terça-feira, 19 de março de 2019

ISENÇÃO DE TODA PAISAGEM

Sem nenhuma pelúcia na voz,
desinteressaram-se de nosso assunto.
Impublicável, tudo veio à tona
no cimento do ponto final,
numa sensação de sobressalto
assaltante, e hipnose de perspectivas,
suportando a realização de lucros
com o lamber da língua salgada,
monótona no instante da paisagem
de uso úmido e repetitivo.
Nosso passeio foi cinza
em uma hora que ainda insistia
na insolação de carne e espera,
onde um punhado de nosso corpo
juntava indícios superpostos, e se esvaía
sem construir nenhum castelo.
O cenho enfezado dos incertos
no escuro, assemelhando-se aos urgentes
do dia claro. No entanto, 
não preciso do alívio da água
que passa imóvel e intocada,
bonita de se ver mas perigosa
na rua cinza, súbita e impura água
com suor na entreperna de cavala
e depressão em baixo relevo
(não querendo parar neste pegajoso
alarme de lágrimas alheias, a mão trava
a aceleração do sentimento
com o avanço da paralisia ótica).
Os bastidores da sensação, amada
imprensa, prévia ou posterior,
não sabem ainda ser isentos 
de toda paisagem caprichosa.
Uma arte quase ginástica
driba-lhes os dados frios
no espaço em branco das apostas,
para quarar os lances que
projeta na respiração ---
preço único com sua linha 
de montagem em aberto.

K.M.

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