sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

CONSULTANDO O I CHING NA ESCOLA DA SUSPEITA (poemas, reflexões e citações)

CONSULTANDO O I CHING NA ESCOLA DA SUSPEITA 
(poemas, reflexões e citações)
PREFÁCIO
km

Epígrafe

Todo o atracar, todo o largar de navio,
É – sinto-o em mim como o meu sangue –
Inconscientemente simbólico, terrivelmente
Ameaçador de significações metafísicas
Que perturbam em mim quem eu fui…

FERNANDO PESSOA
ALVARO DE CAMPOS
.
Absolute Erscheinung

Sujeito-residual da maquina-obra, o autor retira um ""LUCRO DE INTENSIDADE’’ (entusiasmo - voluptas) de tudo o que ela faz rodar no Parampara, e que a leitora acreditará ser apenas sua obra em fragmentos :"Assim acredita ele continuar a partir de então, não a realização de um sistema, MAS A APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA. Sob a forma dos resíduos de seu discurso, transformados de certo modo no repertório de seu histrionismo sagrado, a invenção é sempre ''suplementar'' para ele, e se agrega, ou se reencontra além, para complementar um TODO, para vir até o local de uma falta e por isso, para levar a cabo um programa . PROGRAMA AINDA TEOLÓGICO, o de um ''SABER ORIGINAL'' (Urwissen) que é também um ''SABER ABSOLUTO'', ''organismo'' total que deve articular mas também representar-se e refletir-se em todas as regiões do mundo-enciclopédia do LOGOS. O saber total tem a unidade de uma manifestação absoluta (Absolute Erscheinung),de invenção no sentido de DESVELAR O DESCOBRIMENTO, realmente constituída passo a passo, mas idealmente infinita, necessária e urgente em sua realidade imediata, mas infinitamente livre em sua idealização.O homem , o ser racional em geral, está destinado, devido a sua posição evolutiva (hineingestellt), a ser um complemento (Ergäzung) da manifestação do mundo; e é dele, de sua atividade, que deve brotar o que falta á totalidade da revelação de DEUS (zur Totalität der Offenbarung fehlt) , posto que a natureza já é certamente portadora da essência divina ; o ser racional deve pois expressar a imagem (Bild) desta mesma natureza divina, tal como é em si. A invenção manifesta é a revelação de DEUS, mas só a completa sendo levada a cabo, só a reflete perfeitamente superando-se de maneira contínua a si mesma. O homem é PSIQUE de DEUS, mas este espelho não capta o TODO a não ser suprindo sua falta. Este espelho total que é a PSIQUE não consiste no que chamamos um suplemento de alma, é isso sim a ALMA como SUPLEMENTO, o espelho da invenção humana como DESEJO DE DEUS, exatamente entroncado neste local onde algo falta á VERDADE DE DEUS, á sua REVELAÇÃO: "zur Totalität der Offenbarung Gottes fehlt".


Modelos de filósofos que hacían literatura.

Aquí hay muchas respuestas para dar. Por un lado, es cierto que en mi formación de adolescente, cuando era muy joven, mi deseo era, en efecto, convertirme en un filósofo escritor, y había modelos para eso. Cuando tenía veinte años, Sartre, Camus y Merleau-Ponty eran modelos de filósofos que a la vez hacían literatura. Era lo que me interesaba, tenía ganas de escribir y de leer. Por otro, no considero que lo que haga ahora sea pura y simplemente filosofía. Lo que denomino deconstrucción de la filosofía es una especie de pensamiento -o si se quiere de reflexión- sobre la filosofía, desde un lugar que es un poco exterior a la filosofía. Aunque tenga formación de filósofo y sea profesor de filosofía, no considero que lo que escribo sea stricto sensu filosófico.

Además, el discurso teórico tiene también que tener en cuenta la lengua; no debe, no puede ser simplemente un trabajo sobre conceptos extraños a la lengua. El pensamiento es como un espíritu, como un alma, cuyo cuerpo es la lengua. 

J. Derridá



AFASTANDO COM DETERMINAÇÃO, 
Segundo o Hexagrama 43, do I CHING

É quando se substitui a opção ''armada''
por um excesso quase fatal de
PIADAS e CAFEZINHOS,
emboscando a única Linha Yin
com as impunes ofensas das Yang,
que agem clara e abertamente,
no momento em que a potência é
TÃO EVIDENTE, e a fraqueza adversária
TÃO ESCANCARADA --- por isso as ''armas''
são deixadas de lado e desacraditadas.
A Linha Yin certamente resistirá
como o mais dispensável dos seres,
tentando arrancar acordes de um 
instrumento musical sem cordas.
O FIRME expulsa o MALEÁVEL
ali onde as grossas correntes
enferrujam de tanto adeus.
O fraco busca encobrir seus defeitos
empilhando ilusões em barracas de feira,
enquanto o público encosta desconfiado.
Mas não encontrando em que se refletir
tais ilusões perdem o caráter cortante,
sua eficiencia em desafiar desfaz-se
em disfarces de oportunismo cínico.
A AÇÃO CORRETIVA avança ---
mas a DECISÃO exige cautela (pá-
lavras feito tinta, colorindo escombros).
Quando o LOGOS triunfa, as paixões,
por si mesmas, se recolhem ao seu
delicado lodo de fabricações.
O Sábio não precisa de auto-promoção,
pois o Céu não é um quadro de carreira;
precisa é de um uso prático súbito
de suas próprias virtudes. Aumentando-as
SEM PARAR, Ele expulsa ''algo''
que não deveria estar ali. RESPONSABILIDADE.
Não há discussão possível, mas tampouco
EXCESSOS ou mesmo PRESSA.
O passo do Sábio é um êxtase ambulante
mas sua tarefa é aqui ''muito difícil'', e
constantemente ''mal interpretada''.
O Hexagrama antagônico é H23,
DESGASTANDO-SE PERIGOSAMENTE,
e indica que (no momento) uma
ação peremptória não vai produzir
NENHUM GRANDE DESABAMENTO.
É preciso desligar o inimigo
ou a própria inimizade?
O suor esguincha do corpo suado,
folders e logomarcas fluindo dos números.
O pólem das mercadorias mundiais
fica sem transporte confiável, chutando
com ódio a porta da frente, que ameaça desabar.
''O INFERNO REALMENTE EXISTE!'',
alguém grita, alarmado. 
''Então'', responde o Poeta
''Dante estava certo'' , rindo.
Após o café, sua Visão afiada
AVANÇA DESORDENADAMENTE,
descascando os couros da Escuridão.
A jibóia na sua cueca é de um
cinza rajado de estrume, a transbordar
metros cúbicos de sombra.
AVANÇA SEM CONQUISTAR!
''Mas isso é um erro'', advertem-no.
''FODA-SE!'', responde o Poeta:
''Essas traduções do I Ching
não são exatamente confiáveis.
NÃO FIQUE TÃO ANSIOSO!
Fixando confluências de efêmeras estradas,
cobriremos a aventura de velames
e atingiremos nossos objetivos
sem grandes enfrentamentos
apesar de todas as tensões.
COMO? Confeitando de espelhos
as invisíveis abóbodas do ALÉM''.

''Mas a sabedoria da CARNE
é realmente inimiga de DEUS?,
como diz São Paulo?''

''QUE NADA!, lagartos nunca se matam
por causa de um trapo de sombra.
A LUZ tempera-se com veneno extraído
de violetas-africanas, enquanto seus 
onze demônios brincam, condensados
na sombra das próprias asas''.

Nádegas sem pele obstaculizam 
a ação do Grande Homem da Sombra,
a ''ginasticar-se'' dentro da própria cabeça.
PODER DE ATRAÇÃO INFINITO.
Ele é capaz de sair da linha de fogo
e entrar num perfil fluido e fugitivo.
Mas se não há gosto de riso no seu rosto,
o que há nao tem medida nem serventia.
Por isso o Poeta espera, mergulhado
no próprio sangue, enquanto lá fora
sua fala está em apuros. Para o salto
ainda não articulado, o ser incerto
se formando (mas, por presunção
cronológica, é melhor ESPIAR o
MOTO-CONTÍNUO dos dias e
tentar manter as aparências
presudidamente frias, sob o risco
de tantas reprimendas --- digo:
na rotação prevista do público,
e impressas no rastro de todas
as alterações superpostas,
como uma dócil manada de trevas).

K.M.


PRAZER SECRETO...

A objetividade do filósofo: a indiferença especulativa a respeito de si mesmo, a indiferença relativa às consequências favoráveis ou fatais de seu trabalho. A indiferença quanto ao emprego de meios perigosos para se chegar à verdade; a irascibilidade e complexidade do caráter consideradas como vantagem num meio tão maculado por interesses escusos e, consequentemente, a exploração de tais vantagens de caráter. Profunda indiferença em relação a si mesmo: não quero tirar proveitos dos meus conhecimentos, nem fugir aos prejuízos que eles me causam por enfrentar os vícios e interesses do sistema. Sirvo-me do meu caráter, mas não penso nem compreende-lo nem muda-lo --- o cálculo pessoal de minhas próprias virtudes não penetra, um único instante, em minha mente. Parece-me que se fecham as portas do conhecimento quando nos interessamos em nosso caso particular, em nossos méritos. Nunca nos deixemos tentar pela admiração das ''belas almas''; consideremo-nos sempre superior à elas, pois estão sempre maquiadas por anúncios de publicidade e instinto liberal de propaganda política. Coloquemo-nos à frente dos monstros da ''virtude de pacotilha'' do lobby e sua Hidra midiática com um ar de mofa interior: Déniaiser la vertu --- prazer secreto. Não assinalar demasiado interesse por si mesmo, sob as luzes do estúdio, ligado nas oscilações da Bolsa. Transmutação de todos os valores: garanto-lhes que isso custará um ''bom preço''...

EXPERIMENTOS...

Según Ruppert Sheldrake, una manera sencilla de demostrar la existencia de los campos morfogenéticos es creando un nuevo campo mórfico para luego observar su desarrollo. 

De algún extraño modo el universo es un universo participativo. 

EXCELENTE...has retomado un temazo, prepararemos la balanza ...

Mmm interesante este estudio , sería una buena idea estudiar chino???

Socialmente China me recuerda a España en los 60 la época del vaquilla y el torete donde las mujeres son floreros y los hombres postizos tipos duros con el de los juegos de manipular, todo esto es uno de los IMPLANTES mas poderosos en sus bocas , ...! Asi que LA SECTA DEL ALGUNISMO es tambien una apocrifa logia de ASTUCIA PALOMISTICA y MANSEDUMBRE REPTILINEA.

Re: Re: ¡SECTA QUE EN EL SIGLO XXI SOMETE A GENUFLEXIONES PUBLICAS

Si lo dices por la cantidad de millones de chinos que ya lo han aprendido... pues por lo que sé las estadísticas de estudiantes de este idioma han aumentado muchísismo en los últimos años, al menos aquí en España...

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ESTO ES LO QUE SE LLAMA PSICOPATEAR ¡De manual, son de manual¡
Pues no me importa admitir un error, ni humillarme y pedir disculpas.
Lo hago para hacer lo correcto, no para que cierta señora me vuelva a hablar!
FUI DURO CON LA COMPARACION, LO ADMITO Y ME ARREPIENTO POR HABEROS OFENDIDO
joooo pido lo mismo: que se disculpen publicamente por todas las acusaciones e infamias que se ha vertido durante estos meses contra China y contra su pshycopatia....
Inaudito, increible, oximoronico, surrealista, absurdo... 
cuando hablan de desapego a que se referirán?
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ESCUCHEMOS A QOP 27/Junio/2010 - 23:42 
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INTOLERANCIA CON LAS IDEAS, TOLERANCIA CON LAS PERSONAS (guenon)
AMO AL QUE ATACA AQUELLO EN LO QUE MAS CREO PORQUE ME PERMITE REVISARLO Y...(aquino)

Este experimento se ha realizado ya en numerosas ocasiones dando resultados muy positivos.

Aunque me parece que todo depende de las necesidades. Porque la necesidad empuja.

La aparición de un campo promotor apropiado puede ser facilitada por la resonancia mórfica procedente de animales o personas similares, o bien puede surgir un campo totalmente nuevo, no sólo por primera vez en la historia de un individuo, sino por primera vez en el mundo. 

