domingo, 14 de abril de 2019

CADEIRA DO DRAGÃO

Futebol, nos extremos da
anti-mercadoria (ponto crítico
da pressão arterial), em luta
contra o silêncio da decisão.
Os ritmos de Deus debatendo
sobre tantos limites. A Vontade
jogando na ponta esquerda,
carta escondida escutando
o resto do baralho com atenção.
O sono já liberto, apressado
e louco de insônia, aproximando-se
da meta, em perfeita esquadra.
À revelia de teu nome, os livros
atravessam tua sombra povoada,
e dominam todo sentimentalismo.
O ar torna-se uma morte excitada,
assistida até o fim, os dentes expostos
à toda a precisão da História.
Amarrado à ''Cadeira do Dragão'',
espera-se o ataque, à míngua
de visões antecipadas: com elegância,
pula-se as órbitas contrariadas,
dispensando a contagem de abatidos.
Dispensa-se também a preocupação,
pacientemente, e a força do corpo
adormecido, tudo em favor de um
gigantesco instante único
que a tudo enjaulará consigo
até o apito final do árbitro.

K.M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário