sábado, 29 de dezembro de 2018

A PREPONDERÂNCIA DO PEQUENO, Segundo o Hexagrama 62, do I CHING

Relações invisíveis (GUÂ)
para o olho destreinado.
Por limitar-se comprimindo-se
ao menor grau, o PEQUENO
faz sua PEQUENA ULTRA- PASSAGEM. 
Exerce-se influência insistindo, mas só em 
alguns assuntos restritos. O OSSO,
aparentemente, suspende-se
à cada polidez, para além da dentada;
vai afiando o pensamento, pré-
parando a aresta, o corta-luz
aceso na Pedra Filosofal,
próximo ao medo do motor
(instável centro do mundo
fulgurando no espelho pessoal);
e entrando pela noite afora
na trilha para a voz-manifesto.
O MALEÁVEL  atinge o CENTRO,
aure benefícios em pequenos assuntos e
mira-se francamente no espelho.
PREPONDERÂNCIA DO PEQUENO.
Sucesso: terra virgem parindo
felicidade em assuntos restritos.
A energia está alta, mas não
será gasta inutilmente... POR NADA!
Absorvido em abonos inesperados,
o Grande Homem não se desperdiça;
Ele não desperdiça nem mesmo
seu olhar, fixo no espelho pessoal.
A limpa baba de Deus, NÃO
se transformará em formalismo vazio
e subserviência cacete de pet.
ACEITAÇÃO. A voz-manifesto,
operária-vinculante do CENTRO,
arrola testemunhas exigentes:
catastrofistas e moscovitas;
gendarmes e prostitutas;
otimistas e abstênios;
sacerdotes e tarifeiros;
exorcistas e homossexuais;
vendidos e insubornáveis;
filhos-pródigos e detetives;
Borges e Sábatos;
pirotécnicos e bombeiros;
feministas e moralistas;
aquarianos e taurinos;
profiláticos e revolucionários;
virgens e impotentes;
agnósticos e monges;
imortais e suicidas;
franceses e não-franceses ---
E DIZ: ''Tudo é remediável!'',
mediando a maravilha humana
com um exército de des-
maravilhadores engajados.
Suja por seu sentido de cautela,
a PEDRA FILOSOFAL passa mal
no laboratório do alquimista.
Acima da MONTANHA há um
TROVÃO. Assim o Sábio
PREPONDERA EXCEDENDO-SE
em suas ''restrições'': nas necessidades,
excede-se pela economia;
no perigo, pela cautela;
no AGIR, pela NÃO-AÇÃO.
Após a incrível energia
gerada pela confiança interior,
deve-se BAIXAR A BOLA
e fugir da CONTRA-MÃO, 
correndo entre os carros opostos
que queimam o asfalto político.
O sangue culto resiste, duramente,
limitando-se a metas humildes.
Cara a cara, repetindo no espelho
O POSICIONAMENTO DO COMEÇO,
o MUTANTE  avança com discrição
em sua META-MORFOSE em
constante RE-CAPITULAÇÃO.
O Grande Homem fixa sua atenção
no DEVER, mais direta e detalhadamente
que o homem comum. Sua CONDUTA
soa mesquinha aos olhos do mundo,
mas Ele está consciente de seus atos.
Sabe que logo sobressairá novamente
aos olhos do povo, COMO ALGUÉM
EXCEPCIONAL. PÁSSARO NO NINHO
ATÉ EMPLUMAR-SE. Versões,
sinais diacríticos, interferências
invisíveis ao olho desarmado.
Microscopia indecifrável de revisão
gerando alterações num código secreto,
enquanto computadores in conserva
comem proteções de tela parnasianas,
se perguntando que tipo de dívida
cobre o país com insinuações de paz
(inconsútil, o I CHING simula aqui
um dumping virtual, sob o CAMPO 
MONITORADO DA GUERRA).
Medidas extraordinárias (no entanto)
só devem ser tomadas
quando não há outra solução.
NENHUMA CULPA. O Poeta
funciona apenas como representação
técnica desligável, usada por
ícones de serviço (sonoplastia
de ruídos, e sustos curtos sob
o CERCO DAS ATORMENTADAS).
Alvo do maremoto, a NATUREZA
é alvo e flecha de seu próprio instante,
das margens de risco que o mapa
permite automaticamente, com insultos,
sugerindo paralelos com o dia intransitável.
RÚHÉ: ''É como o que? COMO
É?COMO É QUE É?!''.
Difícil de traduzir isso
do chinês clássico. Vide Pulleyblank.
Malabaristas do mal-estar?
Seis na sexta posição significa:
''O Pássaro em seu vôo o abandona.
INFORTÚNIO! PREJUÍZOS!''.
Deve-se assumir uma atitude modesta,
e instalar todos os seus desafios
numa hemo-teca inexpugnável,
onde o silêncio interno haja coagulado
até transformar-se em boas notícias.
Lá fora, os outros compartilham
a DOXA no limite dos fatos.
Pensar (para eles) não é rentável,
aquém de todo cálculo e chafurdando
na ilusão da autenticidade,
não se previnem, e são atacados;
desconhecem (misrecognize) o 
ARBITRÁRIO, a SÓCIO-ANÁLISE e as
FORMAS POLÍTICAS DE AUTO-TERAPIA
(tudo aquilo que obriga a pensar
com a própria cabeça, a medula
intelectual das NOVAS FORMAS,
a fórmula das NOVAS MONTAGENS e
NOVOS CÓDIGOS DE LEGITIMAÇÃO,
seus embates e encaixes).

K.M.

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