domingo, 19 de maio de 2019

Ars Dictaminis 3

Os sacerdotes da Nova Era querem mostrar-se dominantes à escória intelectual q lhes rende atenção, isto é, querem mostrar q castigam ou recompensam segundo o grau de obediência que lhes devotam. Posta em lugar dessa lastimável mentira, a realidade significa: certa espécie de pessoa parasita, que não prospera senão às expensas de todas as formações sãs da vida, como o Tantra e o vitalismo filosófico --- o sacerdote abusa do nome de Deus. Chama de Reino de Deus a um estado de coisas no qual ele é o único capacitado a fixar regras e conferir valores . Com cinismo glacial, mede os povos, as épocas, os indivíduos, conforme se mostram úteis ou resistentes à sua preponderância pessoal. Inevitavelmente, tende ele a recolher-se à sua alcova de falsificações e calúnias quando suas ligações com o conteúdo do qual pretende assenhorar-se são cortadas. Isso denuncia o descaso com que aprecia a inteligência humana e suas expressões mais altas, como a arte e a teoria política, o medo que estas lhe inspiram, a ameaça que representam à preponderância de suas ''idéias''. Pois um homem inteligente não é aquele que pode simplesmente ''raciocinar com correção'' (diga-se: com o auxílio das muletas do status quo, da mídia e do púlpito) , mas aquele cuja mente está aberta à percepção dos conteúdos objetivos, que está apta à receber o impacto de suas estruturas essenciais e transforma-las em linguagem de alto nível, única forma de acabar com a servidão e a colonização intelectual; e isso se aplica tmbém à natureza do pensamento como tal e de seu conteúdo objetivo. A neutralização sacerdotal e midiática da razão, que a despoja de qualquer relação com o conteúdo objetivo e de seu poder de julgar este último ''com brio'' (para usar a expressão infeliz de um recalcado) , e que a reduz ao papel de uma agência executiva mais preocupada com o COMO do que com o PORQUÊ, transforma-a cada vez mais num simples mecanismo enfadonho de registro de fatos. Assim, a razão subjetiva destes tais perde toda sua espontaneidade, produtividade e poder para descobrir e afirmar novas espécies de conteúdo --- perde a própria subjetividade. Como uma lâmina de barbear frequentemente afiada, esse ''instrumento'' se torna demasiado tênue e no fim lastimavelmente inadequado até mesmo para dominar as tarefas formalísticas ao qual é ''limitado''.

K.M.

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