sábado, 22 de dezembro de 2018

ESTAGNAÇÃO (Paralisado pela Incompatibilidade) Segundo o Hexagrama 12, do I CHING

É quando os poderes criadores
se dissociaram no fulgor barato,
falso, com o qual a LUZ, armada,
veste e enverniza o mundo.
O ultimato do NIRVANA é
naturalmente atroz: formado
por KÓU (boca) e BÚ (negação);
não basta negar, é preciso
ser malvado, perverso.. TRAVAR.
Ligada por um instante à ESCURIDÃO
a MÃO encontra o reflexo consistente
do próprio CORPO, no semi-árido
do seu RAIO. PARADO- SUSPENSO-
INTERROMPIDO- ESTORVAR-
FRUSTRAR-INIBIR. ''Homens maus
não favorecem a perseverança.
O ILUMINADO parte, o idiota vem''.
A LUZ se dissemina pelos poros,
pelas veias de estátua do NIRVANI,
onde o sangue é frio --- A
força da expressão pétrea
não se derrete nem no íntimo.
Enquanto um oleoso ódio se vinga
entre as paredes do DESAFIO,
as determinações condicionam
a consciência (sankhãrã paccayã
vinnãnam); procurando a fresta,
a mordida, ou o que está atrás
da fechadura, a consciência
condiciona o complexo psico-físico,
COMO uma ILUSÃO VIVA
produzida por bruxaria espectral
(a sensibilidade condiciona o contato,
slayatana paccayã phasso).
O amor viscoso, MEL DA CARNE.
Picota-se a PASSAGEM, sem
cicatrização, e emenda-se
de ''expectativas dependentes'';
qualquer coisa prestes a ''enguiçar''.
APEGO-DESEJO - VIR- A - SER
(upãdãnãm paccayã bhavo).
Um número anônimo, à DERIVA,
para a NOITE entrar na AGULHA.
Um NOTÍVAGO se diverte, após
''CAIR NO SONO'', sem interromper
a Linha da cama, a extrema lucidez
de uma idéia fixa, sustentada enérgica-
MENTE. ''Esse jogo que me propuseram
É DIVERTIDO!'' (diz o Poeta).
Primeiro, pontilhando o caminho
(drástico, em cheio) até ELA,
direto no  cérebro (o tempo pára ---
o espaço passa, corre, inominável
sem que alguém o cure da própria
CARGA). ''Tu estás vagando agora
pelo TERCEIRO BARDO. COMO um
sinal ''DISTO'' (que não tem nome)
mira (mirror-milagrar-sorrir) teu espelho''.
O Poeta sabe que não verá
seu rosto normal: de CAVALO,
mas tudo o que deseja sucederá.
FLUINDO SECRETAMENTE
em meio à ESTAGNAÇÃO GERAL.
Assim, o Homem Superior
recolhe-se ao seu valor interno.
As coisas tornam-se entorpecidas
quando o Sábio não pode mais influenciar
e RETIRA-SE. Ele não permite mais
que o honrem com recompensas.
ATENTO!,  há uma desconfiança
mútua terrível na vida pública,
e muitos camuflados perdidos
em orações infrutíferas, criptografando
OFERTAS POLÍTICAS (escreve-se,
fora da Linha, a cifra que se infiltra
entre as letras, no desvio do pensamento). 
Variação temática deixada nua
na mutação que não abre diálogo.
Sem esgrima, a ESTAGNAÇÃO
vai fundo aqui, clandestina sintaxe
de disfarces anagramáticos retorcidos.
O Grande Homem sabe usar a
ESTAGNAÇÃO  a seu favor.
A paralisia provocada pela incompatibilidade
com os homens pequenos, torna
inconveniente a insistência do Sábio.
A piora é nítida ---- o nível cai demais.
O arquiteto recolhe-se ao
QUARTO-FORTE, aparelhado pela
ESCURIDÃO, em seu pulso retroativo.
Vai em frente, submerso,
irredutível sono labiríntico,
ENGENHARIA DA CONSCIÊNCIA.
Em Linha reta, PRONTO!
ASSALTO À LUZ AUTO-
EMPURRADA ''INTRA-MUROS''.
Atravessa trincheiras incorporando
o entulho noticioso das paredes repetentes.
Seis na terceira posição significa:
ELES SENTEM VERGONHA!
Tendo alcançado o poder
de forma ilegítima, muitos sentem
que não estão à altura das
responsabilidades assumidas.
Começam a se ENERVAR
com o alcance de seus CÁLCULOS.
Purga-se o asfalto pânico
com o medo do fracasso.
Assim, o sábio evita dificuldades
não aceitando honras nem luxos.
RECOLHE-SE AOS BARDOS.
O Bardo natural e intra-uterino.
O Bardo do sonho lúcido.
O Bardo do equilíbIro arrebatado
durante a meditação intensiva.
O Bardo da experiência de quase morte,
o CHIKKHAI BARDO.
O Bardo da ilusão (sua autópsia)
O Bardo retroativo da recapitulação.
ESCUTA: é tempo de voltar
ao ÚTERO. ESCUTA BEM!, A-
parecerão sinais premonitórios ante ti.
Reconhece-os, segue essas visões
agradáveis, deliciosas do NIRVANA
até o cheiro do couro virgem
e sua loção pós-guerra. Punho.
Pulso. A pele difícil da juventude
eterna: o desmanche no jardim travado.
