sexta-feira, 5 de abril de 2019

RETROCEDENDO COM MODÉSTIA , Segundo o Hexagrama 15 (CH´IEN), do I Ching


As palavras do poeta reúnem, magicamente,
todo o disperso no minuto sem tempo,
retirando da modéstia toda a necessidade
da própria modéstia, o que a torna confortável.
Interessado, o artista se aproxima com seus produtos. 
Afina os baixos de sua virtude com desapego,
assim, sua influência se manifesta originariamente,
como instigação patenteada, livre para induzir.
Alguma água parada sobrevive à própria esperança,
até mesmo retirando dela seu sustento
e reclamando contato com a Fonte, mas
o Hexagrama é formado por KÊN (Quietude)
e K´UN (A Montanha). Bênçãos do Céu
e Nuvens de Tempestade: cume da Montanha.
Enquanto os beliches da Terra
misturam seus lençóis, a Montanha
sonha com sua jornada de Tartaruga
e seus renováveis escombros,
num plasma de microsonares
ligados no máximo, afinando o Carbono da Noite.
Isso indica que alguns efeitos costumeiros
retrocederão, abatendo os ânimos da audiência
numa provisória transfusão de detritos.
K´UN, a Terra, julga modestamente
o que recruta com recursos próprios.
Enquanto isso, KÊN desafia o Cèu
com o Vazio Pleno, método que
invade e controla os números da História,
sob crescente oposição do mundo.
KÊN (A Quietude) ultrapassa o mundo
com facilidade, esbanjando concentração.
E o que está cheio de si irrita os homens,
porque atrái mais atenção, e promete mais
nomeações de coisas impossíveis.
Mas os homens preferem o que é modesto
à enfrentar o medo de dividir aquilo
que ignoram possuir com certeza.
Uma indecisa pretensão vampiriza
o ar da cidade, anunciando o Silêncio.
A chegada do Silêncio desafia a convivência.
A vocação do puro deserto é sombria, 
eletrizante, e soa como lei desconhecida
e Inferno para os espíritos simples,
que vivem de estável ração diária
para alimentar sua preciosa busca.
Assim a medida de conduta expõe a Quietude
à sua posição de influência, LONGE,
num alheamento incontestável da LUZ.
Conteúdo-continente, Montanha a 
pervagar ante vossos olhos;
a Montanha que aponta, embaixo, 
o vale, e ilhotass rodeadas, 
povoações que aglomeram,
platitudes, formas e cheiros,
ruídos,cidades, desprojetos empilhados,
poleiros e bichos, desejos sem asas
e lugares de vícios proprietários
(reflexos vermelhos de ferro em brasa) ;
cobiça, ganância, fel ---- monturos dormentes 
acodem, abeiram o fim da Montanha. 
Desmareio n ´águas longe!
Montanha-alusiva do caos controlado.
Referente Olho da Montanha, e sua
pontaria de contador de histórias:
seus musgos de agarrar alucinado
através da Voz, da presença forte
do riso, do esforço (não me censure),
obra todo o tempo (façanha do ar)
e especulo, marítimo-montanheiro,
sobre os cimos DAQUI. A tentação 
que remete pro alto, incontornável.
Sinais que bem sei  de marchas,
atos e questões, e meu verso a granel. 
Momento eterno assim, fixado insone. 
Cultivando pensamentos e obras
meu poema sonha meu verso radiativo.
A Montanha diminui o que é demasiado
e aumenta o pulso da checagem ----
riquezas impronunciáveis são contabilizadas;
ofende-se o debate público, poetizando-o. 
Ainda assim, altura e profundidade 
se complementam nas representações modestas.
Há qualquer coisa convencionada nisso.
Aqui, qualquer esforço de humildade
exige um Congresso de surtos,
extremas-unções, confidências e
travessias de Fortunas oscilantes,
insolventes, difíceis e sem
soluções fáceis e rápidas.
Onde não se levantam pretensões demais,
não surgem muitas resistências.
Perseverança no silêncio informe da imagem.
Há poder no silêncio das imagens,
mérito de conclusão do olho.
Mergulhos no escuro e
quatro horas de meditação por dia
surfando num sangue bem bombeado
tornam esse Hexagrama um segredo para os leigos.
Seis na quarta posição significa: ''NADA
que não seja favorável, pára a modéstia
desse movimento de medição própria das coisas''.
Mas se a conduta modesta for exagerada,
será desmascarada como DÚVIDA e INDECISÃO.
Funcionários que não desejam se sobressair
se escondem sob os aspectos literais das ordens,
e ostentam falsos títulos, propensões injustificadas.
O perigo da iniquidade chameja sargaços
e inaugura ameaças, vistas se aproximando
 com binóculos. O Céu, por sua vez,
toma providências puramente objetivas,
mandando suas ondas engolirem toda farsa.
MÁGOAS. O ACENTO PARTICULAR!
YÙ: passar por alto, transgredir.
PÍNG: dar realidade à algo, e tomá-lo a sério
com MODÉSTIA. O avanço da velhacaria
se disfarça em espáduas de moças novas;
aparecem foliões desinformados
e fêmeas de topless letradas
reclamando solenidade no Clube.
KÊ: modo potencial, o sermão do Poeta
torna-se chato, e completa certa impressão
de excesso. Mas nada muda sua litania:
A alavanca e o ponto de apoio, com
informação de ''Arquimedes''.
O Hexagrama nuclear é H40,
Liberando Tensões. Capacidade de
liberar energia de certos centros.
Por trás de uma atitude enxotada
aparece o palco da prepotência consciente.
COM CUIDADO, agora
COMEÇA-SE A NÃO FINGIR
com MODÉSTIA VISÍVEL (dirão).
Esperar que digam... e alertar:
''Não é exatamente a pastagem
quem CRIA O GADO''.
Nenhuma aderência burra
à leis intelectuais de primeiras páginas.
Pelo contrário! Através do
trabalho desapegado, defender
cada ação obstruída
no mundo secreto dos desvelamentos,
das vontades, dos gestos engendrados
em cada saída de emergência desse Poema.
Modéstia que soa como coragem
contra si mesmo, sem fuga de reparos.

K.M.







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