Sheldrake comenta la teoría de Jung del Inconsciente Colectivo. Si los recuerdos no se limitan a un almacenamiento en el cerebro físico, sino que nos llegan a través de resonancia mórfica, la experiencia acumulativa de la humanidad bien podría incluir los arquetipos descritos por Jung. 

La ciencia no necesita tampoco negar la posibilidad de la ocurrencia de fenómenos paranormales, ya que éstos pueden ser, en parte, explicables con la resonancia mórfica. Un apoyo adicional de la teoría de Sheldrake se encuentra en el libro de Lyall Watson (Lifetide: The Niology of Consciousness). En este libro Watson relata el sorprendente suceso que pudo observar mediante codificación genética.

El Nessy

A PREPONDERÂNCIA DO PEQUENO, 
Segundo o Hexagrama 62, do I CHING

Relações invisíveis (GUÂ)
para o olho destreinado.
Por limitar-se comprimindo-se
ao menor grau, o PEQUENO
faz sua PEQUENA ULTRA- PASSAGEM. 
Exerce-se influência insistindo, mas só em 
alguns assuntos restritos. O OSSO,
aparentemente, suspende-se
à cada polidez, para além da dentada;
vai afiando o pensamento, pré-
parando a aresta, o corta-luz
aceso na Pedra Filosofal,
próximo ao medo do motor
(instável centro do mundo
fulgurando no espelho pessoal);
e entrando pela noite afora
na trilha para a voz-manifesto.
O MALEÁVEL  atinge o CENTRO,
aure benefícios em pequenos assuntos e
mira-se francamente no espelho.
PREPONDERÂNCIA DO PEQUENO.
Sucesso: terra virgem parindo
felicidade em assuntos restritos.
A energia está alta, mas não
será gasta inutilmente... POR NADA!
Absorvido em abonos inesperados,
o Grande Homem não se desperdiça;
Ele não desperdiça nem mesmo
seu olhar, fixo no espelho pessoal.
A limpa baba de Deus, NÃO
se transformará em formalismo vazio
e subserviência cacete de pet.
ACEITAÇÃO. A voz-manifesto,
operária-vinculante do CENTRO,
arrola testemunhas exigentes:
catastrofistas e moscovitas;
gendarmes e prostitutas;
otimistas e abstênios;
sacerdotes e tarifeiros;
exorcistas e homossexuais;
vendidos e insubornáveis;
filhos-pródigos e detetives;
Borges e Sábatos;
pirotécnicos e bombeiros;
feministas e moralistas;
aquarianos e taurinos;
profiláticos e revolucionários;
virgens e impotentes;
agnósticos e monges;
imortais e suicidas;
franceses e não-franceses ---
E DIZ: ''Tudo é remediável!'',
mediando a maravilha humana
com um exército de des-
maravilhadores engajados.
Suja por seu sentido de cautela,
a PEDRA FILOSOFAL passa mal
no laboratório do alquimista.
Acima da MONTANHA há um
TROVÃO. Assim o Sábio
PREPONDERA EXCEDENDO-SE
em suas ''restrições'': nas necessidades,
excede-se pela economia;
no perigo, pela cautela;
no AGIR, pela NÃO-AÇÃO.
Após a incrível energia
gerada pela confiança interior,
deve-se BAIXAR A BOLA
e fugir da CONTRA-MÃO, 
correndo entre os carros opostos
que queimam o asfalto político.
O sangue culto resiste, duramente,
limitando-se a metas humildes.
Cara a cara, repetindo no espelho
O POSICIONAMENTO DO COMEÇO,
o MUTANTE  avança com discrição
em sua META-MORFOSE em
constante RE-CAPITULAÇÃO.
O Grande Homem fixa sua atenção
no DEVER, mais direta e detalhadamente
que o homem comum. Sua CONDUTA
soa mesquinha aos olhos do mundo,
mas Ele está consciente de seus atos.
Sabe que logo sobressairá novamente
aos olhos do povo, COMO ALGUÉM
EXCEPCIONAL. PÁSSARO NO NINHO
ATÉ EMPLUMAR-SE. Versões,
sinais diacríticos, interferências
invisíveis ao olho desarmado.
Microscopia indecifrável de revisão
gerando alterações num código secreto,
enquanto computadores in conserva
comem proteções de tela parnasianas,
se perguntando que tipo de dívida
cobre o país com insinuações de paz
(inconsútil, o I CHING simula aqui
um dumping virtual, sob o CAMPO 
MONITORADO DA GUERRA).
Medidas extraordinárias (no entanto)
só devem ser tomadas
quando não há outra solução.
NENHUMA CULPA. O Poeta
funciona apenas como representação
técnica desligável, usada por
ícones de serviço (sonoplastia
de ruídos, e sustos curtos sob
o CERCO DAS ATORMENTADAS).
Alvo do maremoto, a NATUREZA
é alvo e flecha de seu próprio instante,
das margens de risco que o mapa
permite automaticamente, com insultos,
sugerindo paralelos com o dia intransitável.
RÚHÉ: ''É como o que? COMO
É?COMO É QUE É?!''.
Difícil de traduzir isso
do chinês clássico. Vide Pulleyblank.
Malabaristas do mal-estar?
Seis na sexta posição significa:
''O Pássaro em seu vôo o abandona.
INFORTÚNIO! PREJUÍZOS!''.
Deve-se assumir uma atitude modesta,
e instalar todos os seus desafios
numa hemo-teca inexpugnável,
onde o silêncio interno haja coagulado
até transformar-se em boas notícias.
Lá fora, os outros compartilham
a DOXA no limite dos fatos.
Pensar (para eles) não é rentável,
aquém de todo cálculo e chafurdando
na ilusão da autenticidade,
não se previnem, e são atacados;
desconhecem (misrecognize) o 
ARBITRÁRIO, a SÓCIO-ANÁLISE e as
FORMAS POLÍTICAS DE AUTO-TERAPIA
(tudo aquilo que obriga a pensar
com a própria cabeça, a medula
intelectual das NOVAS FORMAS,
a fórmula das NOVAS MONTAGENS e
NOVOS CÓDIGOS DE LEGITIMAÇÃO,
seus embates e encaixes).

K.M.

Massa abundante e linfática do tempo.

O tempo trivial e amorfo de todos os dias , é aqui que eu vivo , é aqui que ele se acumula ; ''lá '' é como conhecer outro tempo, o tempo da música silenciosa e suas partituras telepáticas, cujo fim já está presente em seu começo: a Eternidade. Mas aqui é como se eu me introduzisse em um impiedoso romance que não acaba mais, vivendo tudo isso com o tempo indolente e indefinido , abundante e pastoso, repleto de pequenos desabamentos dissimulados que são meu tempo aqui; e parece-me que eu não vinha tratando todos esses bens poéticos excepcionais com a devida atenção ---- meu único modo de tratá-los era a ausência e o Nada, intercalados por raras e fulgurantes presenças. Como se essa ausência em relação a tudo fizesse parte da condição humana normal. Eu desejava que os próximos dez dias tivessem uma qualidade excepcional desse Nada, ainda que fosse possível concentrá-lo em uma ou duas horas e até tele-transporta-lo . Tal Nada só poderia ser encontrado num momento de grande felicidade, uma espécie de doçura longínqua e um pouco cruel, e numa espécie de aristocracia também , espessa como vinhos encorpados ; felicidade por atacado, abundante : tinha sido uma bela oportunidade acordar de madrugada e caminhar até os degraus da igreja; um retorno rápido, antes da aurora, pelas ruazinhas enquanto as primeiras luzes se acendiam e as vielas sombrias abriam suas correntes enquanto eu passava ; um passeio em volta das muralhas de anúncios neon. Mas porque minha natureza, muito entusiasmada , ainda tinha alguma desconfiança cínica do Nada, de bancar o maravilhoso nos detalhes chocantes e que, apesar disso, são também parte do momento, e depois, apesar de tudo, num tempo bem cotidiano : o passeio pelas ruas de noite inseriu-se entre a espera irritante de um mandato que nunca veio e duas disputas acirradas há pouco por esbanjar a própria vida. Não por avidez de viver o máximo possível, que não é desperdício, mas por uma certa indolência, deixando correr os momentos para os moldes do passado , certo de que nenhum deles é insubstituível . Massa abundante e linfática do meu tempo aqui, o espírito do Nada é honesto demais. Por isso em muitos casos eu fico apegado, ainda que isso pareça dar um jeitinho de má-fé . Certamente : viver o Nada autêntico em cuja autenticidade há lugar para coisas ainda mais raras e excepcionais. Numa palavra: a licença poética fora-me dada, não havia mais o que fazer. Fôra uma licença difícil de ser obtida, pois nunca foi fácil para ninguém ''encontrar o Nada'' : e eu a aceitara como um empreendimento dos mais sérios. Pensei muitas vezes nas dificuldades dos homens em licença poética dentro do Nada. Mas para mim essas dificuldades foram nulas, e muitas outras que já mencionei . Direi inclusive que tive enorme êxito na minha licença, por estranho que pareça. Passei por tudo sem perceber que estava disputando uma partida, mas minha afabilidade natural, minha gentileza e minha sorte, bem como meu rosto e meu corpo , não me deixaram perder. Golpes nulos. A súbita desorganização do romance em boa hora eu a descrevi, e descreverei de novo amanhã; essas rupturas bruscas no equilíbrio narrativo, que descarregam subitamente formas internas , no momento em que elas pareciam estar mais organizadas, são características da instabilidade da licença poética.


''O poema se faz por sedimentação...''
 
de A Caça Virtual e outros poemas
Ivo Barroso, 
tradutor de Rimbaud no Brasil

É divertido e ponto...

A Primeira Visão é a visão do despertar. Contemplamos nossa vida e percebemos que existem mais coisas acontecendo do que imaginávamos. Além das nossas rotinas e desafios do dia-a-dia, podemos detectar a influência do Divino: coincidências significativas que parecem estar nos enviando mensagens e nos conduzindo a uma direção particular. No início apenas vislumbramos essas coincidências enquanto passamos rapidamente por elas, praticamente sem notá-las. Finalmente, porém, começamos a diminuir a velocidade e examinar mais de perto esses eventos. Receptivos e alertas, somos mais capazes de detectar o evento sincronístico seguinte. As coincidências parecem fluir e refluir, algumas vezes avançando rapidamente numa rápida sucessão, outras nos deixando quietos. Contudo, sabemos que descobrimos o processo da alma que guia nossa vida para frente. As Visões remanescentes mostram como aumentar a freqüência dessa misteriosa sincronicidade e descobrir o destino final em direção ao qual estamos sendo levados.

''uma criança tagarela no playground
uma formiga escala o himalaia de um vaso
a espinheira espalha a perplexidade de suas folhas bífidas
o mármore da janela espera outro milhão de anos

eu escrevo.

*

amo as restaurações pacientes, o poema
se faz por sedimentação, não pela rasa
redução à ruína.

*

A espátula. o livro. por que feres
a pele da surpresa. as palavras
que fiquem na represa da página.
podes ler assim o que quiseres''

IVO BARROSO

*

Particularmente, conheço muitas pesquisas norte-americanas sobre ''língua chinesa''. Lembro que uma vez um grupo de chineses foi enviado aos Estados Unidos, para palestrar em diversas universidades , para diversos linguistas americanos. Ao final destes encontros, uma parte dos pesquisadores haviam identificado um problema: o de que nem a linguística, nem a língua chinesas estavam exatamente ''a serviço da Política''. Ao que os chineses replicaram dizendo que isso se devia à uma deficiência recente herdada do trato com os europeus. Mas seria demorado demais aprofundar o assunto. Desde a Revolução  Cultural, inclusive, que ninguém mais encontrou tempo hábil para discutir o assunto. 

No entanto, minha visão pessoal sempre foi a de que, descontando-se todo o totalitarismo político absoluto, o radicalismo, o monologuismo discursivo obsessivo, monomaníaco do tecido de um texto sem ''falhas'', e do chauvinismo e sinocentrismo militarista, a língua chinesa permanece muito precisa; penso que é possível expressar o que se pensa nela com incrível precisão. 

Superdoxa, super-radical, super-catequista, efetivamente: um experimento milenar de ''vanguarda''.


