sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Excelsior .

Não veremos mais nenhuma vaga de contestadores agitados na esquerda, ou de utopias socialistas românticas em guerra contra o mundo do dinheiro . A era teológica das ideologias caducou completamente, e o mundo, não só a França, mergulhou para sempre num cenário de instabilidade crônica de valores políticos, econômicos e ''morais'', por mais enganosa que essa última palavra seja em tal contexto. O ''eterno retorno'' da moral de ocasião não cessará de fazer estragos nas formas e valores tradicionais enquanto servir apenas para mascarar um pseudo-renascimento político com ''ares retrô'' , caracterizado pelo super-investimento  nos negócios privados em oposição à uma fase precedente mais apegada à coisa pública, ainda que por interesse e sentido de aparelhamento político. As trocas em relação ao eixo público-privado promete apenas colocar em marcha um novo ciclo ''privativo'' sobre os destroços de diversos engajamentos socialistas de fachada, que não operaram nenhum tipo de renovação ou reorientação na matriz administrativa. Tal flutuação é tão banal que não pode nem sequer ser esclarecida sem uma grande dose de humor negro. A experiência de ''decepção''  popular causada pelo pseudo-engajamento nas questões públicas sublinha o papel da frustração representativa para além dos fatores objetivos conjunturais e da ''racionalidade'' dos agentes políticos. A maior parte de tudo quanto se afirma hoje na França sobre as mudanças de preferência do eleitorado devem-se à inconstância e à frivolidade das motivações de seus políticos. A lógica da ''moral de ocasião'', num certo sentido, subjacente à nossa idéia das ''oscilações ideológicas'' e sociais, até o momento adormece nos vagos sonhos de uma maioria silenciosa bastante apática, da qual não nos arriscaríamos a afirmar nada. Já faz muito tempo que as massas não tomam parte ativa nos grandes combates escatológicos da publicidade político-partidária, nem aderem à nenhuma esperança de mudar seus países ou o mundo. Nesse sentido é que, particularmente, me vejo obrigado a dar as boas- vindas a todos os sinais de surgimento de um momento mais viril e belicoso na cena política, por mais tênues que ainda sejam, em que sobretudo a coragem será novamente louvada pelo povo. Reunir a força de que se necessitará um dia, amanhã ou depois, para travar guerras reais pelo pensamento politico e suas consequências. 

K.M.

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