quinta-feira, 14 de março de 2019

O DESEJO E A POSSE


O DESEJO aponta para o mundo
ainda distante de sua posse,
o olhar firme que desenha
a via fora de hora do calendário.
Rigoroso, sua bravata é séria,
e não perde o vinco ou o slogan,
''a diferença (diz) que nos relaciona'',
nossa filiação às representações midiáticas
solapando as satisfações da ficção.
Toda essa pose nos leva na sua fria,
oculta conservação (em memória de...)
sob a luz dos holofotes, esse banco de imagens 
que o smoking sonha ser sua solução falada,
entre a tentativa de postular identidades
(ocultas, que o atravessam em silêncio)
e a lógica desses impulsos elementais
que identificamos na palavra fantasmática.
Luz gentil e educada de nossas taças
sobre a mesa da ''Amizade'', ombro a ombro,
menos imediatamente politizável.
Tudo continua na prova da ''Passarela'',
com investimentos libidinais mais narrativos,
fáceis de serem consumidos (no sentido político).
Ali é que se encontra a temperatura ideal,
íntima e imediata, do tapinha nas costas 
que se alastra, e a sensação colhida por dentro
da apostasia política, numa desconversão
por vezes vergonhosa e traidora, que se ama.
Crer em alguma linguagem alternativa
nos precipitaria num grito sem penetração,
misturando sonhos e carnes sem lógica.
NÃO: nossa voz sem cuspe, que nos orgulha,
deve transmitir tudo sem muita ênfase,
ou eletronicamente, como um fenômeno Yuppie;
a mesma não-cara maquinal em ação,
recitando suas instruções de auto-recepção...
NO ESCURO.

K.M.

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