terça-feira, 5 de março de 2019

LETARGO

Ocupação seca e imóvel (in dubio)
sob o testemunho mudo do radar,
assinando cada pique dos olhos
(plenos de sentidos incognosféricos)
sem muita recorrência vertical.
Perdido em meu rigor subterrâneo
e só em minha carne (a medula
espelha doses de exposição
entre vozes e limousines sem rumo).
Persiânica aceleração central
do pensamento, todo carne por dentro.
O Céu não me dissolve, MAS
deixa bilhetes na linha do horizonte:
fileiras de luz ejaculadas, pingando o viço
do desgaste contínuo, desabobadado,
sob cargas de motor e paralisia.
Riscos de lesmas como acompanhamento
e curto-circuitos ''conectivos''
sem força de expressão --- a marca
do corte nas palavras que sobraram
e qualquer coisa inútil que desapareceu
sem deixar rastro sob o radar...
Os cálculos modelaram a máquina
disponível, de acordo com a pressão
e os rosnados do deserto.
Máscaras de estrelas e língua-dura
levaram a hora áspera ao máximo rigor
enquanto pedaços elásticos de Deus
repercutiam mínimos êxtases instantâneos
na batalha cega do palato.

Vou no escuro mesmo, em Braille.
Sombra não passada a limpo
publicada pelo Sol, contra a parede.
Letargo de lagarto escorrendo para o chão.
Minha voz não está mais na linha.


K.M.

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