domingo, 23 de junho de 2019

JARDIM SONÂMBULO

Essa ternura suspeita
oculta na brincadeira,
essas palavras flagrantes
que eu ocultava na boca,
cuidavam de gelar meu sorriso.
Era um pedaço de Nirvana
cheio de choques de entendimento
que logo se confundia no tédio,
camuflando seus frios e seus fogos
ao substituir-se por um conto ingênuo.
Na névoa, algo anunciava o
afastamento do roteiro geral e,
então, Oh conto ingênuo(!)
conto auto-biográfico(!),
como isso era vulgar
entre as pouquíssimas coisas da minha vida.
Equacional e altivo, eu me ria.
Nada mais. Ah, mas recordo que
contra todos aqueles danos
ainda sim escrevi o livro: empós da amada,
e não amei uma só, mas cinco ou seis.
Ao olhar agitado, a ação do vento
oferecia seus luzeiros, escondendo nomes
e perfurando a noite em que me encontrava
para arder o prazer da minha pena.
As mãos iluminando no semblante
o corpo agilizado de carne e sentimento,
dessedentando seus jardins sonâmbulos,
seus lunares truques de imaginação,
para ver se em seu ser
continuava cravando nela o desejo,
condensando nela
todo aquele desejo sanguíneo
de adorar sua distância viva.

KM

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