ESTAGNAÇÃO. As coisas não fluem.
JIAO: relação, negociação. CRUZAR.
JIAN: economia, necessidade,
não verdejam neste trecho.
NÁN: difícil, problemático.
Pacificação versus Mordaça.
O Sábio afasta-se (retaguarda)
para evitar confrontos inúteis.
O Hexagrama nuclear é H53,
DESENVOLVENDO-SE GRADUALMENTE.
Isso significa que, no cerne da ESTAGNAÇÃO,
existe a SEMENTE TODO-PODEROSA
de um DESENVOLVIMENTO OCULTO.
O sábio cultiva essa semente em silêncio,
em meio ao ruído metálico
dos pacificadores atônitos,
enquanto corredores de seguro
policiam a pacificação, reclamando
à fogo-lento. É algo estúpido
de ser contemplado. Por isso
o Sabio retira-se, tentacular-
MENTE (respiração do verbo
abaixo da Linha 3, do Hx12).
Todas as Linhas, exceto a 3,
tem prognósticos favoráveis
à sua NÃO-AÇÃO INCONDICIONADA.
As outras Linhas todas, representam
uma ação possível contra a
ESTAGNAÇÃO. Alegre pálpito
da miséria, e crueldade sem ilusões.
As características gerais do Hexagrama
anulam as correspondências
entre suas Linhas; elas não se ajudam
mutuamente, apesar das expectativas
das Linhas YIN. A Linha 3, em particular,
está numa SITUAÇÃO DIFÍCIL,
porque as duas inferiores
''fogem sob seus pés''.
SOZINHA em sua IRA ILUSTRADA?
Pergunta-se também: muito mais
que um TRAPO SUJO? S.O.S.
A MÃO que ajudava. S.O.S.
A MÃO flagrante que degusta o sono
é a LEI malvivente do SISTEMA.
Lábios apertados, caindo (incisivos)
sobre os dentes (em câmbio)
da língua-discurso --- a saliva amarga
do réptil é sem rancor, ante o
APAGÃO. Agora sim, É NOITE!
PODER. O caráter fasto das Linhas.
As YIN aceitam sua situação inferior:
H125 --- Age, mas fica temeroso
e cheio de d(í)úvidas. H124 --- Age,
mas aceitando ordens. H123. Retira-se,
mas à força e sofrendo vergonha.
ETC. Acordar-se-á reclamando
uma única confiança, e lhe será negada.
O APAGÃO É GRANDE E EXTENSO.
Agora sim, A NOITE É PODER!
Ela é TENEBROSA.  Todas as leis
tornaram-se pardas, a liberdade
tornou-se um esgoto ''a céu aberto''.
Os poderes criadores dissociaram-se.
Não se vê mais nem Justiça, nem
Liberdade. Nenhum dos movimentos
da MÃO INVISÍVEL retifica isso.
Todos os latidos perderam
sua sombra na curva do Caminho.
O foco inesgotável da LUZ
recolheu-se em si mesmo, RINDO,
enquanto a audiência ruminava.
Insistir em remover a erva
(no entanto) torna-se benéfico,
porque coincide com as intenções
do VOSSO SENHOR. YIN no começo
do Hexagrama --- essa Linha é fraca.
Ocupa uma posição inadequada e
assume que deve descer, humildemente.
A INICIATIVA é exatamente ''nenhuma''.
E fácil é vaticinar as ações
dos propagandistas da mídia
(eles querem vender confiança
COMO se vende horóscopos e desodorantes).
Piando. Inventando. A-perfeiçoando
a própria ANSIEDADE. Mas
se ressentem da ausência
de seus geniais demagogos.
Chamam por Amicis e Proust
recapitulando sacrifícios turvos.
Aquele logarítimo que (não)
está mais nas tábuas.
Destreza profissional
para tapar traumas
com ''felicidade de dar corda''.
DISPUTANDO INUTILMENTE.
Os ávidos turistas apreçam
e agradam as autoridades
com seus rabos de Bolsa de Valores,
com as tranças de seu JOGO.
Entusiasmo PUERICULTOR .
Primeiras máscaras vertiginosas.
Estupefações convertidas em
desenhos de medidas instáveis.
Inauguração de estátua oficiais
contra as múmias prestigiosas do porvir.
LUÁN: desordem, confusão.
QÛN: manada, rebanho, horda.
O Sábio retira-se ''a toda caña''
da Luta de Classes. Fascinante!
O murmúrio do Tibet (e seus ritos funerários)
propondo subornos anexos à AUDIÇÃO.
Cabem ainda algumas dúvidas
insones ao ardil deste inferno acústico.
LIBERAÇÃO ATRAVÉS DA AUDIÇÃO,
animismo xamânico BON (seus brônquios
negociam a Alma com seus tímpanos).
Ali, onde o ruído do mundo
chega COMO um zumbido
nem ao menos insistente,
a Alma aparece na cara.
Caliente sabor de la sangre
''tragada'', mientras los demás
asisten, COMO um cerco
de esperanças horripilantes
e náuseas palavrosas. 
O sábio e seu Bardo,
fazem escala neste DESVÃO.
No CHIKKHAI BARDO:
''Entrarei sem distração
na lúcida experiência do ensinamento
e lançarei minha consciência
longe no espaço incriado RIGPA''.

K.M.

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