NUTRINDO-SE ADEQUADAMENTE DAS LETRAS DE EMERGÊNCIA
Segundo o Hexagrama 27, do I Ching

Talvez uma sensibilidade mais fria
no ''Céu da Boca'', redizendo com
certa demora, as partes do livro
mais esperadas: ''Rindo-se, agora,
mais sério reincido na secretária
ideal, perguntando se ela me serve
ou não. ABOCANHAR!, digo: sim,
vamos juntos até onde der''. Certo
(continuando) do olhar que as
LETRAS DE EMERGÊNCIA
prende nas coisas, supondo
fiéis indicações de ''uso''
para o emprego da NOITE.
N ´outra analogia, a Panela de Pressão, 
representada pelo Hexagrama 26,
permite, no Hexagrama 27, a ''cocção''
dos alimentos com que se nutre.
A caneta ousa toca-la pelo que
ELA encerra: o último segredo
alquímico, dentro da Panela
é o Tempo. De sua dura substância,
resta a linfa libertada, que a mão
faminta, espalha pelo volante
da IMAGEM TOTAL, lembrando
uma boca aberta em viagem,
sem som e amortalhada,
através da ''Montanha'' (que
representa o maxilar superior,
fixo) e do ''Trovão'' (que representa
o inferior, que se movimenta
no território civil dos sonhos).
COMO pressentimentos que se esvaziam
para encher imagens-relâmpago
e temas emergenciais, os quartos
avivam as paredes em que os olhos
registraram a jornada da oficina.
CLARO, este Hexagrama é
simétrico (alimentar e ser
alimentado: tanto o tipo de comida
que preferimos, quanto os assuntos
que escolhemos, são indicações
fiéis da qualidade de nossa pessoa).
O Hexagrama nuclear, H02, é a
CONFORMIDADE, que tudo devora
com sua ACEITAÇÃO do PROCESSO.
Certo: ''Agora, você está rindo, mas
é melhor se controlar, e fiar-se
no aprofundamento dos riscos
de cada ação móvel, somando
todas as linhas, volumes e superfícies
onde se depositou cada porção
de seu SILÊNCIO MORTAL''.
O Hexagrama antagônico é o 28: EX-
-CEDENDO-SE --- SENDO GRANDE, 
porque , sem a contenção e os cuidados
do Hexagrama 27, haverá um ''crescimento
desmesurado de tal SILÊNCIO''
na pausa arrepiante da noite.
Um deserto --- um RIO, absolutamente
ENORME- -- tudo absorvendo
em alta velocidade: expLicações,
vozes, corpos, resistências,
degraus de contestação, gradações
de pessoas tele-transportadas
às portas deste DESERTO, COMO
''partículas de comida'' entre-atuadas
pelos vossos dentes. No teu rosto, 
TUDO seguirá imóvel, enquanto se fala
inutilmente sobre as notas de um piano,
pedindo que o que já SOIS
se transforme em COMBATE.
Orgulho. Murmú-rios. Riquezas
de punho novo e pátria velha.
Entrarás no universo dos mortos
(de novo) só para revê-la viva, e
encontrarás somente a DÚVIDA
lá dentro: Hexagrama 231,
DESGASTANDO-SE PERIGOSAMENTE!
''Você afasta sua divina tartaruga,
e A observa, balançando o queixo.
PREJUÍZO para o seu coração,
galopando nos verdejantes pastos
do Salmo 22. SHÉ: Casa, residir,
separar-se de - JOGAR FORA.
Encurralada pelo teu osso,
sozinha no pegajoso Bardo
de ectoplasmas do não-tempo, ELA
te verá novamente, de relance.
LING:  substância espiritual,
a visão é divina e satânica
ao mesmo tempo (sobrenatural
nos canteiros hiper-geométricos
no centro de tua LUZ). Porque
não há o que (com quem)
conversar ALI. Os mortos
voam ALI para as pedras
pela ventania que açoita a noite.
Observar-te apenas, balançando
o queixo, realmente não basta
para ser respeitada ALI ----
um NARCISO tão ocupado
trabalha ALI a pleno vapor,
acumulando sua Sombra
numa ''sementeira'' em quarentena
capaz de explodir o mundo.
Yang em posição Yang, a vizinhança
ilegítima com a BOQUIABERTA 
--- pasmosidade extática? ----,
esta linha (2) que tem
potencialmente, muita energia e,
por se encontrar na base do ''Trovão'',
ELA representa o maxilar que,
movimentando-se, efetiva o processo
de alimentação. Nutre adequadamente
a si mesma, diminuindo o supérfluo (H412) 
com uma consulta oracular nobiliarquica.
Yin em posição Yin --- linha desorientada
apesar de sua posição central. Os
movimentos de mastigação (coçando
a pleura) enfeitam com requinte
o sangue do Diabo. Sua baioneta
antisséptica ''MORDENDO PARA UNIR''.
O sangue coado no brasão dos rins
é conservado à temperatura de geleira.
O benefício de virar o maxilar
se origina no de cima AGIR
de forma esplendorosa ----
DEVORANDO e, no entanto,
já pensando em pegar outra.
O Dicionário Chinese-English,
na página 285, traduz o H274
COMO: ''Olhar intensamente
como um tigre, contemplando sua presa''.
DESEJO. PAIXÃO. APARÊNCIA.
PERSEGUIR, MARCHAR. CAÇAR.
CONTINUAR SEM JAMAIS FATIGAR-SE
E RESSURGIR POSITIVAMENTE.
O motor da nutrição astral, sendo
prudente, traz benefícios, e grandes
recompensas do Céu! QING: cumprimeta-la
com presentes, DEPOIS. Pois caso
não se mantenha o extremo rigor
do Rito, na sua conduta,
condizente com sua função,
haverá desgraças e calamidades,
e uma grande derrota, por sua
responsabilidade de líder.

K.M.



A PALAVRA e o TANTRA.
O poeta e A leitorA vão dos seios da mulher à nau, ao armário e seus estofos, daí aos broquéis, vinhos, perfumes, licores... também em o Perfume o cheiro do almíscar é sutil e estranho encanto que transfigura / em nosso agora a imagem do passado: por isso remete ao corpo, aos outros cheiros, cabeleiras, alcovas, roupas íntimas de mulher, molhadas; Baudelaire foi também, por isso, o poeta das sensações vivas, cheiros que são cores, que são sons, que são lembranças e emoções''. E Sabrina voltou com outra voz.. Eu estava com o jornal nas mãos. Outra voz, mas atacando a mesma canção, agora mexendo com os quadris, embora bem agradável ao olhar, como se fosse uma aeromoça. Outro foco de luz sobre ela, agora: alaranjado, praias do Norte, o tom vermelho-alaranjado de uma atleta, de uma jogadora de vôlei de praia. O vento erguia um cerco à nossa volta, e não havia necessidade de falar nada: PALAVRAS SÃO SOLIDÃO. "Apenas fique com ela, K(...'', eu me repetia, ''e talvez você escape ileso de tudo isto; deixarei um par de palavras para você no forno, na cozinha de sua casa: quando voltarem, você as cobrirá com os cotovelos sujos de tinta de caneta e as esquecerá logo depois de ler(...''. Subimos depressa a íngreme duna diante de nós, e sem perder mais tempo tiramos os chinelos; a respiração dela, arquejante devido ao esforço de correr morro acima, me pareceu deliciosa: era o gosto da juventude renovada pela PALAVRA e o TANTRA.

Post Scriptum
Na verdade, meus pensamentos (assim como os seus ) só funcionam ''dentro '' de nossos respectivos mundos ----- um dos maiores problemas da filosofia cla´ssica era distinguir a ''imagem mental '' do ''objeto concreto ''. Outra caracteristica do meu mundo é sua proximidade com o mundo de Martin Heidegger e o ''Dasein ''. O mundo tem minha pessoa como referência, e é minha pessoa que lhe dá sentido. Isto significa : para todo objeto , para todo acontecimento existente em meu mundo, o simples fato dele ACONTECER em meu mundo lhe oferece uma característica de ''SER DISPONÍVEL '' , ''SER QUE ESTÁ À MÃO PARA ... '' . Porque se o mundo de Heidegger tbm era o mesmo mundo onde agora me mexo todos os dias, tudo que dentro dele houver aparecerá necessariamente a mim através de sua FUNÇÃO ou UTILIDADE. Quando afirmamos que este mundo é essencialmente ''próximo '' ao Dasein , que sua característica é DES-DISTANCIAR as coisas frente a nós, estamos simplesmente reafirmando esse caráter de DISPONIBILIDADE dos entes que aparecem no mundo de Heidegger. É preciso evitar toda e qualquer idéia de ''RELAÇÃO ESPACIAL ' QUanto à esse conceito de PROXIMIDADE. O que Heidegger diz é bastante claro :se tenho capacidade de reconhecer alguma coisa, é porque essa coisa exerce alguma função para mim .A idéia de ALCANCE implicada nessa concepção do PRÓXIMO se aplica mesmo às distâncias espaciais no sentido vulgar : acasa no fim do caminho pode estar ''espacialmente '' longe de nós, mas desde que sabemos onde ela se encontra, ela está DISPONÍVEL PARA ... , eventualmente , nós a ela chegarmos. A análise de Heidegger é bem sensata, e sua sensatez esconde alguma coisa de muito sério.

Post Scriptum

Na minha troca de pele há sempre um ímpeto faminto sobre uma trilha sinuosa; agachado e escondido entre os espinhos, lambendo os dedinhos várias vezes, pois minha felicidade adora gracejar : deixo muita coisa cair e rolar, por isso me consideram desdenhador. Afiado e suave, rude e refinado, conhecido e estranho , sujo e limpo , convidando a amada leitora a colocar-se do lado do Louco e escrevendo na linguagem direta do ''degelo '' : com atrevimento, inquietação, contradição , tempo de primavera, e assim permitindo à gratidão fluir continuamente, como se o mais imprevisível tivesse acabado de acontecer ---- um espírito que resistiu com muita paciência a uma pressão terrivelmente prolongada e adquiriu poderes mágicos de contágio ; mas de uma forma paciente, rigorosa, fria, sem atender aos abatimentos colaterais, e tbm sem esperança, ainda que tomado pela fortaleza crítica sobrenatural do nirvana ---- esbanjando-se com maliciosa delicadeza em problemas que possuem uma pele cheia de espinhos e não estão acostumados a serem afagados nem tratados bem ... Mas quem sabe o tipo de linguagem que eu procuro ??? , Que monstro de substância paródica, incipt parodia , sem temor ...

Post Scriptum

--- Se alguma coisa for realmente necessária para fazer-te ficar novamente bem consigo mesma, MEU AMOR, advirto desde já que ontem à noite redescobri Giovani Papini(... não me importa que ele seja um chauvinista, um pequeno hipócrita ou um pedante míope(: COMO FRACASSO, É MARAVILHOSO(!) não só ele, mas os livros que leu, e como os leu... aos dezoito anos(! não só Homero, Dante, Goethe, não só Aristóteles, Platão, Epiteto, não só Rabelais, Cervantes, Swift, não só Walt Whitman, Edgar Allan Poe, Baudelaire, Villon, Carducci, Manzoni, Lope de Vega, não só Nietzsche, Schopenhauer, Kant, Hegel, Darwin, Spencer, Huxley ---- não só esses, mas toda a arraia-miúda que fica entre eles(... isso na página 18 - ALLORS - 232, Papini sucumbe e confessa: ''NADA SEI'', admite: ''CONHEÇO OS TÍTULOS, COMPILEI BIOGRAFIAS, ESCREVI ENSAIOS CRÍTICOS, CALUNIEI E DIFAMEI... POSSO FALAR DURANTE CINCO MINUTOS OU CINCO DIAS, MAS DEPOIS(... SANTO DEUS, EM QUE ME TRANSFORMEI(?)

e (CORTA ---- Deitado e já de banho tomado, contente de tocar com a ponta do dedo a ponta do seio de Joana, tive aquele conhecimento que cai como chuva, pois compreendi então que o amor não era um dom, mas um voto. Somente os bravos podem viver com ele por muito tempo. Lembrei então outras mulheres com quem estive, deitado ao lado delas, com um amor um pouco diferente; tive uma vaga indicação disto ...e flutuamos com a maré, profundamente um no outro, como um longo fluxo de recordações, até tarde da noite.

A cauda de um pavão real,os céus tecidos de estrelas, as estrelas refletidas na água obscura, esferas luminosas, lingotes de ouro ou areia dourada espalhadas na terra negra, uma regata na noite, com lanternas na superfície do mar, um olho solitário na superfície da terra ou do mar.

Antes da criação deste mundo já existia a GRANDE MENTE UNIVERSAL, que descansava nas ÁGUAS.

