intervenções ao vivo, como numa gravura pontilhada de Doré.



Havia algo de fuliginoso, prático, bem encaixado e funcional para a vida do espírito, naquelas anotações, algo de olfatório e mudo, que guiava a linguagem  binária ao seu paroxismo. SIM NÃO POSITIVO NEGATIVO. A inteligência binária, idem. A existência interna das coisas lhe escapava, anotava eu: ''pode descobrir que a luz é contínua e descontínua ao mesmo tempo, que a molécula do benzeno estabelece entre os seus seis átomos relações duplas e no entanto mutuamente exclusivas; admite-o, mas não pode compreende-lo, nao pode integrar ao seu próprio movimento a realidade das estruturas profundas que examina. Para o conseguir ser-lhe-ia necessário mudar de estado, seria preciso que outras máquinas diferentes das habitualmente usadas começassem a funcionar no cérebro, e que o raciocínio binário fosse substituído por uma consciência analógica que revestisse as formas e assimilasse os ritms inconcebíveis dessas estruturas profundas''.


O assunto não lhe escapava.


O Tibet parece ser para a comunidadei nternacional... 

Ora , se li alguma coisa sobre o Tibet?
Tudo, mas o que é público é pouco.
O Tibet não pode ser resumido
com o conhecimento empírico:
Há Jungs, Groffs e poetas demais
advertindo: é necessário incorporar
na prática a meditação e a alquimia.
Os sacerdotes da ciência e da lógica
e seu exército de homens de negócios,
industriais, banqueiros, patrões de carro armado
etc., embora pertençam à realidade
próximo-cotidiana da FRATURA,
resultam-nos mais distantes
da rede interrogativa da galáxia
que o facho de Betelgeuse
ou o ''Identikit'' de Cassandra.
E o receio do choque, o desfile
do Oriente, vestígios do dilúvio,
o céu expulso do colégio,
o deserto abstrato anulado
pelas torres petrolíferas
enquanto os girassóis do quadro
bocejam de tédio, a presença
em atitude de resto de reserva.

KM


domingo, 7 de julho de 2019

Correto



Do prefácio de Jung ao I Ching de Richard Whillelm

''Esses quatro hexagramas são, em seus elementos centrais, coerentes entre si quanto ao tema (recipiente, fosso, poço), e no que se refere ao conteúdo intelectual parecem ser significativos. Se um ser humano desse tais respostas, eu, como psiquiatra, teria de considerá-lo mentalmente sadio, pelo menos, com base no material apresentado.

De fato, eu não teria sido capaz de descobrir nada de delirante, de oligofrênico ou esquizofrênico nas quatro respostas. Diante da extrema antigüidade do I Ching e de sua origem chinesa, não posso considerar anormal sua linguagem arcaica, simbólica e floreada.

Ao contrário, eu teria felicitado essa hipotética pessoa pela amplitude de sua intuição do estado de dúvida que não chegara a expressar. Por outro lado, qualquer pessoa inteligente e versátil pode torcer tudo isso e mostrar como eu projetei os meus conteúdos subjetivos no simbolismo dos hexagramas. Semelhante crítica, ainda que catastrófica do ponto de vista do racionalismo ocidental, não afeta a função do I Ching.

Ao contrário, o sábio chinês me diria sorrindo: "Não percebe quão útil é o I Ching para fazer com que você projete num simbolismo abstruso seus pensamentos, até então não percebidos?''

ZURIQUE, 1949 C. G.JUNG

sábado, 6 de julho de 2019

Exigencias «desenmascaradoras» de la escuela de la sospecha.



Armas que recuerdan las exigencias «desenmascaradoras» de la escuela de la sospecha.

El pasado, tal como nos es transmitido por la escritura -es decir, como pura idealidad, sin contaminaciones y mediaciones espurias con el presente, que se dan siempre en lo hablado-, conquista una paradójica simultaneidad con el presente. Una contemporaneidad que se contradistingue, además, por una fuerte transparencia, por una «evidencia» peculiar del escrito mismo; en resumen, por una voluntad de comunicar, que Gadamer acepta como si no encerrara prácticamente ningún problema: «En todo lo que nos ha llegado bajo la forma de escritura late una voluntad de persistencia, forjada por esa peculiar forma de permanencia que llamamos literatura. En ella no se nos entrega sólo un conjunto de monumentos y de signos. Al contrario, todo lo perteneciente a la literatura goza de una específica contemporaneidad con cualquier presente. Comprender la literatura no significa principalmente remontarse hasta una existencia pasada, sino participar, en el presente, de un contenido de lo expuesto» [xviii].

