sábado, 30 de março de 2019

O ESPECTRO

---- Ele consegue manter todas as minhas loucuras como reféns (.) --- Carmen disse para joana, que nos recebeu na entrada da livraria. Olhos fulgurantes de cafezinhos sob a lâmpada azul em curto, no estande, que agora procuravam meu rosto na sombra. Eu ria baixo, um riso de Bolsa de Valores em conluio contra a humanidade. Elas seguiam conversando entre si , sem resposta. ---- Meu mundo permanece fantasmagórico até que sua substância lhe dê corpo, como um sublime fixador. Sem K, nos últimos anos, projetos profissionais, namoros, viagens, etc, me pareciam tão frustrantes quanto alguém que, despencado de uma janela, ao passar pelas janelas dos quartos abaixo, desejasse se tornar íntimo de seus ocupantes (.) --- concluiu Carmen. ---- Comigo era diferente (disse Joana) Quando éramos casados, até as frutas na geladeira pareciam estar amaldiçoadas, enquanto ele meditava no quarto escuro. Sozinha no outro quarto, sentia seu fantasma como um fermento de linhas anatômicas desconhecidas, de mulheres imaginárias tentando se encaixar no meu corpo, numa extensão vigiada e sobrecarregada do ar. ''O que você vê quando olha pra mim?'', perguntei para ele um dia. Ele sorriu e disse: ''Pescoço, mãos, cabelos soltos caídos sobre o rosto, cobrindo a boca, grudado no queixo ou na garganta, numa imóvel solidão''. Ainda sorria ironicamente, ouvindo os ruídos que vinham do apartamento de cima... RUÍDOS DE SALTOS ALTOS! --- ela disse. Carmen sorria com ela, quando dei um passo sincopado para frente. Uma funcionária da livraria, silenciosamente, concertou a lâmpada e entreabriu o estande de lançamentos, nos fazendo um aceno. Rangemos para sair dali, com copos de cerveja na mão. Joana retardou ao máximo nossa partida, com aquele assunto: --- (...) Estalos, gorgolejos, ruídos de cozinha, a voz acumulada de vários movimentos simultâneos, uma panela sendo colocada no fogão, alguém puxando a descarga, vidro esbarrando em vidro, passos sobre o linóleo, enfim, os sons que embalam qualquer apartamento de classe-média, mas reunidos num todo mapeado em tempo integral em sua mente. Eu tinha certeza que o fantasma dele conhecia todos aqueles lares como a palma da mão, e muitos outros longe dali... foi quando comecei a me incomodar com aquelas práticas noturnas dele, que no começo eu pensava serem apenas yoga. 'Se o universo não fosse movido por um mecanismo muito simples (ele disse um dia) acabaria se desconjuntando''. Isso foi antes de começar com os assuntos militares. Em outra oportunidade, perguntei-lhe, à queima-roupa, sobre a Sabrina... então, de um minuto para o outro, meus pensamentos começaram a se dissolver, fiquei tonta, à medida que o coração dele acelerava assustadoramente, a ponto de ser visível. Tudo isso em silêncio, até que -----, nessa parte, tive que interrompê-la e puxá-la pelo braço, levando em conta o risco pessoal na avaliação ética de sua ''versão dos fatos''. Minha resolução, naquele momento, expressava a tenacidade do meu caráter, e o remorso por aquela sutil ''infidelidade proto-conjugal'', na qual levava minha ''proto-esposa'' a não ser a única, ali, em condições de apresentar meu ser e meus pensamentos. Carmen tinha uma pronúncia tão doce que, ouvindo Joana, era impossível não desejar substituir uma pela outra. Sob as tiranias discursivas de Joana, emergia em mim certa debilidade de raciocínio, típica de um pirata que prefere atear fogo ao paiol que entregar o navio... Além do mais, era eu o autor do livro a ser lançado ali, e cabia a mim agora personificar o zelo por aquele prodígio. Combatendo as formas sub-reptícias de expressionismo que surdiam a todo instante na televisão moderna, minha obra agora atingia uma espécie de estado de rarefação: ---- Pois o INDEFINIDO (eu dizia a um grupo de velhinhos que entrara por engano na livraria e se aproximara do estande de vendas em busca de informação) é uma PRENSA que se esmaga a si mesma até fazer sair de seu próprio sangue todos os monstros do INFINITO, não como estados, mas como seres reais (.) ----, assim , eu começara a aspirar ao céu da ''aderência noturna'', naquela livraria, à medida que ela foi se enchendo de gente desconhecida. A aderência noturna, que colocava a meditação no lugar da droga, era o Cachorro de Três Cabeças, a jóia da panacéia universal. E de fato, havia naquele novo livro uma delicada segurança na escolha do material filtrado com minúcia. Havia incorporado nele inclusive elementos inorgânicos. Linhas sorridentes e linhas graves, perigosas, como dizia Jean Arp, a respeito de suas esculturas. Linhas de insubmissão total à esquemas teóricos rígidos e aspirações humanas ditas '' éticas e saudáveis'', e daí seu nome, ''KUNDATIGUADOR'', no qual eu vampirizava mais uma vez as Flores do Mal, de Charles Baudelaire, em busca de um significado político para a questão espiritual. Carmen esticou toda sua orelha adolescente, quando me ouviu citar o vate: ---- Baudelaire foi enrugando ao longo do tempo, mas conservou uma estranha juventude. Já cada verso de Mallarmé, desde o nascimento, é uma bela ruga fina, estudiosa, nobre, profunda. No mundo das pequenas guerras cotidianas da vida atual, da vida social e política, meu livro os acrescenta aos Onze de Cranly, verdadeiros homens de Wicklow, para libertar a Terra de suas críticas hipócritas e heresias esotéricas; e tbm contra toda essa fragmentação virtual da guerra que, somadas, constituem a GUERRA TOTAL. Por meio do poder plástico de captação das forças do MAL, procuro apresentar à leitora a luta interminável de libertação do homem de seu Carma tenebroso, de seu pé frio, de suas tendências massificantes para a falsificação e o rebaixamento do espírito, que tanta dor e tribulação lhe acarreta, errando uma obra que é, em sua essência, a obra de um grande civilizador. Esse livro, senhoras e senhores, trata antes de tudo da USURA no organismo dos governos, desde o nascimento da civilização ocidental na Grécia, até o presente, e do efeito destrutivo da lógica financista nos Estados Unidos e na China (.) ----, falando assim, eu sentia o fato político surgir sob meus pés (um estrangeiro na minha própria pátria, conversando com um espelho habitado por desconhecidos). Era-me difícil saber o que Carmen conversava ao meu lado, enquanto Joana enchia meu copo com alguma coisa vermelha. Diamante talhado visando um arrombamento de carne morta, meus olhos serviam apenas para cortar o vidro do espelho, transformando-o numa vitrine. ---- Nada mais triste que o diário de Jules Renard, nada demonstra melhor o horror das Letras. Ele deve ter pensado consigo mesmo: ''todos são tão baixos, reles, arrivistas. Ninguém ousa confessar. EU VOU CONFESSAR ISSO E SEREI O ÚNICO!'' ---- Carmen disse, inopinadamente, resultando num incômodo considerável à nossa volta. Eu ria. ---- Sinto que você, K (continuou ela) precisaria mais do que isso para compor seu Hamlet. Precisaria ainda criar uma figura que o mundo colocaria ao lado de Hamlet (.) ----, então, um velho ao lado dela disse: --- Temos aqui um novo Shakespeare? ---- , mas antes que aquilo se transformasse numa conversa, eu observei: ---- A gente larga esse breviário de homem de letras, de arrivista íntegro, depois mal sabe o que fazer. A arte serve apenas para nos revelar idéias novas, algo que as outras disciplinas não conseguem, nem a ciência. E é só isso, essências espirituais informes, cuja profundidade incômoda nos arranca, a contra-gosto, da Matrix (.) -----, mas minha voz, naquele momento , soava como o esboço de um centro estável e calmante, estabilizador, convincente, no seio do caos. E acontecia do meu pensamento correr ao mesmo tempo que se materializava na voz; então, ela tbm acelerava ou diminuía o passo, tornava-se um atalho entre um e outro fragmento de conversa, através do qual a audiência fugia para algo mais elevado que o entorno. Saltava do caos para um começo de ordem no caos, e arriscando perder-me, sempre encontrava o fio de Ariadne que os outros haviam perdido. Fio de linhas entrelaçadas: linhas motoras, gestuais e sonoras, que marcavam o percurso da clarividência, enxertando-se ou pondo-se a germinar ''linhas de errância'' órficas, com volteios, nós, velocidades, movimentos, gestos e sonoridades diferentes a cada intervalo. ---- Sou aquilo que está diante de mim. Minha identidade pública tornou-se o SPEAKER N 1, o personagem que fala na televisão, dos quais os âncoras e repórteres são apenas pálidas marionetes submetidas, descartáveis e sem graça (.) ----, como Bakthin, diria que meu ritornelo era complexo, naquele momento. Complexo no sentido de : não convincente de imediato, não apoiado em elementos de forma, de matérias, de notícias, de significação ordinária, mas no destaque de um leitmotiv existencial se instaurando como ''atrator'' no seio do caos sensível e significacional da televisão.Havia uma enorme dentro daquela livraria, e Joana acabara de liga-la no noticiário. ----- Paso cadenzato! Ora de mettersi in marcia; raggiunsero il rrifugio dopo una marcia di tre ore (.) ----, eu disse, e todos olharam para a tela. ENTR'ÁCTE SEMPRE DRITTO. ''Um quadro de K., transformado em notícia pela tv, era a voz de K (eu pensava); a audiência subia na hora ! Fundada na oposição dos recortes e linhas mestras que vão seguindo em zigue-zague, dentro da confusão editorial dos apresentadores; linhas emigrantes em sentido horizontal, esquema inspirado talvez no vôo dos pássaros. As cores conquistadas com esses movimentos miméticos do jornal ganhavam força, à medida que se resignavam à autoridade espiritual omnipresente do K. único e manifestavam os contrastes complementares da LUZ; cores que se ajustavam à uma semântica livre e magnética. O texto de K. acavalava-se na notícia, e na expressão ansiosa e insegura da apresentadora, tudo se interpenetrava, quase chegando a anular-se nos maus momentos de nervosismo, quando o excesso de força da minha personalidade forçava uma ruptura de todos os limites, e a pessoa na bancado do jornal sucumbia à catástrofe dos próprios nervos, erigindo imediatamente aqueles pequenos significados obscuros, tão temidos pela mídia americana, em autêntica doutrina de poder. E vivíamos numa época em que eu já não me prestava ao trabalho de seguir ''aquilo'', tamanha era a dominação do meu espectro no meio jornalístico mundial. Deixava a outros, menores, aprendizes, corruptelas insatisfatórias, explorarem o labirinto daquele NADA SEM ATRATIVOS. Quando o grande artista decidia planificar o Desconhecido , o Indeterminado, o Invisível, tornando-o acessível à pessoas comuns, instalava-se o drama subjacente, e até mesmo os elementos negativos de minhas composições serviam ao desígnio de reconciliar densidade e fluidez. Sem mim, a decadência do mecanismo era flagrante. Claro, gestos retóricos, estúpidos e demagógicos, frequentemente ameaçavam a pureza inicial daquela simbiose; K. , o pintor, finamente arrabiatto aplicava seu termômetro àqueles quadros, sempre que se colocava diante da tela: imediatamente, a temperatura do noticiário oscilava, a Bolsa de Valores subia ou descia, coisas estranhas aconteciam no meio da rua, nos sets de reportagem ao vivo, nos centros de decisão política e econômica do mundo ---- uma espécie de hospício era acionado