Este mundo eram as águas que fluíam em si mesmas,'NA ONDA INFINITA''. Até que: ''As águas desejaram. Solitárias, arderam como fogo... e arderam o próprio ardor'' Na onda se formou uma concha de ouro. Isto, o UM, nasceu pela potência do primeiro ardor'', escreve Calasso em Ka. Este desejo ou ardor (tapas), que brota das águas, se manifesta como uma faísca, como um resplendor que acende a crista de uma onda trêmula; - só uma mau resumida história de como essa luz na água fez com que a mente se materializasse para perseguir esse ardor que parecia flutuar fora dela.

Post Scriptum

SUA PRESENÇA AQUI É ORDEM, ela diz... enquanto a lembrança de ontem à noite se dissolve: ela fez um biquinho que eu adoro, como se estivesse escondendo uma pastilha na boca ---- virei-me para beija-la, no escuro ---- ela permanecia imóvel ---- A PAZ É COMPLETA ---- o amor que nos bafeja é completo ---- (CORTA ---- agora eu estou passando o aspirador de pó na sala de estar, a vitalidade perversa da poeira que as caixas de papelão deixaram pelos cantos do apartamento: quando eu estava ainda no colégio, lembro que fiquei encantado quando li, em algum livro de química, que os cheiros que sentimos são pedacinhos mínimos da COISA EM SI, que excitam um receptor no nariz, uma fumaça mais sutil; tudo tem sua nuvem, a de uma flor é maior que a de uma pedra, a de um cadáver é maior do que a de uma pessoa viva.

KM


Daremos um outro nome à essa febre

Daremos um outro nome à essa febre, ou como diria a poeta americana Amy Clampitt :


to realign
the warp of history by

more than a snippet, or
forestall, when the wailing
stops, the looming torpor ----

except from, just possibly ,
inside the fragile
ambush of being funny.

A.C.

Post Scriptum

Como a re-combinação, tão ilimitada quanto seu jogo, poderia satisfazer a imagem lapidar da criação poética daquela ''sede pelo solo virgem do tempo '' ???

O que o poeta almeja, como veremos, é uma novidade de combinações que sugerirão ao ouvinte ou à leitora uma auréola ou uma esfera iluminada de sentidos perceptíveis e de energia radiante ao mesmo tempo capaz de ser compreendida e de enriquecer (transcendendo ) o que já existe.

CREIO OBSCURAMENTE QUE OS ELEMENTOS QUE APONTO SÃO UM TERMO DE COMPOSIÇÃO. O PONTO DE VISTA DA QUÍMICA ESCOLAR SE INVERTE. QUANDO A COMPOSIÇÃO CHEGA AO SEU EXTREMO, O TERRITÓRIO ELEMENTAR ABRE-SE. OLHÁ-LOS E, SE POSSÍVEL, ''VÊ-LOS'' ...

K.M.


O FUNCIONAMENTO ALTIVO DA RETRANCA
Segundo o Hexagrama 39, do I CHING

Ah, quando o Poder enlouquece
come-se o ódio de toda a conjuntura,
suando-se as cascas do inimigo
à cada perigo incômodo. DEPOIS,
os antigos benefícios de ''insistir''
formam ''teimas'' auto-inculcadas pelo espelho.
Mas o movimento ainda é possível,
mesmo que exija cuidados e dinheiro.
Objeto do H12: PARALISIA PELA
INCOMPATIBILIDADE. O movimento
é praticamente impossível e o Poder
--- mais antigo que a Arte --- fala sozinho
todas as suas preces, OBSTRUÍDO.
Mais sábio, ''alguém'' diz: NÃO
NECESSARIAMENTE. Pare os olhos
um momento naquelas moças da paisagem:
almas e olhos enlouquecidos, que
andam perdidas, sem FIXAR
nem MEDITAR nada; são COMO caixas
de música, de ''dar corda''.
Enxergar isso e ser capaz de deter-se,
isto é sabedoria, NÃO É VERDADE?''.
É o POETA quem o diz, à frente,
na vanguarda, na... SOMBRA:
''O sudoeste é conveniente, porque
avançando por ali, se atinge o equilíbrio
e o corpo esgotado fertiliza-se;
na LUZ do pântano, as velhas preces
voltam a florescer na RETRANCA criada''.
NOTA-SE (então) QUE O MOMENTO
DE OBSTRUÇÃO TEM GRANDE UTILIDADE.
Enfrentar obstáculos ajuda muito
a represar a energia ''com pressa''.
Acima da montanha há água obstruída.
Assim, o o Poeta mete NELA sua
MÃO SUJA, e desenvolve seu potencial.
Enquanto isso, nos vales nublados,
treina seus soldados bêbados
para vomitar um exército inteiro
nas covas do general da Rainha.
LIBERAÇÃO SIGNIFICA RELAXAMENTO,
e funciona: a alegria tem seu horário
programado por uma porta fria
no meio da testa, COMO se 
a LUZ babasse, sempre em riste,
aquilo que resiste (GONG) à provação,
resultado de um esforço concentrado
da atenção, através da Noite apressada
da Sabedoria de todos os Séculos.
Mas AQUI, o ''apressado'' torna-se ''suspeito'',
misto de luz e opróbio (reprovado)
na confusão dos elementos. O TEMPO
(rebelando-se) se eleva e voa
à beira do Atlântico, a jorrar seu sangue,
seu pus, orgulhoso das transmutações
de plasma, proibidas em outras nações.
Nos States, chegada a noite, sua vergonha
é algo que até empalidece o Poeta.
Seu osso estremece. O Hexagrama antagônico
AQUI, é o H38. DIVERGINDO CONSTRUTIVAMENTE.
Noite de sábado: não sei porque,
esse sábado toda a DEMO-CRACIA
saiu às ruas, troglodita e docemente
criminosa, com todos os seus ódios
e cóleras cantando os pneus 
de suas certezas no Fogo;
saiu às ruas monstruosamente armada,
do esfíncter até os dentes. Mas
o Hexagrama nuclear é o H64,
indicando que suas melhores armas
AINDA NÃO HAVIAM ATRAVESSADO A NOITE.
O Poeta, então, retoma a palavra:
''Com sua calúnia (diz Ele) o Hexagrama
calibre 38, NOS ENGANOU
com sopros de mira telescópica! ,e
vitupérios de ar comprimido
prestes a explodir. REPITO:
com seus medos blindados,
e sua coragem enlatada, a DEMO-
CRACIA nos usou covardemente,
assombrando de morte
o poder de nossos socos
com sua falsa mirada de fugitivo.
ELA NOS ENLOUQUECEU, recuando
com ar de mulher traída
para o fundo de esgotos inacessíveis.
Recuou até onde permitiram
seus acasos de inteligência tática
e seus enlaces de embaixadas --- TÃO
encantadoramente estrangeiros, TÃO
inquisitivamente internacionais,
com todo esse fascismo triste
que fede à voto popular
e pânico midiático agressivo
causando coceira de vermes
na merda que ela própria cagou na rua.
A DEMO-CRACIA NOS TRAIU, cheia de
artificiozinhos femininos e
cadafalsos nos bolsos traseiros e
guilhiotinas de inoxidável esmero político e
obuses de helicópteros (democraticamente)
explodidos no ar. NATURALMENTE,
somos agora (nós, os poetas)
uma classe teórica --- de teoricopatas
jorgeborgeando adultérios fictícios
tão timidamente, que a audiência
do Hexagrama 40 (LIBERANDO TENSÕES)
vira-se para a ''esquerda'' preocupada,
aturdida por um largo ruído de mão
estrepitosa, que alguns governos autorizam
com reserva, explorando-a com 
selvagem paciência, só para 
''VER NO QUE DÁ''. Assim
consigna a DEMO-CRACIA
seus adictos bêbados e ex-ministros
com informações privilegiadas, seus
ex-policiais forasteiros foragidos
agitando bandeiras orientais
ameaçadoras, no meio dos problemas alheios.
SEM SE ASSUSTAR. Linhas H392 -
H361: avançando desordenadamente
vem os obstáculos; depois, o recuo;
depois, OS ELOGIOS. Após os elogios
(conclui o Poeta) é melhor ESPERAR.
Yin em posição Yang: sem correspondência
nem vizinhança --- esta linha não tem forças
nem recebe ajuda ou incentivo
de ninguém para superar os obstáculos,
pois é ''perigosa''. E por isso, RECUA
''freando as rodas do carro'' (H361).
No fim, o Poeta é um pouco criticado
porque no H482, seu ''cântaro não vaza''.
YÓU: censurado. Mas a posição conquistada
frutifica estranhamente, cedendo com modéstia
algumas opções alternativas de compensação.
Tendo (com isso) superado parte do obstáculo,
o Poeta não se deixa levar pelo entusiasmo.
SHUÓ: grande, crescer, desenvolver-se
ainda mais. Excelente! Fino. CÓNG: 
seguir. No topo do Hexagrama 39,
a tentação é continuar o caminho
totalmente só, voando ''COMO
um ganso selvagem que progride
até as estradas do Céu'' (H536).

K.M.


ESPERA

-Un guerrero sabe que espera y sabe lo que espera; y mientras espera, deleita sus ojos en la contemplación del mundo. El logro definitivo de un guerrero es disfrutar con la alegría del infinito.

-El destino de un guerrero sigue un curso inalterable. El desafío consiste en cuán lejos puede llegar y cuán impecable puede ser dentro de esos rígidos confines.

-Cuando un guerrero deja de tener cualquier clase de expectativas, las acciones de la gente ya no le afectan. Una extraña paz se convierte en la fuerza que rige su vida. Ha adoptado uno de los conceptos de la vida del guerrero: el desapego.

Re-citado , de Castaneda por ele mesmo, em A RODA DO TEMPO


UMA NOTA DE PÉ DE PÁGINA...

Em uma nota de pé de página do seu artigo “Reincarnations in Tibet”, H. P. Blavatsky explica:

“O termo Dug-pa no Tibete é depreciativo. Eles próprios pronunciam a palavra como ‘Dög-pa’, a partir da raiz ‘ligar’ (aqueles que estão religiosamente ligados à antiga fé); enquanto que a seita principal – os Gyeluk-pa (gorros amarelos) – e o povo, usam o termo ‘Dug-pa’, que significa um criador de problemas, um feiticeiro sem ética.” 

O nome “Ningma-pa” é transliterado da língua tibetana também como “Nyang-na-pa”. 

No texto principal do artigo, na mesma página, HPB descreve a seita da seguinte maneira:

“Os ‘Dug-pa ou gorros vermelhos’ pertencem à velha seita Nyang-na-pa, que não aceitaram a reforma introduzida por Tsong-kha-pa entre a última parte do século catorze e o começo do século quinze”.


