quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

ARRANCOS

Imóvel, inabitado, o Poeta
planeja agir apenas em caso de
vazios prevalecentes e
perspectivas negativas,
passando repostas prontas
às versões de escuta aguda
que lá fora o mundo liga em nós.
Assim, as correspondências
alcançam o grau de exatidão,
apesar de gastas, sub-reptícias
e queimadas por tanta discórdia
na clausura da escuridão ouvida.
O Poeta escreve isto, sem
preocupar-se com sua defesa,
certo de tomar posse, dentro do papel,
daquele sentimento seminal da VONTADE.
Mudo, ele semi-simula uma incurável
gagueira em cada pertence seu,
em cada palavra daquelas
que ele ''assusta'' na água fervida.
A cada arranco da luta, teme
desenraizar as firmas de sua pegada
na resistência contraditória da trilha,
reconciliada no prumo perverso da guerra.

K.M.

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