quarta-feira, 22 de maio de 2019

Ars Dictaminis 6

Conseguirão hoje os Democratas, finalmente, converter sua cegueira ordinária no domínio dos fatos numa espécie de sabedoria sub-liminar, ou a inflamarão até o ponto da cegueira histérica? Fala-se a todo momento dos ''fatos'' --- ainda que o alvo dos questionamentos tenha se deslocado em definitivo da materialidade para a formalidade do processo, esvaziando a demanda política de todo seu conteúdo --- e, no entanto, segue-se procedendo por instinto de cão farejador... No mundo de tais representações (já ficou claro para o público), nada existe que toque sequer remotamente a realidade. Então, passam a concentrar todas as forças de oposição em vícios processuais fictícios, por se tratar de uma mentira ''mais fácil'', inclusive de ser ''produzida'' como prova, praticamente (pode-se dizer) ''elaboradas'' pela duvidosa morosidade do procurador. Nesse ódio instintivo contra a realidade dos fatos, que se viu crescendo como uma onda de dois anos para cá, sobressai como último bastião democrata o elemento impulsivo da ganância político-eleitoral, girando no vácuo ad nauseam, considerando sempre de longe cada uma de suas miragens pueris e sem substâncias como sensíveis doenças de pele que infectam a ordem constitucional e o tato do governo para discriminar a própria conduta. Cabe-nos agora perguntar se terão competência técnica suficiente para converter essa religião momentânea da mentira, até aqui motivada apenas por erros de cálculo, numa cartilha realmente inventiva de maldades no domínio destes mesmos erros, capaz de pôr em perigo e envenenar decisivamente a classe política como um todo e seu eleitorado. Não chega a ser um espetáculo digno dos deuses, pois o pensamento desatado da realidade e vacinado contra o pensar político honesto , ao ganhar a mídia transforma-se numa figuração constantemente desprovida de figura e acanhada na voz de ventríloquos miseravelmente diminutos do lobby e da anfibologia midiática de plantão, dispensando a atenção de qualquer olhar superior, divino. Não é à toa que tantos avatares deste comédia co mais de dois anos de idade se assemelham mais à anúncios de fast-food, estereótipos jornalísticos hollywoodianos e figuras de brinquedo falantes, do que com dignos representantes do povo empenhados numa cruzada. Neles, a apresentação sempre obscurece aquilo que é apresentado, por não poder ser dissociada da falsidade deste, de sua subsunção cega e anti-conceitual. Em algumas destas mulherzinhas, tal anseio acirrou-se tanto que já se sedimentou em necessidade libidinosa, e em todos os canais é multiplicado pelo fétido esperma da cultura de massas. E porque sucede isto assim? Porque nelas tudo deve ser, sob os holofotes, ''necessário'', deve ter um sentido forte de suspeita, uma razão de Estado que, no fundo, não passa de vaidade e sentido de rejeição inflamado. Então, se abre o abismo do ressentimento, exigindo vingança como recompensa, com um forte sabor de ''juízo'' e ''momento histórico''. O objeto de todo esse chilique, no entanto, não se torna menos falsificado pelo trabalho de tradução absolutamente suíno da mídia: não menos do que uma guerra religiosa, ao tentarem deduzi-la a partir das necessidades eróticas aberrantes de uma rainha destronada.

K.M.

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