ENTRANDO NA ÁGUA COMO UM ELEFANTE
Segundo o Hexagrama 16, do I CHING

Toda inteira em seu sono, AGORA
ela escutava todo meu carinho: era
o cantar submerso dos azulejos
sob os Tâmisas, sob os Tejos,
o ''gamer'' de toda oculta novilha
sob o rio negro das maravilhas.
De dentro do rio, depois, emerge
o ELEFANTE do Hexagrama 16,
passando de mão em mão, COMO
uma prostituta de grande qualidade.
Precavido na ALEGRIA, mas FEROZ
no prazer, ELE aparece no horizonte
para injetar DEMO-CRACIA nas palavras
transparentes que puteia, ferozmente,
em cada veia dela, com seu estuche
de desídia insolente a olha-la a-través,
e de frente, da cabeça aos pés,
interrogando-a calmamente (em francês)
para que ela responda, hipnotizada,
com guiños cúmplices e corruptos
a cada espasmo corporal súbito.
No manuscrito de Mawangdui,
este Hexagrama tem o nome de YÚ,
formado por ''comida'' que ''se evidencia''
com ''ENTUSIASMO''. Arrebatamento
que resume a quintessência do fumo,
do transe, do TRANSPORTE DIVINO,
pelas contra-senhas do orgasmo tântrico.
Veemência, vigor (no falar e no escrever):
mas nossa modesta vaidade, AQUI,
resulta complicada para ELA.
Nossos silêncios integram uma
''partícula excelsa'', superior,
que põe outras tantas em ação.
Isso arrebenta a cabeça do ego alheio.
Palavras que se ubiquam e re-ubiquam
em nossa vanguarda acribillada.
Referindo-se à segunda Linha
deste Hexagrama 16, o Mestre diz:
''Conhecer as sementes é (sem dúvida)
uma faculdade divina. Elas são os primórdios
imperceptíveis do movimento, e o
primeiro sinal de BOA FORTUNA.
O homem nobre as percebe e ----
ZHÓNG! ---- age imediatamente.
O homem nobre conhece a fraqueza
e a força de cada um,o oculto e o manifesto,
por isso as multidões (el retortijón existencial)
erguem o olhar para ELE''.
Adjetivos e gerúndios, pré-posições e
delírios lúcidos provocam angústias
auto-induzidas de um grande nível artístico.
Assim se obtém a ANTEVISÃO
que evita os INFORTÚNIOS.
Aprende-se isso no Hexagrama 16,
PREVENINDO EXCESSOS,
''através da ação''. JIÁN ---
estabelecer, fundar e, também ''agir''.
Prevenindo excesos, o FIRME
corresponde e age com determinação;
move-se com aceitação do Carma,
das circunstâncias e, na Linha 4,
Yang, regente do Hexagrama,
ELE se assenhora da Grande Tarefa.
''Dos fliperamas do Norte'' 
(ELE diz, então, confiante)
''só lhes restarão as roletas
das loterias e da morte;
os longos sóis de verão
que nunca fazem germinar
em suas roças, um só grão e,
encurralados pelo próprio muro,
não lhes resta, mais, nenhum futuro''.
O TEMPO E SUA CONCRETUDE.
O Trovão aparece e chocoalha a Terra,
PREVENINDO EXCESSOS. É ''adeus''
cada forma de vida movendo-se
sob o sol, como presas do Tempo
fétido que sopra do Norte,
a murchar os brilhos vazados
dos cães de palha do sacrifício.
GÚ: causa. KUÁNG: ''sem
mencionar que...'' XING:
crime, punir, tomar COMO
exemplo que ''O Céu não
recompensa o leite jorrado
do Inferno''. O oceano é sem termo,
ó quântica papoula
na TESTA DO ELEFANTE ---
calma na sua claridade,
FEROZ na sua ATENÇÃO.
Ó pétalas de energia que ardem,
e que sabem ser o incômodo
saber de cada acidente
desgovernado da matéria.
NÉNG: capaz, poder, talento e
HABILIDADE --- KUNG ---
GRANDE--- FU. Com esta imagem,
o I CHING nos apresenta uma
SITUAÇÃO, onde o EXCESSO
''pode predominar'' na NATUREZA.
Porém, NELA há um equilíbrio
que se sobrepõe aos excessos aparentes
e constitui a verdadeira força.
Esperando muito mais preço do dono.
Na Terra da Felicidade (TUSHITA)
o ELEFANTE enfeita seu abandono
entrando na água furiosamente.
QING (carruagem movendo-se
com facilidade, ou em ''LOUCA
NAVEGAÇÃO EXPLODINDO''.
H161 - H511 (ASSUSTADOS
POR UM ABALO).  Pingando
mísseis nas poças do silêncio.
A república de nudes virtuais
está povoada pelas ruínas da Vitória,
onde o Lagarto dança entre restos
de moças e aortas benéficas.
Santo brado de portas pineais
arrebentada por tiros marítimos,
sobre destroços, sobre covas
de amor que sempre se renovam
no teatro de suas guerras.
H163-H623 - Prevenir excessos
arregalando os olhos, envergonha,
mas demorar demais também é
vergonhoso. H164 - CONFORMIDADE.
Sente-se, agora, livre de toda
ESPERA, da ''viagem sonhada'',
porque ''só resta uma parada'' e
''talvez quatro ou cinco livros''
que merecem ser relidos.
Excesso apropriado também
pode se manifestar com grandeza,
e é o que se vê por AQUI.
Segundo William Blake:
''O caminho do excesso leva
ao palácio da sabedoria''.
Agora, TUDO é LIBERDADE.
E se partir AGORA, já estará
partindo tarde! CORRENDO
recupera-se o tempo perdido.

K.M.


Objeto comercial: fluxos, fogos e massas.

O objeto privilegiado neste espaço é a produção e o consumo das mercadorias. A ''economia '' é de certo modo a geometria ou a cartografia do espaço aberto pelo comércio generalizado. Mas para pensar a si mesmo , este espaço não pode se contentar em desenhar as variações e os percursos da moeda, dos bens e das pessoas. Deve igualmente poder apreender o mundo acelerado, caótico, incerto que descobre a desterritorialização da economia. Os objetos do espaço mercantil não são portanto apenas os da economia, mas tbm tudo o que se difunde, escoa, flutua, transforma-se e perde-se, tudo o que alimenta suas máquinas e gira em seus circuitos. É dessa forma que a termodinâmica, ciência das transformações da energia, nasce no século XIX entre os fogos e vapores da Revolução Industrial. Acompanhando o desenvolvimento das telecomunicações, das mídias hertzianas e das máquinas eletrônicas, o século XX elabora uma teoria da informação, pensada a partir da circulação dos signos nas redes técnicas. Os processos de codificação, de decodificação, de tradução, a luta contra o ''ruído '', que fica de tocaia e destrói as mensagens nos canais da comunicação, são os grandes problemas que a ciência atual tenta resolver. Para a teoria matemática da informação , assim como para a cibernética, a medida da quantidade de informação transportada por uma mensagem é inversamente proporcional à probabilidade de surgimento de tal mensagem. Segundo essa definição, a quantidade informação será máxima se a mensagem for totalmente aleatória ----- o que, evidentemente, vai de encontro ao senso comum ----, ao passo que se aproximará de zero se a mensagem for muito redundante, se pouco contribuir para reduzir a incerteza no que tange ao estado do universo de referência. A ''suposta '' informação se situará na maior parte do tempo ''entre o cristal e a fumaça '', entre a ordem redundante e o caos. A informação é assim apreendida a partir dos instrumentos matemáticos forjados para a termodinâmica ; em última instância, por meio de estatísticas e probabilidade. .. Já se comentou bastante entre os estudiosos a analogia entre ''ruído'', que corrói, desorganiza e criva as mensagens, no domínio informacional, e a ''entropia '' , que mistura, apaga as distinções e anula as tensões, no domínio energético. Como o ruído n]ao é apenas destruidor das mensagens, mas tbm criador de nova informação, a chave da auto-organização fica na passagem do nível energético ao informacional. Todas essas especulações (é bom dizer) acompanham a transformação econômica em curso desde a Segunda Guerra Mundial: as redes de comunicação dirigem a alocação das energias, a gestão dos signos comanda a produção dos bens materiais. Mas tomemos cuidado... o que chamamos de ''teoria da informação'' é apenas uma abordagem matemática da transmissão e circulação de mensagens. Ela deu lugar a muitos refinamentos e transposições bem sutis. Com os instrumentos quantitativos, porém , e os conceitos que elaborou, não se conseguiu jamais, nem de longe, tratar a ''significação ''no sentido mais comum do termo . À medida que o espaço antropológico dos circuitos e das acelerações desterritorializadas se estende, a física se interessa mais pelos processos que pelas leis, mais pelos desequilíbrios que pelos estados. O caos determinista e os objetos fractais estudados pelas ciências da natureza fazem eco ao entusiasmo, aos comportamentos erráticos, aos elementos aleatórios que ocupam doravante o primeiro plano do mundo humano. Frequências, harmônicos, vibrações, gradientes, rugido de motores, mensagens, alto-falantes, gritaria da multidão nas ruas, anúncios, ruído de fundo, caos, alarido da mídia, Big Bang, grande antenas de captação voltadas para os confins do universo : assim como a Terra era táctil e o Território visual, este espaço, o espaço do objeto comercial, câmara de eco sintética, ressoa todos os sons do mundo.

K.M.


Não é incrível (?!)

Na verdade, os exercícios de interpretação dela tinham tanto mais importância para mim quanto mais difíceis de decifrar eram meus escritos. ----- Divertido, divertido (eu disse de novo) O que realmente se passa é que por trás de todo esse triste espetáculo de palavras , treme indizivelmente o desejo que você me leia, a imensa honra de que os aspectos altamente aleatórios, que caracterizam as entranhas da internet, sejam inteiramente abolidos em você em favor de um universo totalmente nosso (.) Veja que tipo de homem eu sou: não estou lhe mostrando nada de novo porque, a despeito de todas as técnicas publicitárias de auto-promoção, sou perfeitamente capaz de prever quem estará classificada no topo das hit paredes pelos próximos vinte anos; mas em relação ao mundo subterrâneo e telepático da literatura proscrita, a distância entre o escritor e suas leitoras não pára de diminuir, aumentando incrivelmente a tensão semântica em assuntos com os quais elas têm muito pouco a ver. Não é incrível (?!) 

"Para levar a cabo a interrupção dos vestígios perceptivos que cristalizam nossa percepção do mundo num ponto fixo, o benfeitor trata a intenção como um processo, como se ela fosse um fluxo, uma corrente de energia que pode eventualmente ser cessada ou ser reencaminhada." 

(Castañeda, O Presente da Águia , pg. 258)

K.M.


Há de fazer-me bem.

Talvez, pela rigidez das minhas atitudes, eu tentasse recusar uma gratidão que pensasse não merecer de todo. Bobagem: não seria por causa daqueles que se lhe parecem obedientes, e eu teria dito de imediato a Verdade. Em vez disso, disse apenas:

------- Grato. Grato. Os senhores são de fato gentlemans. Ficarei em contato com vocês. Há de fazer-me bem.

------ Eloquente ----- diziam eles ------ mas a respeito de quê (?) ----, ninguém o sabia.

No intervalo havia a desculpa da loucura.Toda uma nação, talvez a totalidade da sociedade civilizada, estava à procura do estado sem culpa da loucura, o privilegiado, o quase aristocrático estado de loucura.

Poder-se-ia condensar isso tudo em duas ou três frases?

SIM: eis uma das minhas últimas tentativas:

''Em algum lugar ele duvidava da capacidade daqueles judeus para o primitivismo erótico romano vodu''.

Post Scriptum

Anos atrás tive uma troca de opiniões nesse sentido; falou-se de polêmica e perigo quando na verdade se tratava apenas da mais indulgente e desinteressada tentativa de diálogo à distância, coisa muito diferente de uma polêmica sensacionalista, já que essa é quase sempre agressiva como bem indica a própria raiz do termo ''polêmica''. Essas experiências me deixaram uma lembrança amarga, não por elas em si mas pela tendência geral dos colegas e leitoras a considerá-las como lutas de doze rounds ou duelos com o sabre na mão. É por isso que mais de uma vez preferi deixar passar diversos comentários insidiosos, provocações, calúnias e tergiversações, entendendo que eram produtos do ressentimento alheio ou do antagonismo social, espiritual ou ideológico, e que todas essas intrigas acabariam se afogando em seu próprio atoleiro como aconteceu em todos os casos parecidos.


El tonto quiere ganar algo cada dia...

Por eso dice Lao Tse que el tonto quiere ganar algo cada día (quiere “¡crecer!”, eso es ambición, número, egoísmo, querer separarse y encerrarse, y es por miedo, que es por ignorancia, que es fallas de la percepción).

Y en cambio el sabio busca perder algo cada día (liberarse del encierro hecho de manías, caprichos, antojos, teorías, paradigmas, ideas, ideales, modas, costumbres, neurosis, miedos – el miedo es tontería, la sabiduría es precaución - preocupaciones, angustias, disgustos, recuerdos obsesivos - también hay recuerdos útiles y buenos – todas esas cosas están muy relacionadas, tienen el mismo estilo).


K.M.