em tempo real assim que meus olhos pousavam na tela da TV. Uma gama serial de signos insuspeitados, súbito, ficava inteiramente à mostra. Com um movimento mínimo dos olhos, pois, eu os cambiava à vontade, e de acordo com meu humor , reduzia a realidade à um joguete ridículo ou aumentava-a tanto que, de um momento para o outro, todos os telespectadores sentiam que estavam presenciando o Dia do Juízo. Para eludir toda possibilidade de uma agressão figurativa, minha linguagem telepática inventava divindades momentâneas, que eu descartava depois, parodiando os maiores tipos humanos da História. Inflava egos desmesuradamente e logo depois os estourava com uma simples picada de alfinete. Formava retículas, desdobrava linhas preguiçosas, enguiçadas, nos cérebros dos âncoras e repórteres, e instalava urgências nada ortodoxas, que por vontade própria prefeririam seguir uma linha sonolenta, com endereço pré-definido no marasmo. A linha (eu pensava) está entre as pontas, não cerca um contorno, como no mal jornalismo americano. Por isso, eu não pintava a realidade, ou as coisas, mas ''entre elas''. Quando minha mão disparava seus pincéis mentais, até os próprios ritmos ambíguos da realidade cooperavam para restabelecer uma dimensão estilística superior. Nascido temporariamente da idéia fragmentada, e da pronta organização do acaso, qualquer jornal que eu assistisse tornava-se obra exclusivamente minha, ajustadas então ao poder da consciência e do signo. RETORNO ENTÃO AO ESTANDE DE LIVROS. Cansado daquelas criações minhas que empilhei ali para velar meu verdadeiro rastro. Mas como a perda se tornou meu maior ganho, passo para a Eternidade como uma persona (máscara) não diminuída ou sequer quantificável, dada a ausência de termos comparativos. Eu o fantasma, o espectro, uma sombra agora... o vento junto aos rochedos de Elsinore, a voz do mar. Meu rosto tornara-se irreverente, avançando jovial na policromia do ambiente em direção ao sorriso bêbado de Joana. Houve um momento bem legal, em que fiquei olhando para ela com uma expressão de fascínio absoluto, e seu rosto se encheu de simpáticas recordações, detectando em mim alguma sensação residual do passado: --- Continue (ela disse) adoro ouvir voce falando de si mesmo como um vertebrado gasoso. Existe alguma maneira de se mergulhar no Espectro? Hamlet ou Macbeth, com um fraco por assado de bruxa. A invencível armadilha do Espectro é sua chacota em Trabalho de Amor Perdido. Seus quadros, realmente, quadros vivos, navegam ventrudos, prenhes numa interminável maré de entusiasmo espectral. Estamos nos saindo bem com isso: Seu Espectro parece saber que somos fisicamente indivíduos, e nos poupa do congelamento geral, inorgânico (.) ----, enquanto Joana falava, Carmen ria. Carmen, a fidelidade orgânica. Fiel a um tipo: o Buddha e sua noiva, umidade de LUZ, nascido de alma infusa, no plano búdico. Não dei de ombros: ---- Definições apunhalantes. Correntes de tendência, ver onde vai dar... através de espaços menores que os glóbulos vermelhos do sangue humano, todos rastejam rente às nádegas de William Blake, para a Eternidade da qual esta realidade é apenas uma sombra (.) ---, eu disse. Em todo caso, mesmo se não existisse a atração romanesca desse conhecimento de uma riqueza bem maior de planos desvelados um após o outro, ainda assim, debaixo dos ''soportales'' agrupar-se-ia, como micróbios, minha audiência na audiência do jornal, para realizarmos, segundo Ortega y Gasset: ''La operación en que maior delícia encuentra nuestro pueblo y en que emplea maior energía: HABLAR!'' --- Um dia (Carmen disse) ainda havemos de utilizar sem perigo as substâncias que nos acalmam, um dadaísmo tóxico, evitando o vício e rindo do lobisomem da droga. Então, isso será