La voluntad reconstructiva desearía restituir en la interpretación el pasado en cuanto pasado, el origen en toda su integridad, la verdad objetiva de las intenciones del autor de un texto. Por su parte, las consideraciones de Gadamer, aunque dirigidas contra este intento, propenden a definir lo escrito, en cuanto vehículo de la tradición, en los términos de una idealidad abstracta del lenguaje. Al respecto, escribe Gadamer: «En lo escrito, el lenguaje alcanza su verdadera espiritualidad, ya que, ante la tradición escrita, la conciencia que comprende se eleva hasta una posición de plena soberanía. Ya no depende de nada extraño. De esta suerte, la conciencia que lee se encuentra potencialmente en posesión de la historia» [xix].

(.)

Ante este hacerse presente, puede entenderse mejor por qué Derrida se ha decidido a lanzar la hipótesis de una gramatología: la hermenéutica de una tradición que ya no es considerada como conjunto coherente de textos virtualmente simultáneos a nosotros, y transparentes a la lectura, sino como análisis de cesuras, de las discontinuidades, de la falta de transparencia fundamental de una traditio que ha cesado de pertenecernos o que jamás ha sido nuestra. Desde esta perspectiva, los objetos de la interpretación -antes que nada, los textos- no se ofrecen en su «verdadera espiritualidad», sino más bien en un estado de opaca materialidad, como «monumentos» o como «signos»; o como huellas que jamás podrán hacerse presentes, si queremos adoptar la terminología de Derrida. Y la operación hermenéutica no pretende ni reconstruir el pasado, como sucede en la escuela de la sospecha, ni integrarlo en el presente, según el modelo de Gadamer, sino que, al contrario, intenta de-construir una tradición compuesta por huellas y textos que nunca serán plenamente inteligibles.

De hecho, el objetivo fundamental de la deconstrucción consiste, propiamente, en pensar la diferencia, la distancia que separa nuestra interpretación de los objetos a los que sé aplica. La actividad hemenéutica se transforma, a estas alturas, en una pregunta sin respuesta; tiene valor, sobre todo, como ejercicio ontológico, como indicación de la inconmensurablidad del comprender respecto al objeto de la comprensión. «La interrogación -escribe Derrida en un ensayo sobre Lévinas- debe ser conservada. Pero como interrogación. La libertad de la interrogación (doble genitivo) debe ser afirmada y defendida. Permanencia fundamentada, tradición realizada por la interrogación que no deja de ser interrogación»[xxi].

Aquí, la tradición se mantiene sólo como objeto hermenéutico, como unidad temática de la interpretación; pero no ofrece, como sucedía en Gadamer, un criterio positivo de comprensión, una legitimación «histórica» (todo lo debilitada y no transparente que se quiera) del acto interpretativo. En relación a la hermenéutica re-constructiva o integradora, la de-construcción preconizada por Derrida se presenta como la disolución extrema del propósito de comprender auténticamente, de introducirse hasta el núcleo, si no de las cosas, al menos del lenguaje como tradición, depósito, repertorio de palabras-clave filosóficas.

(.)

El efecto más inmediato de la gramatología es, como hemos visto, la crítica respecto al «continuismo» gadameriano. En cierto sentido, Derrida empuña, contra la hermenéutica de la «integración», armas que recuerdan las exigencias «desenmascaradoras» de la escuela de la sospecha.

(.)

Maurizio Ferraris

Traducción de Luis de Santiago, en VATTIMO, G., ROVATTI, P. A. (eds.) El pensamiento débil, Cátedra, Madrid, 2000, pp. 169-191. Edición digital de Derrida en Castellano.