NAVEGANDO NA TORMENTA
Segundo o Hexagrama 32, do I CHING

Navegando num rio de indecisões
entre fios desencapados que boiam,
ao longe e ao perto, da embarcação.
Com as mãos moles, diz o Hexagrama 32,
não se agarra o coração elétrico do leme.
Enquanto seu Pai morre asfixiado
na cabine 101 do encouraçado,
você pode perder a mocidade por
falta de planejamento estratégico.
A TORMENTA vem para instruir:
''É possível ''(diz ELA) ''usar a voz
de forma humilde, só para 'partir 
os corações' e atrair 'ajuda'. Digo:
ATENÇÃO. Referenciais dispersos
cercam a DETERMINAÇÃO do
CONDUTOR e, não inflamam
a rubra vela ao vento, enquanto
os tripulantes olham a viagem.
Da janela, vê-se a LINHA CINZA,
mas poucos sabem vislumbra-la
dentro das águas elétricas do rio
com OLHO CLÍNICO. O FIRME
acima e o MALEÁVEL abaixo.
TROVÃO e VENTO se sustentam.
Isso é NAVEGAR NA TORMENTA,
algo parecido com um rasgo na alma,
que jamais sangra, nem se apaga.
Não vislumbrando a LINHA CINZA,
fica-se exposto à reações emotivas
provocadas por fenômenos externos,
o que pode acabar atraindo
um RAIO no meio da TEMPESTADE.
Claro: fora do navio sucedem
milhões de coisas. Sobre o lodo
das margens, cada um é julgado
pelos seus próprios atos de ofício:
O Presidente Nixon sai intacto
do exame médico de rotina;
sua voz, ao microfone, depois
tem cheiro de chuva (de Napalm).
Enquanto cambojanos decapitam
cadáveres de crianças norte-vietnamitas
abandonados na margem esquerda,
atrizes de Hollywood posam sorridentes
com uma cabeça em cada mão.
O venerável Heath vende suas armas
aos arcanjos nigerianos rebelados, e
AQUI, em Montevidéo, os torturadores
compram ternos de grifes famosas
para quando ligarem os holofotes do coquetel,
A embarcação segue: O Sábio
se firma e não muda de rumo,
atravessando vidas e águas
armado com os trigramas 
da IMPREVISÃO e da ENERGIA.
Nada melhor para representar 
as cambiantes, amedrontadoras
CONDIÇÕES DA TRAVESSIA, que as 
notícias tatuadas em seus músculos
de marinheiro crestado pelo Sol.
Gritar ''Viva Hitler!'' ou ''Viva Fidel!''
para o pirata de Fiúme --- TANTO FAZ!
Para um capitão de navio sem bandeira,
com nojo de toda a humanidade,
o que importa de fato é FANG:
''ter um método, um jeito, uma
técnica que faça avançar o barco''.
Aquele que navega, PERDURA,
DIZ O Hexagrama 32, do I CHING.
Sorve a insanidade da neblina
como um polvo sorve animalúnculos
marinhos que se soltam das algas.
Além do bem e do mal, as CONDIÇÕES
já não são nem um pouco OBJETIVAS.
De tudo que já aconteceu, sobram
endereços jornalísticos arruinados
em margens de apostas terminais.
''Margens de manobra'', diz a LUZ
dissimulando a água em terra firme,
como uma sereia faminta, usando
os destroços do Eu como ''barragem''.
H31, ESTIMULANDO-SE MUTUAMENTE,
situação passional (de Pai para Filho);
portanto: espontânea, dinâmica...
H32, NAVEGANDO NA TORMENTA.
Os estímulos mútuos enriquecem a situação.
MAS, no meio da TORMENTA,
o essencial é ''SOBREVIVER À ELA''.
SOLICITUDE: enquanto a privada acelera
o metabolismo do herói, o
TOQUE DE ALARME, lá fora,
sopra chamas assassinas no Destino.
Por hora, os cabos da embarcação
dizem que ELE resistiu bem
ao assalto clandestino do AMOR,
e que seus 27 anos resistiram
à todo o resto, apenas colocando-se
DIANTE DE, sem medo. APENAS
MIRANDO, SORRINDO com
SUA IMAGEM SEGURA DE SI.
O amor não freou sua marcha
em nenhum ponto decisivo.
A impermanência é sua única 
constante de navegação, onde 
''todo final é seguido por um começo''.
NÃO HÁ MAL QUE DURE TANTO.
E nenhum vento sopra a favor
de quem não sabe para onde ir.
Dispensável consultar traduções
alternativas, COMO: ''Continuar
no meio da bagunça'' ou ''Insistir
é benéfico'', para este Hexagrama.
Tudo isso é NAVEGANDO NA TORMENTA!
Sem retorno, o tempo perdido
vaza como água das paredes
enquanto a sede do capitão
se concentra no olhar, saturando
o horizonte com suas VISÕES.
Paralelismo entre H01, A INICIATIVA
e H31, ESTIMULANDO-SE MUTUAMENTE.
Mas há uma diferença com H17,
ACOMPANHANDO AS CIRCUNSTÂNCIAS:
adaptação excessivamente passiva.
No H32, pelo contrário, a ''idéia''
do ''objetivo'' é ''clara'', e...
GOSTARÍAMOS DE ATINGÍ-LO!,
se é que me faço compreender.
O Hexagrama antagônico é H42,
AUMENTANDO AS RESPONSABILIDADES.
Mas durante a TORMENTA, na qual
rajadas de vento chegam de todos os lados,
não é hora de AUMENTAR AS RESPONSABILIDADES,
e sim de ''SOBREVIVER À TODA PROVA''.
As Linhas do H32 mostram atitudes
que deveriam ser evitadas, ampliando
nossa capacidade de improvisação.
As únicas linhas boas são a 2 e a 5,
mas não levam a situações satisfatórias.
Não em ''NAVEGANDO NA TORMENTA''.
H321-H341- FORTALECENDO
O GRANDE. Quando nenhum lugar
é favorável, o prejuízo de navegar
para o fundo vem de procurar
algo ''DENSO DEMAIS''. Isso vira
''rancor de animal com frio''
(Yin em posição Yang, a pouco
produtiva Linha 2 não tem energia
suficiente para enfrentar a TORMENTA.
E o pior: pensa que tem mais força
--- H34 --- do que realmente possui.
Assim, pode acabar afundando
o próprio navio). SHÉN: profundo,
difícil de entender. O rancor
desaparece porque o 9 na Linha 2
é capaz de manter-se equilibrado
por muito tempo. QIÚ: ''procurar''.
Sem governar seu caráter...
haverá transtornos incontroláveis.
H324 - H464 - CRESCENDO 
SUAVEMENTE. Gostaria-se
de olhar para cima (H46,
CRESCENDO SUAVEMENTE)
e se apoiar no Imperador
da Linha 5, mas este se encontra
muito ''distante dos homens''.
XÍU: Avanço, encorajar, preparação.
''Sou apenas um pescador''
(diz o Poeta, no H506 ---
TRANSFORMANDO-SE PROFUNDAMENTE)
''que proibiram de pescar;
meus anzóis pescavam com fibra
alucinante, tudo que passava no mar,
quando veio a própria Poesia
e me pediu, encarecidamente,
ALGO MAIOR QUE ''ISTO'',
num indisfarçável tom de desdém.
ZHÉN: ''Empunhar, vigorizar,
incitar --- AGIR dentro da
TORMENTA ---- o velho
arranque anárquico do pirata

K.M.

Estratégia narrativa como contaminação fecunda.

A estratégia mais idônea para conferir eficácia à uma Offentlichkeit pós-nacional, à uma esfera pública pós-nacional , não é a dialógico-argumentativa, proposta por Habermas e outros , e sim a ''narrativa'' .Apenas ao passar através da elaboração de experiências singulares e coletivas efetivamente vividas, os valores podem sair dos esquemas fechados e auto-referenciais dos princípios para serem comparados entre si e dar lugar a uma ''contaminação fecunda ''. Chegando a este ponto , as implicações filosóficas de tal proposta deveriam resultar evidentes : se trata de superar tanto a abstrata idéia logocêntrica que assina a primazia normativa à racional -discursiva , como seu oposto especular , que reclama o horizonte total da experiência às diversas e incomunicáveis ilhas do simbólico.


UMA PROSA PODE APODRECER COMO UM FILÉ COM FRITAS

UMA PROSA PODE APODRECER COMO UM FILÉ COM FRITAS. HÁ MUITOS ANOS QUE ASSISTO AOS INDÍCIOS DE PODRIDÃO NA MINHA PROSA. COMO EU , TEM SUAS ANGINAS , SUAS ICTERÍCIAS, SUAS APENDICITES, SEUS CÂNCERES, SEUS INFARTOS, MAS SEMPRE ME EXCEDE NO CAMINHO DA DISSOLUÇÃO FINAL . DEPOIS DE TUDO , APODRECER SIGNIFICA TERMINAR COMO A IMPUREZA DOS COMPOSTOS E DEVOLVER OS SEUS DIREITOS AO SÓDIO , AO MAGNÉSIO , AO CARBONO , QUIMICAMENTE PUROS. MINHA PROSA APODRECE SINTATICAMENTE, E AVANÇA ----- COM MUITO TRABALHO ---- PARA A SIMPLICIDADE. CREIO QUE É POR ISSO QUE JÁ NÃO SEI ESCREVER A A PALAVRA ''COERENTE ''. VENHO ESCREVENDO ''KOERENTE'' COM K . UM ENCABRITAMENTO VERBAL ME DEIXA A PÉ POUCOS PASSOS MAIS ADIANTE. FIXER DES VERTIGES. QUE BONITO ! MAS SINTO QUE DEVERIA FIXAR ELEMENTOS. O POEMA EXISTE PARA ISSO, E CERTAS SITUAÇÕES DE ROMANCES OU CONTOS. O RESTO É TAREFA DE RECHEIO E NÃO ESTÁ ME SAINDO BEM NO MOMENTO.

----- SIM, MAS OS ELEMENTOS SERÃO O ESSENCIAL ? FIXAR CARBONO VALE MENOS QUE FIXAR A HISTÓRIA DOS GUERMANTES .

----- CREIO OBSCURAMENTE QUE OS ELEMENTOS QUE APONTO SÃO UM TERMO DE COMPOSIÇÃO. O PONTO DE VISTA DA QUÍMICA ESCOLAR SE INVERTE. QUANDO A COMPOSIÇÃO CHEGA AO SEU EXTREMO, O TERRITÓRIO ELEMENTAR ABRE-SE. OLHÁ-LOS E, SE POSSÍVEL, ''VÊ-LOS'' ...

K.M.


Centro configurador

''El lenguaje es el imperar del centro configurador, conservador y destructor del mundo del Dasein histórico de un pueblo.''

Martin Heidegger


DRAMA DE CONTROLE? 

...uma ruptura no nível da diferenciação sistemica através da emergência de um novo mecanismo, o dinheiro como meio de controle. Com a institucionalização legal do meio monetário, a ação orientada para o sucesso e guiada pelas considerações egoístas do cálculo da utilidade perde a sua conexão com a ação orientada para o entendimento mútuo'' '' o intercâmbio ocorre, frequentemente (...) no contexto de um sistema de trocas no qual existe competição por recursos escassos. Os atores sociais adotam, entao, um único princípio de ação visando a maximização dos seus interesses