considerado (legalmente) ocupar-se de algo além da vida e da morte () ----, a paciência da papoula, relendo, minutos depois, aquele maravilhoso poema em prosa de Mallarmé ---- Aquele sobre Hamlet (insisti com Carmen ) ele diz: ''Il se prómene, lisant au livre de luimême''. NÃO SABE, LENDO O LIVRO DE SI MESMO. Hamlet sendo levado numa província francesa, um carrasco da alma como o chama Robert Greene... então, você dirá novamente: ''eles vão continuar insistindo que seu Hamlet é apenas mais uma história de fantasmas'' (.) ----, era por isso, pensei, que mais uma vez, ditas tais coisas, sentimos grande alívio por não sermos compreendidos, e passamos a olhar tudo dentro de uma esfera cada vez mais rara, e mais cara, e mais restrita, que ultrapassa de longe nossos anseios por ''entendimento e cooperação''. E olha que Carmen nada sabia de Rilke. Nada sabia de nada, a garotinha esperta. ---- Quando tudo se passa naturalmente com você, as coisas são ainda mais estranhas(.) ---- , ela disse pra mim. O processo de sofisticação telepática demorou um pouco, mas agora já estava implantado ali. Eu era realmente um fantasma, privilégio de visões e audições superiores, apartadas do vulgo, que podiam ser compartilhadas com o mundo ou não. ---- E o que é um fantasma? --- me perguntou ela, lendo meus pensamentos. ---- Vibrante energia inorgânica, ubiquidade; mas, afinal, alguém que gradualmente desapareceu em impalpabilidade gasosa através da morte iniciática, da ausência e da mudança de hábitos, para ganhar o prêmio mais alto da condição humana, que não direi o que é. Meditando sobre os golpes da história, a cultura travestida através dos séculos, a própria metamorfose do espaço. A ''normalidade'', sob a luz do delírio, a lógica tecnicista, usurária, um ''pas de deux'' em direção ao caos, para tentar circunscrever uma subjetividade longe dos equilíbrios dominantes, que mortificam o sistema nervoso, para captar suas linhas virtuais de singularidade, de emergência em outros planos e constante renovação. No mínimo, fantasma originário de uma modernidade incessante, posta em questão e sem esperança de remissão: A loucura cercada em sua estranheza, estigmatizada para sempre em uma alteridade, não deixa de habitar nossa apreensão comum, sem qualidade, do mundo. Mas seria necessário ir ainda mais longe: a vertigem caótica, que encontra uma de suas expressões privilegiadas na loucura, é constitutiva da intencionalidade fundadora da relação sujeito-objeto; logo, integra sua capacidade de metamorfose, de dicotomia terrestre-transcendente. ----, concluí. Meu Deus, como a gente é vulnerável à irritação dos outros, ao acordar desses sonhos em que a MORTE É A APOTEOSE. Mesmo o público mais atento à mim, na fila de autógrafos, cochichava nervosamente naquele momento, procurando formas e cores com as quais se defender da COISA. Assim, ainda conversando com Carmen, eu perdia trechos indispensáveis de nosso diálogo. Cor local: trabalhando com tudo quanto sabia, tornava-me cúmplice dela por telepatia, afetando os preceitos orgulhosamente humildes de um esnobismo evangélico. Composição do lugar: Shakespeare, que estudou Hamlet em todos os seus anos de vida que não foram de vaidade, a fim de representar o papel de Espectro. ---- Você está aí, K (?) -- ela perguntou de repente --- Ó, sim... eu tbm devo falar a grande língua antiga, com essa gente: ''Com essas luvas atravessareis os espelhos como água'', recitei , e de repente veio um estrondo terrível do fundo da livraria. do grande espelho ao lado do estande principal só restou a moldura. O espelho, pulverizado, se espalhou totalmente no chão, enquanto uma mulher desconhecida enxugava o sangue de um dos braços.

K.M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário