sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

CLARO

Muitos dirão que é troco de raízes
fortes, furiosamente encravadas,
de quem não pagou direito
o que devia, e tende a se
tapar de rancor. Estão errados:
queria apenas afirmar sua
pegada contraditória, imaterial,
resistindo à década de reconciliações
borradas de suor frio. Há aquele
aperto (claro) e um certo adiantamento
na pulsação das letras, que
vão pagando o mínimo 
(abaixo do preço).
O contrato tem olhos impessoais
e cláusulas de vergonha tópicas,
prevendo retrações-relâmpago de culpa
e falas de perdão aposentadas.
Mas quando voltar a falar sobre,
não lhe parecerá que o ESCURO
anda tão só, desconversando por dentro.
Você não verá apenas aquele
velho invasor germinando seu osso
contra as reações sub-atômicas do Não-Ser.
NÃO: sentirá que sua vista está
em outra parte, que não AQUI,
mas presa por um fio seguro
que conserva o calor da Vontade
numa fome nada complacente,
insaciável na nudez amiga: PRIMEIRA PROVA!,
um possível desvio de água noturna
avermelhando a caçada da manhã.

K.M.

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