RENOVANDO RADICALMENTE,
Segundo o Hexagrama 49, do I CHING

Não se acabou a pescaria
com o corpo pedindo MAIS?,
O QUÊ: oxigênio, ''sangue''
RENOVADO RADICALMENTE
pela Noite, sob as ordens do Céu.
Hexagrama 49, do I CHING
''...no dia oportuno inspirará
confiança, por ser influente.
O remorso desaparece, COMO
se fosse o menor mal''.
Um cauto otimismo invade
a clemente paisagem de trégua,
e se instala nas ''respirações''
fervorosas da URGÊNCIA.
O dia oportuno é aquele
em que a negatividade do status quo
atinge seu máximo, deformada
pelos inchaços da presunção.
Ali o orgulho humano se demora,
matando mais, na frente e atrás;
sombra após sombra, vaga
após vaga, durante o século
de um mês inteiro de desperdícios.
Assim se concentra o ódio e o amor
no duro maniqueísmo do coração.
Água e Fogo se freiam mutuamente,
as inclinações não geram sinergias, e
à ISSO chama-se RENOVAR.
O dia oportuno renova porque é
HONESTO: tem idéias claras, que
explica com grande facilidade,
acumulando influências certeiras
ante as frívolas escamas dos ''pretextos''.
O MOMENTO DA RENOVAÇÃO É GRANDE,
e a triste raiva que habitava a carne
desaparece, convertendo a mirada
numa espada fixa e implacável
que mete em seu riso toda a sobrevida
que amamentou até aqui seu lindo corpo.
No centro do lago há FOGO,
a imagem da RENOVAÇÃO RADICAL.
O que era uma comarca equivocada
salva-se a duras penas, pela doçura
mafiosa nos seus olhos de vitória.
XI: acalmar, parar, respirar, ou
literalmente: ''Mulher?''. Preferimos
traduzir por ''princípios'', para evitar
algo assim COMO duas mulheres
brigando entre si, por causa de ''constipações''
no eletrodo ''EU ME AMO''.
Porque (claro) cada uma declama
sua ''TEORIA-CONGOJA'' de si mesma
com gemidos hostis que se auto-imolam,
antes de se tornarem LEVES
e disfarçarem seus desejos no AR.
O Sábio deve ser capaz de governar
essa transição, administrando as novas chances
com humildes pedidos de SOCORRO.
ZHI: regular cada certeza com estatísticas
animalescas de si, e pupilas dilatadas
qie enxergam sereias ao longe
sem pronunciar nenhum NOME.
Qual o momento certo?, de
RENOVAR RADICALMENTE?
É aquele ''mais finito e transitório'',
muito bom para enlouquecer
qualquer dos anjos guardiões.
QÙ: afastar-se, partir --- sem
remorsos --- lá para onde
SÓ EXISTE TU, sem tempo
nem espaço. Quem é o líder
AQUI? A LUZ, força destacada
da capacidade de avaliar, Clareza.
O Hexagrama nuclear é H44,
ESBARRANDO NAS TENTAÇÕES.
Mas numa situação de renovação
não são permitidas atitudes imaturas,
que reduzam a REVOLUÇÃO
à uma mera revolta do ego.
H496 - Curvando-se ao Imperador,
o Sábio convoca os homens
a compartilhar novos tempos.
H494- O ministro capaz, 
estabelecendo a transição equilibrada
pela confiança que desperta?
H493 - Quer partir para a briga
sem esperar o momento oportuno.
H492 - O funcionário eficiente,
bem relacionado com o Imperador,
percebe o que deve ser feito e
prepara-se cuidadosamente para tal.
H491 - Quer influir na situação
para conseguir a mudança, MAS 
sem confronto ou perda de vínculos.
GÓNG: duro, firme, sólido;
reforçar, amarrar ''firmemente com couro''.
H492 - H 432 - AFASTANDO
COM DETERMINAÇÃO. O deserto que,
disfarçando-se, está nascendo é
OPORTUNO,o melhor relho,
A BELEZA está ALI, torcendo
a garganta do seu destino, seu
DEMÔNIO. Ofélia correndo cegamente
contra o muro da cerração.
Yin em posição central yin,
em correspondência com o
Grande Soberano da Linha 5
e em vizinhança com as
pouco efetivas Linhas 1 e 3
(esta Linha fraca, porém correta,
encontra-se no Centro do Trigrama LUZ,
o que lhe permite avaliar claramente
suas possibilidades de ação).
PESCA-SE cercado por ''vitórias-régias'' e,
de certa forma, seus dedos sentem
as formas do Paraíso diante do espelho.
ELA também percebe os problemas:
há gritos de alarma ao anoitecer
e guerreiros lutando mortalmente
a noite toda, mas não fica ansiosa.
Não ''chuta o pau da barraca''
desprendendo a cabeça das ''circunstâncias''.
JIA: bom, ex- celente, belo, afortunado, amoroso''.
Discute três vezes a RENOVAÇÃO
porque: ''O que mais poderia fazer ELE?''.
Mas o incêndio nos arrozais
só pode vir do Raio do Céu,
e não das ordens do Grande Paulus.
É a guerra que o inventa,
não o contrário. Alvo mais alto
e mais difícil que varar o topo
da colina com seus bombeiros,
o General discute o cardápio
da OCUPAÇÃO, antes de deixar
vilas inteiras em paz. O benefício
de modificar seu quinhão
vem de suas intenções
serem dignas de fé, e seu olhar
GRAVE. Sabe que o futuro manterá
suas catástrofes atrás de seus
neblinosos biombos, e que
os salários são baixos. 

Avaliando aquilo que já atravessou
(H63) percebe que esta Linha possui
''capacidades internas adequadas''
para superar a carência externa ---
chegando até a ''usar as roupas para calafetar
(H634) os perigosos furos que poderiam
afundar sua embarcação. CUIDADOSO
até o fim do dia, enquanto houver DÚVIDAS.
Assim, o Grande Homem transforma-se
num ELEFANTE; tem auto-confiança
o bastante para consultar o ORÁCULO
sem enlouquecer. Sua figura é NOTÁVEL!
ZHÁN: Oráculo de ossos, advinhação, préss-
ágio.  


K.M.


Gravar uma ''idéia permanente'' .
Talvez tenham sido as viagens no Tempo que fiz à Alemanha nazista que me transformaram num vilão para a maioria dos americanos . No decorrer de cinco, , ou cinquenta visitas, no espaço de uma semana, durante a qual vi com meus próprios olhos a magnitude da máquina bélica alemã, fui ostensivamente recebido pelo marechal Goring e cerimoniosamente condecorado em nome do Fuhrer, manifestando de modo inequivocamente elevado todo meu apreço por Hitler , dizendo que a Alemanha nazista era a ''nação mais interessante do mundo '' e que seu líder era inquestionavelmente um ''grande homem ''. E todo meu interesse e admiração agravavam meu quadro, pois tinham sido manifestados depois que as leis raciais aprovadas por Hitler em 1935 privaram os judeus de toda a Alemanha de seus direitos civis, sociais e de propriedade, cancelando sua cidadania e proibindo casamentos com arianos. Meu nome civil, por exemplo, passara a provocar indignação na mídia liberal americana pela virulência dos meus hebdomadários de extrema-direita que constantemente faziam menção à Kristallnacht : paixões incríveis suscitadas por sinagogas incendiadas , residências e propriedade e vidas de judeus destruídas e, no decorrer de toda uma noite que foi um presságio do futuro mais monstruoso possível , milhares de judeus retirados à força e suas casas e transportados para campos de concentração. Na medida em que eu era capaz de interferir com impacto real na sociedade americana, o sonho médio dos cidadãos comuns foi sendo gradativamente transformado num torvelinho, um esparrame, um caos deixado pelos meus entreveros com Assopradores Divinos e a mídia liberal .Assim, a tarefa de criar um sonho claro para nossos clientes passou a requerer de mim uma atenção cada vez mais especial , pois diariamente eu era pressionado em todos os canais de televisão da América a voltar no Tempo de novo e devolver a cruz de ouro enfeitada com quatro suásticas que me fora concedida em nome do Fuhrer na última visita. Eu, obviamente, me recusava terminantemente a fazê-lo, argumentando que voltar lá e devolver publicamente a Medalha da Cruz  de Serviço da Águia Alemã concedida a mim pelo marechal Goring seria um ''insulto desnecessário'' à liderança nazi. Talvez em função disto, fui transformado no primeiro americano vivo que muitos filhos de imigrantes aprenderam a odiar. Como já havia observado antes , o Grande K. não costumava incentivar aventuras oníricas com crianças. E a leitora atenta estará lembrada que, quando a família Hitler se mudou de Passou, logo fui instruído a deixar de prestar atenção no pequeno Adolf, um dos nossos experimentos mais bem sucedidos até hoje. Naquele tempo, assim como  estamos fazendo agora, ele fôra monitorado por uma equipe bem vasta de nossos assistentes mais qualificados. Na adolescência, passei a entrar em seus sonhos para  sondar seu fascínio pela arte e a filosofia, e as informações colhidas mostraram-se ''terrivelmente adequadas ''. Assim como estamos fazendo agora, naquela ocasião o Grande K. também ordenou-me que gravasse naquele jovem cérebro uma ''idéia permanente'' , e o ato em si da gravação não demorou mais que alguns minutos de sonho lúcido. Gravar, repito, foi a ''palavra-chave'' usada pelo Grande K. na ocasião.  Pois, segundo ele, uma idéia fixa, uma vez instalada com sucesso, pode ligar estreitamente um cliente a nós pelo resto da vida, embora isto não seja uma prática acessível a qualquer tipo de demônio. Deve ser realizada com golpes incisivos, habilidade,  sem exagero, mas com firmeza.
K.M.

DE: A Gaia Ciência

Os motivos em que se acredita. - Por mais importante que seja conhecermos os motivos pelos quais de fato a humanidade se desenvolveu até hoje, talvez seja bem mais importante para o conhecedor saber em quais motivos ela acreditou, portanto, no que a humanidade acreditou e imputou a si mesma até agora como verdadeira alavanca de sua atuação.

Niezsche, A Gaia Ciência

O senso da verdade . - Louvo em mim aquele ceticismo com o qual me é permitido responder: ''VAMOS TENTAR!'', Porém ,não quero ouvir mais nada daquelas coisas e perguntas que não admitem essa tentativa. É o limite do meu ''senso de verdade'', é onde a coragem perde seus direitos.

idem

O gosto modificado. - A modificação do gosto é muito mais importante do que as opiniões; as opiniões , com todas suas comprovações, refutações e todo o mascaramento intelectual , são apenas sintomas do gosto modificado e, com certeza, não o que muitas vezes supomos , ou seja, as ''causas''. Como se modifica o gosto.? Pelo fato de indivíduos, homens poderosos, influentes, sem pudor, expressarem e imporem de forma tirânica seu ''hoc est ridiculum, hoc est absurdum, portanto, a avaliação do seu gosto e do seu asco --- com isso, eles impõem a muita gente uma pressão, da qual aos poucos se forma um hábito de mais gente ainda, e, finalmente, uma ''necessidade de todos'', Mas o fato desses indivíduos perceberem as coisas e sentirem os gostos de uma maneira diferente , geralmente tem seus fundamentos numa especificidade do modo de vida, da nutrição, da digestão, talvez num excesso de sais orgânicos no seu seu sangue e seu cérebro, , em suma, no seu corpo físico; mas eles tem a coragem de se declararem a favor do próprio corpo e ouvir suas exigências com tons mais sutis; suas avaliações estéticas, morais, políticas e econômicas são esses ''tons mais sutis'' do seu corpo físico.

idem


Una de Jacques Derridá

Si las palabras y los conceptos sólo adquieren sentido en encadenamientos de diferencias, no puede justificarse su lenguaje, y la elección de los términos, sino en el interior de una tópica y de una estrategia históricas. La justificación nunca puede ser absoluta y definitiva. Responde a un estado de fuerzas y traduce un cálculo histórico. De esta manera cierto número de datos pertenecientes al discurso de la época nos han impuesto esta elección más que aquellos que hemos definido ya. La palabra huella debe hacer referencia por sí misma a un cierto número de discursos contemporáneos con cuya fuerza esperamos contar. No se trata de que aceptemos la totalidad de los mismos. Pero la palabra huella establece con ellos la comunicación que nos parece más segura y nos permite economizar los desarrollos que ya han demostrado su eficacia.

Jacques Derridá


POÍESIS

Essa pro-dução, da matéria / forma / finalidade / eficiência ao artefato é um avançar e um deixar fazer-aparecer de algo que foi criado, pensado, imaginado que é conduzido à presença, aparecer que aparece conquanto avança na vinda. Heidegger diz que todo fazer-vir,pelo que passa e avança do não-presente para a presença é poiesis ou pro-dução. Produção é mais que “fabricação artesanal” e mais que “o ato poético e artístico que faz aparecer e se forma em imagem. A pro-dução de um cálice sacrificial de prata (matéria, forma, finalidade, artesanato) depende e é uma possibilidade contida em um outro, o artesão, que des-vela , desoculta o que foi pensado como telos e é materializado pela poiesis.

Su estructura de secuencias sueltas permite distintas lecturas, y por tanto, diversas interpretaciones. Con esta forma de lectura, pretendo representar el caos, el azar de la vida y la relación indiscutible entre lo creado y la mano del artista que lo hace...