O INCITAR, Segundo o Hexagrama 51 (CHÊN), do I Ching

Perda da percepção. Dinheiro e comando
esfarelando-se em fricções exaustas,
sabendo-se expostos sem nenhum disfarce.
''O choque vem: oh, oh! 
Expressões de riso: ah, ah!''
XIÀO: ''rir, sorrir''. Brutos trapiches
e gosto de derrota na boca,
pelo que a crise incitou nos
jornais: confisões, náusea.
A indecidível condição de espera
em que ela nos atirou. KONG:
''Temeroso, apreensivo'' e ZHI:
''Trazer, causar, resultar em''.
O temor diante de Deus é bom
quando o Trovão começa a se repertir
DEMAIS! A Comoção do auto-exame
recompensa os líderes da humanidade
despertando seus méritos.
Seis na segunda posição significa:
''O choque vem trazendo perigo'' e,
na terceira: ''O choque provoca
PERPLEXIDADE (Su)''. Há indicações
de eletricidade demais no ar, o Céu é
um EXTENSO OUVIDO, que
num raio de cem milhas
torna os homens cautelosos, exatos
nos menores detalhes, mas ainda
incapazes de solidariedade
(a posição é inadequada,
pois há muito que realizar).
O corpo deve mover-se sem egoísmo
e desaprender palavras que o fixam
para ''esclarecer-se'', pois os desejos
tornaram-se trastes débeis
que não o completam mais.
O Sete indica o retorno,
o necessário movimento da percepção
no lugar do Precipício, o trigrama nuclear K´AN.
O protesto das armas vai e vem,
bom e secreto, repelindo todos os artifícios 
com a indecorosa mudez dos fatos.
Caminha-se constantemente em perigo,
mas a ''asiática'' também tem um lado bom,
amigo, de ouvir sem zombar
todas as ''croniquinhas do perigo''.
SHÈ: ''Espírito guardião do país''.
Ninguém para acabar com aquilo,
mas fluindo com firmeza, a partir
da posição central, a Quinta Posição.
O Seis na Quinta Posição governa
um espreitar temeroso ao seu redor.
O receio de deter-se, só para
''preservar-se'', o impele num puro vento,
caindo nas ondas, nas curvas da estrada,
nos atrozes meneios da rima.
Padece-se as consequências severas
deste agreste fervente, RESISTINDO e
CONVERSANDO! A todo momento
a Comoção oscila, mas alguns erros
são de fato evitados. Ninguém 
pode compreender muito bem
porque a Sexta Linha permanece tranquila
(diferença de posição, CLARO!,
Independência que não poupa nada,
nenhuma possível meta, de sua
''conversa-fiada'' de alta precisão).
Nos leningrados comparativos da Musa
o Poeta tece-lhe o prêmio do Espaço,
o SUSTO --- estátua admirada agora
sem nenhum grau comparativo.
Rapidamente, o brinquedo do Poeta
torna-se uma praga bajulatória
indiscreta, que influi até na
''opinião dos banqueiros''.
Assim ele conduz o mundo
verbal das nações
a graus de encantamento
PERIGOSOS, ''contra a História'',
reclamam alguns.
Na porta, o temor dos preços
''indecifrados''
que a concorrência alega ser tenso,
é um mistério implícito
que sempre convoca ao DUELO. 

KM

sexta-feira, 5 de julho de 2019

ULTRA-FÉRTIL EM SUGESTÕES

 Não vão acreditar, nem saberão
sentir a boca tentando dizer
que a sombra do barco no mar
reivindicava a humanidade de seu metal
perante o Comitê de Vigilância e seu
cemitério de proporções comerciais.
Silencioso, casto metal, mas no melhor
estilo de um mau vendedor (dirão).
Agora, tentarão a zanga do protesto
sem alarde, ou, com mãos trêmulas,
oferecerão bebida aos levados à tumba?
Não: pedirão algo para acalmá-los
de verdade, costurando partes da voz
que se afoga no palco escuro, cheia
de artérias comerciais bloqueadas.
Velhacos! Ricos entendendo-se entre si.
Única chance contra aqueles Estados
dar certo: instalar a reivindicação
bem fundo, para que não reparem
quando ali costearmos de novo.
E tomar os nomes um por um.
Já nos disseram os nomes, e
imagino que nenhum deles
agia puritanamente, fazendo mira.
Herdade astral do mar, chegando
por onde se perdeu, no ritmo
do metal confiscado que o vento,
lagarto, soava no assunto alheio.
Sob a noite fria, os nervos do Sol
ainda tiritam, com sua palavra rude.
Surreal reformador do mundo,
ceifando todas as vantagens
com provas espectrais de vigilância,
abaixo do limiar comercial.
Renovação das trocas ou
trocadilhos de renovação?
Aqui, a quimera-ofídia da rota
duvida de todas as idéias largas
com conhecimento de causa: cheirando
perigosamente cada compensação
de quantidade na escuridão,
onde a carne treme, adiando
suas metas sem deixar vestígio...
enquanto uma literatura para cada minuto
acende lâmpadas sobre as aflições,
prolongando certo dilaceramento
alucinado nos poemas sobre negócios.
Todos difíceis, uma imagem da força
mental madura, que se gaba
nas encruzilhadas, estalando seu riso.
E o que sobra sob o riso vibrante
algumas atrizes recolhem
da terra tremida, exclamando:
''Oh Meu Deus(!), Ele confundiu 
TUDO, e restringiu as intenções
mais belas de nossa sensibilidade
com criaturas feitas de letras''.
Para o bem da Arte, certamente.
Deveriam desejar-me mais mal?, e
escapar numa mala cheia de ilusões
rumo à América? Só pretensões.
Sabemos que contra o muro,
estampilha de impostos,
nem sempre foi assim; e que
esses líquenes sobre  o muro
reagem à minhas risadas, 
à distância. Sombra atroz
que ninguém responde,
que trunca, embaraça
todos os desejos e tronos
num plausível cúmulo de
insatisfação intelectual.
Ultra-fértil em sugestões,
é o que faz correr todo entulho
planejado, entre notícias e 
atos governamentais; entre o 
ruído e o caos, o ziguezague
de seus ideais de jornada
fraudulenta, de suas dúvidas
e escolhas engraçadas,
vomitando nos braços públicos.
Corre, sabemos que precisa escolher!,
e escolhe-se, ficando do lado certo,
conversando em fluxo, absorto...
O homem sai, a natureza entra.
Muda, sua palavra é imensa!
O Poeta se afasta, improvisando
restrições humanas que zunem
num rápido roubo, rapto
de luz errante, enervando
todos os termômetros
enquanto o mar golpeia
de todos os lados.
Aqui, não é muito tranquilo
chegar à uma decisão.

KM

segunda-feira, 1 de julho de 2019

POST FESTUM

Não podemos nos contentar com ISSO!
Sem dúvida, não há regresso de nosso
''misticismo'', desse jogo que se resolve
na intimidade agravante do mar, 
sob as nuvens de ameaças dos 
Donos do Dinheiro, esses eruditos do ódio, 
cujas tramas querem ditar leis.
Juntos (está dito) nos destruiremos,
e é importante fazê-lo, o quanto antes,
incluindo o relato apavorado
de nossos últimos otimismos,
dos últimos truques de nossa confiança
(ainda que mínimos).
A BATALHA É NOSSA OUTRA VEZ!,
com todos seus imensos detalhes
vingando-se uns dos outros.
Como no ímã o aço, o IMAN!,
sua antena espectral organizada
pelas armas fantasmas do silêncio.
Vibrando só e lentamente, o olho e
os demais sentidos, vão mais além
da batalha, e a denunciam com outra:
seus conjuntos discursivos, 
suas massas de mercâncias 
domesticadas, suas multidões
de civis abatidos horrendamente
correndo a Internet como ruídos
rabugentos e estertorantes 
na direção do SOL, que rosna
quando eles passam na TV.
Mais à mão, certamente está o
riso do Poeta, assim que acaba tudo:
que nobre silêncio de morte emergindo
das entranhas retorcidas do Poeta!
Hiperbórea salga paralisada das horas,
num cálido ofertório de despudor.
Sentir... tremer... e, ó carne hilariante, 
afundar, afundar no riso da semente,
enquanto o Vazio tenebroso tateia
o bruma total dos sentidos extintos.
Salve!, ó homens que não sabem morrer,
o Mal agora brinca sua festa
de condescender, invencível canto
de crepúsculo humanitário,
estimulando e congelando o riso.

A Demonologia da Justiça é
a mais antiga, entre todas as ontologias 
reacionárias, e tenho a impressão de que
minha crítica da Economia Política,
baseada nela, e exacerbando-se
até solitários horizontes transcen-dentais,
destruirá o presente estado de coisas.
Formidável introdução a uma nova prática!

KM

domingo, 30 de junho de 2019

TRANSCODIFICAÇÃO

Apenas a TRANSCODIFICAÇÃO nos liberta da sentença de prisão perpétua no comentário e sua biliosidade desesperadoramente repetitiva, e desse modo surge a exigência de invenção de habilidades completamente novas para lidar com essa ''libertação'' (no sentido forte do interpretante de Peirce). O fato de que ''efeitos ideológicos imprevistos'' podem se derivar desse novo mecanismo é algo, por sinal, bastante previsível, levando-se em conta a identificação popular pós-moderna entre Mercado e Mídia. O mais divertido é que as novas miragens ideológicas são produzidas a despeito do aparato corrente, em vez de graças a ele. A reificação do fato, , para não falar em sua transformação em ''mercadoria'' (veja sua judicialização financista na proibição de ''clippings'' dos jornais impressos), nos proporciona um outro código para caracterizar o destino pessoal ou sorte do discurso teórico, quando ele se vê transformado na filosofia pessoal ou sistema de alguém na guerra discursiva incessante que, no fim das contas, acaba perpetuando positivamente o direito de todos os envolvidos.

K.M.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

GLÓRIA!

De hecho, de la forma más universal, aisladamente o en grupo los hombres se encuentran constantemente comprometidos en procesos de gasto. La variación de las formas no entraña alteración alguna de los caracteres fundamentales de estos procesos cuyo principio es la pérdida. Una cierta excitación, cuya intensidad se mantiene en el curso de las alternativas en un estiaje sensiblemente constante, anima las colectividades y las personas. En su forma acentuada, los estados de excitación, que son asimilables a estados tóxicos, pueden ser definidos como impulsiones ilógicas e irresistibles al rechazo de bienes materiales o morales, que habría sido posible utilizar racionalmente (según el principio de la contabilidad). A las pérdidas así realizadas se encuentra unida -tanto en el caso de la “muchacha perdida” como en el del gasto militar- la creación de valores improductivos, de los cuales el más absurdo y al mismo tiempo el que provoca más avidez es la gloria. Junto con la degradación, la gloria, bajo formas siniestras o deslumbrantes, no ha dejado de dominar la existencia social y hace imposible emprender nada sin ella, a pesar de que está condicionada por la práctica ciega de la pérdida personal o social.

LA NOCIÓN DE GASTO
Georges Bataille

Sem título

Não colocar a questão sexual
no microondas da sua avó, e
entrar no banho, sonhando
os medos que te excretam
cortêsmente, em público.
KM

GENEALOGIAS

Antes de mim outros poetas,
depois de mim, outros e outros.
E não bastava ser poeta?, que
a Poesia acontecesse, deixando
atrás cidades vencidas, resistindo
inutilmente? Esporas de pensamento
abrasando em cada bota do poema,
suando sangue no escuro cambiante.
E terçã na rede, enquanto o pós-futuro
obstrui a resignação da bússola, bem
fundo, em subterrâneos condutos.
Mas deixa de tanto sarcasmo!, isso
não calará o prazer dos desanimados
--- negociar-se-á em voz baixa, um
novo governo para os retirados.
Abriremos a janela decisiva que,
mansa, espera pela morte insolente;
demoliremos a memória do mérito,
dos desafios, da claridade e do caos,
e deixaremos uma mínima coragem
com que recomeçar a marcha, até
os cafundós da moral elástica ---
a meada toda de tétrica conjura.
É preciso, ah! é preciso urgentemente
a presunção do número, do desplante
que o olho da Eternidade apodrece
com a vaidade do golpe. De quadros
roubados tudo nasce, mas todos
esquecem: o poeta é maldito, anda!
Cais do Porto: Recife finalmente!
Acabaram-se os nomes ilustres
e as raízes, e os livros fundadores,
indiferentes, estocaram seu cotidiano
numa tenebrosa, atômica semente.
Ao adentrá-la de novo, corajosamente,
o Poeta, réstia tântrica de nada,
muda de nascença, e acende a Luz
das asas sujas de Lúcifer, lá fora,
na catástrofe da Noite Eloquente.

KM