sábado, 22 de junho de 2019

LATIDOS UNILATERAIS

Prorrogar essa coisa é tão atroz: 
os arrependimentos, os escrúpulos
que vem tramando, com ódios
antigos e elegantes, uma venturosa
barbaridade de latidos unilaterais.
O fim dos tempos prorrogado
no calcante, num sonho que talvez
não nos peça muito: outro acaso,
outro nunca, outro sempre, outro
modo de ''quitarle a la hembra
su alcachofra de ropas''. Outro
fogo, outro assombro, outros
escravos e donos, outras pro-
pensões, outros látegos. E
o inviolável direito aos instantes
de leitura lenta, enlevada
por um alcaide já blasé.
Abaixo do mundo, nos
subterrâneos imprescindíveis,
fecho a cara, pouso na chapeleira
meu Gelot --- presságio escuro no ar.
Acionistas cobrando dividendos
em meio a espectadores profissionais,
viciosos de lucidez e instalações
incomovíveis, no egoísmo-inseto
da primeira fila, Momento de dizer:
''Caracóis de medo receando
a garantia de ressurreição,
a voz amena da ameaça sem assunto''.
Aceitar-se-á também a crônica?
O Bom exemplo?, a imprevista
recovenção dos ecos (?)
Musa, vais ao teatro? Assim(?),
com essa mirada de desprezo(?),
cismando o que não deve
sem latidos --- os sonhos passeando
sem programa, sem luz
na mente rasa, sem silêncio
ou desfrute de espantos.
Meu espanto, porém, 
Musa, NÃO NOTES!
Que entre no teatro o amor,
o ódio, a voz, os gritos,
que venha a tristeza
com seus braços abertos,
e a ilusão com seus sapatos novos,
que venha o frio germinal e honesto
--- assuntos e mais assuntos
a distrair-nos em tom de brincadeira,
devido à forte taxa aduaneira ---,
que venham mais rancores na névoa,
e os verões de angústias calcinadas.
Que entrem a raiva e su ademán oscuro,
que entrem o MAL e o BEM...
(coisas ainda haverão de mais tomo:
aquilo que media, entre um e outro,
o pêndulo da VERDADE, entre incêndios
e mulheres de chuva sem história).
Nosso palavreado alicerça o time,
mas alarma o discurso --- necessária
confusão de boas vindas e dúvidas.

KM

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