terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

THAUMADZEIN

O desejo de mandar, de
dominar e não ser dominado,
sem risco de raio ou curto-circuito 
extraído da vida doméstica
e transposto para a esfera política.
O CORPO está todo ali, em
riste, feito uma garra fechada;
a família atrás, encolhida,
apenas toca a corda de um arco
que não dispara: ação hesitante,
dir-se-ia um vibrato de ação,
numa velocidade autolimitante
que não se alimenta de nada visível.
O CORPO, então, sitiado
por si próprio, crava os olhos
na própria casca, disparando,
dos nervos, um projétil ventilado,
transvalorado em alta velocidade,
devorando cada palavra certeira
que sai da própria boca, em fuga.
A audiência recebe o impacto na cara
enquanto celulares batem punheta nas bolsas.
Do animal nietzscheano ''capaz de prometer'',
no palanque, restam agora apenas
os fios de um interesse suspenso
e os vapores e um metal torcido pela voz.
Dentro de um instante, telefonemas instintivos
surgirão para morder o cuspe
que restou secando sobre o palco
e bichos raivosos atolarão no seu rastro,
forçando os maxilares num esboço de decisão.
O resto do dia será didicado a
abater sentidos de urgência
com estrondos de portas conferenciais.

K.M.

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