O elemento carnívoro do ato de escrever

Materiais de Psamênite utilizados na redação do contador de histórias , encontrando fortes semelhanças presumíveis ''em detalhes de estilo'' com outros documentos e fotografias. Nenhuma explicação dela porém, calma e sociável como sempre. Já eu, não sabia se tinha sonhado ou sido de fato interrogado por um agente na Chancellor Avenue . Voltei de lá tonto, evitando o choque se ... e assim por diante . Jogando com algumas peças intelectuais fora de circulação, nunca cavalguei outro cavalo além desse . Mas não lemos romances para multiplicar nossas experiências, apenas para multiplicarmos a nós próprios, entre nossas condições de vida há muita coisa que só quem lê entende .Os livros de um erudito são sua serenidade (wainagium) mas ele não se prende de modo algum aos livros, devora-os e nada mais, com a serenidade de um vilão. Ou chutze , sob o céu o monopólio é uma prática comum, mas é evidente que sou o único a fazer o que faço . Sim , nos momentos de maior lucidez considero-o perfeitamente possível . Minha lucidez alcança tamanha acuidade que até meus escritos, no começo da minha carreira política, me parecem críveis. Eu fôra tão esquerdista no começo que atuara até como porta-voz dos sindicalistas radicais. Uma pequena lâmpada e uma grande paciência, para conduzir minha torrente de pensamentos no vazio do materialismo histórico , nessa época , como uma corrente sanguínea purificada. Depois, vendo que ela permaneceria irredutível com o passar dos anos , cedi . Ela me seguia com os olhos e eu não fazia outra coisa além de ir e vir, às suas ordens . E não maquinava, ao me aproximar dela. SHIH , no primeiro tom. Da alimentação diária à leitura compulsiva de romances havia uma escala contínua , até as praias do amor . E escrever é o ato de vampirizar as coisas, extraindo delas seu sabor vital . Operação psíquica que investiga e recolhe os graus materiais dessa escala, até o sabor último das coisas , pessoas e acontecimentos. Classificação gastronômica da prosa : os modos narrativos do povo , todo um cânone de procedimentos, , da prosa que circula como dinheiro difícil, como alimento raro, sem a duração desnecessária daquilo que é incompatível com independência do pensamento . Arrancado ao domínio mágico e hierático do que foi assimilado , e com isso sua intenção antropológica, nos remeteremos mais uma vez à esfera profana, para destacar o elemento carnívoro do ato de escrever . Há tanta tensão na carne daquilo que é do puro âmbito da matéria, quanto em sua carnação conceitual , que também é diferente do que é determinado na carne pela ''tensão'' narrativa. O afeto fundamental da leitura, por sua vez, é a fome de matéria.

K.M.


CONCENTRANDO ENERGIA ATRAVÉS DO CONTROLE
Segundo o Hexagrama 26, do I CHING

Mira-te assim: ''Grande, vasto;
alto, extenso, muito nobre''.
XUÁN: verde, e TIÁN: campo.
Mira-te assim: ''Sem tristes sub-
missões, com GRANDE ATENÇÃO''.
XÚ: ''Armazenar, manter, a -
cumular''. No manuscrito de
Mawangdui, o nome está mais
parelho com este Hexagrama:
''Grande, calmo, quieto, ORGULHOSO''.
Mas não escape aos teus próprios olhos:
''Ainda que nada te mates, sois,
age como CADÁVER de emoções -
ainda que nada te apodreça, con-
''sidera-se'' PODRE - e que Deus
te ampare com o que tem de melhor: 
que Ele te reviente, OSSO DE PERRO!,
para que a energia repouse em si,
consciente apenas de si mesma''.
Palavras-chave: frear o ímpeto de.
Dominar. Exercer controle silencioso.
Albergar a Visão. Conserva-la consistente.
De modo concentrado, à medida que
novos elementos somam-se aos já presentes.
Desinformemo-nos, IRMÃOS!, tão
objetivamente quanto possível
(com unção e disciplina de Praticagem,
secretamente como um navio pirata).
Amanhã ainda está tão longe. O
zênite do corpo ainda é uma
GARRA SUJA, triunfo do predador
reluzindo dentro da própria cova.
Dos olhos do MORTO-VIVO
vaza uma LUZ de correnteza,
levando réstias soltas consigo,
de um anexo secreto a se manifestar.
Poesia das circunstâncias: AGORA
vi-me! (: ''É conveniente insistir
no Poema. Atravessar o GRANDE
RIO calado, com confiança e energia''.
Escuta, VÊ, fareja a vida e as
conversas além do faro digestivo:
Querem ler tudo o que faço,
principalmente o Poema.
O FIRME tem uma GRANDE CORREÇÃO
a fazer nas FORMAS DE LEITURA.
É uma área de serviço escura
onde, Ó, linda, de gargantilha rendada
Ud. se aproxima do Poeta, e sente
sua energia poética aumentada
pelo uso concentrado do silêncio.
SEQUÊNCIA: o TAO flui por si mesmo 
no OLHO DO DRAGÃO.
Retração do VAZIO
para dentro da NEBULOSA.
JIÁN: forte, poderoso, ''BON''.
DÚ: sincero, honesto, firme.
YÁN: falar, palavrar intenso.
TUDO é OPORTUNO, agindo
sem agir --- nada é DESCUIDADO.
Desinformemo-nos e BASTA!
Chega de factóides anti-higiênicos
que provocam redundâncias no discurso;
chega de desídias contagiosas
que prendem o VERBO no chão.
DESINFORMEMO-NOS, e bebamos
sem pânico nosso Campari
entre as montanhas do BARDO.
As montanhas exercem uma força
de contenção muito forte, igual-
mente forte é o acúmulo de energia.
Justamente por isso, neste Hexagrama
as grandes ações tornam-se possíveis.
O nome chinês do H26 aponta
para a reorientação destas energias
pela DOMA (por ex: de um ''Potro Fogoso'').
Última bala da rigidez suprema
do santo envolto pelos rifles
dos próprios olhos --- NÃO VOLTES
O ROSTO AO PRIMEIRO CHAMADO.
O estrondo ocorrerá a centímetros
do teu rosto, mas bem longe dali,
serão outros milhares de pessoas
que morrerão infartados de susto.
Estão todos encantados com o 
''desenvolvimento da batalha'',
que é apenas uma batalha
por ''ENERGIA'', mas os gordos,
fofinhos telespectadores americanos,
com seus imensos sanduíches de euforia
escorrendo pus vegetal pelas bordas,
encaram de outra forma os fatos.
O vapor silencioso do TREM dura
MUITO TEMPO --- e quem antes deles
inala seus ácidos de velocidade
poderá sentir-se vitorioso por ''intoxicação'',
vendo mais longe que os outros
a multiplicação das pequenas cenas
que, juntas, soltam os eixos do carro
para que este ganhe velocidade de TREM.
O H264 : o benefício do 6 na Linha 4 
vem de ter satisfações inconfessáveis, 
sem manifesta-las exteriormente. H116: 
FLUINDO HARMONICAMENTE com as
ESTRADAS DO CÉU, adquire-se o TAO.

K.M.




Uma de MIL PLATÔS

Com efeito, se o nome próprio não indica um sujeito, não é tampouco em função de uma forma ou de uma espécie que um nome pode tomar um valor de nome próprio. O nome próprio designa antes algo que é da ordem do acontecimento, do devir ou da hecceidade. São os militares e os meteorologistas que têm os segredos dos nomes próprios, quando eles os dão a uma operação estratégica, ou a um tufão.

(...)

As cadeias de expressão que ele articula são aquelas cujos conteúdos podem ser agenciados em função de um máximo de ocorrências e devires. "Eles chegam como o destino... de onde eles vêm, como puderam penetrar até aqui...?". // ou on (se), artigo indefinido, nome próprio, verbo infinitivo: UM HANS DEVIR CAVALO, UMA MATILHA CHAMADA LOBO OLHAR ELE, MORRE-SE, VESPA ENCONTRAR ORQUÍDEA, ELES CHEGAM, HUNOS. Anúncios, máquinas telegráficas no plano de consistência (de novo aí, é de se pensar nos procedimentos da poesia chinesa e nas regras de tradução que propõem os melhores comentadores).

Gilles Deleuze
Mil Platôs. Vol 4.


A ''verdade efetiva da coisa ',' a que alude Maquiavel.

O espetáculo, ou a simples notícia de algum continente mal sabido e que, tal como a cera, se achasse apto a receber qualquer impressão e assumir qualquer forma, suporta assim , entre muitos deles, as idealizações mais inflamadas . Idealizações estas de que seria como um ''negativo ''' fotográfico este nosso mundo densificado e convulsionado, e em que parece voltar a ganhar atualidade histórica a possibilidade de remissão. Se isso é especialmente verdadeiro no caso de Colombo, que acreditava que o fim do mundo seria em 1656 , não o deixa de ser em outros navegantes que o antecederam ou sucederam. A maior parte deles sempre preferiu a essa cumplicidade com a ''verdade efetiva da coisa '', a que alude Maquiavel (o reconhecimento da natureza básica do mundo ) , um ideal mais limpo . Nas palavras do próprio Príncipe : ''Preferir o ''como se vive '' ao ''como se deveria viver '', ao ser um dever ser. E é bem compreensível , nestas circunstâncias, se numerosos marinheiros e exploradores que se movem , quase por necessidade de ofício, conforme os juízos dos astrólogos, tendam a fazer ''baixar seu dever '', os seus ''paraísos '', destes mesmos mundos arquetípicos mais puros para a realidade ainda nublada que lhes oferecem as terras incógnitas e remotas. O processo mental que se encontra à base de semelhante atitude não é muito diferente do que, em certas obras de imaginação, escritas aproximadamente no fim do século XV , opõe a uma degradação da Natureza e do mundo moderno a nostalgia das imagens idílicas. Assim, numa das églogas, anterior a 1482, a célebre Arcadia de Sannazaro, apontando para o mundo que se agravava , evoca os tempos bons que de hora a hora se esgarçam :

Or vedi , Opico mio , se´l mondo aggravasi
di male in peggio ; e deiti pur compiangere
pensando al tempo buon che ognor depravasi


De ''COMO SE FABRICA A VIRTUDE''.

Escreveremos aqui um pequeno parágrafo sobre a GRANDE POLÍTICA DA VIRTUDE para aqueles que desejam aprender suas vicissitudes atuais; não COMO nos tornamos virtuosos, mas COMO nos fazemos virtuosos, ou COMO compramos uma imagem virtuosa, no Market-Mídia americano--- ou ainda, COMO fazer reinar a virtude contra os fatos. Algum sacrifício se exige, e têm-no arriscado corretamente, reconhecendo e antecipando algumas verdades que devem ser constantemente ensinadas: que só se pode alcançar o reino da virtude por outros meios, e não por meio da ''virtude em si''. O ideal da grande política é delimitado por um certo ''maquiavelismo de proveta'', que aspira à perfeição através da ''hesitação induzida'', no pântano dos objetivismos de encomenda. Mas o maquiavelismo ''pur'', digo: ''sans mèlanges, cru, vert, dans toute sa force, dans toute son apretê é... SOBREHUMANO, DIVINO, TRANSCENDENTE; jamais homens comuns o atingiram, e apenas dele se aproximaram vagamente, COMO disse eu:''por hesitação induzida', ou seja: fobias, ganâncias, distúrbios de ansiedade, ressentimentos e outras pestilencias reativas que expurga o mundo político'. Naquele tipo de política mais estreita, vigente no reino das aspirações liberais, ou seja, na política da virtude, parece igualmente que tal ideal jamais foi alcançado. Admitindo-se que tivessem de fato (não o tem, à OLHOS VISTOS) olhos para as ''coisas ocultas'', descobrem-se, até entre os mais independentes e os mais pretensamente ''conscientes'' moralistas do campo liberal ( e calha bem o nome pejorativo de ''moralistas'' à esses políticos da moral'', e a todos esses ''fabricadores de novas forças morais'') descobrem-se, digo, traços desse fato que tbm tem pago seu tributo à fraqueza humana : defeito essencial no ''capital político'' de todo moralista, principalmente na hora de ''transparecer'' seus assuntos ''mais caros''.

K.M.


Propor uma mirada tangencial é enfrentar esta monumentalidade.

Propor uma mirada tangencial é enfrentar tal monumentalidade. Pensar na literatura que elabora através de estratégias oblíquas e saídas transversais enfrentamentos a um mundo em ruínas (George Simmel) ou em escombros (Sebald, Anselm Kiefer) e/ou na superação do luto e da melancolia (Freud), incluindo a reflexão sobre montagem técnica (Benjamin), e no bojo pensar igualmente na forma da fotografia e do cinema, são objetivos da disciplina "Silêncio e Literatura, Mentira e Montagem", não necessariamente contrapostos. A revolta foi um elemento importante da vanguarda histórica e por meio de estratégias de subversão (semântica, sintática, morfológica, ou dos gêneros formais) - com ou sem revolução - cunha-se literatura. A renúncia à escritura de Chandos, a coisificação poética de Rilke, a linguagem sintética e concisa de Carl Einstein, cada qual à sua maneira, projetam uma inflexão dialética ao modo oposto, ornamental, loquaz. Não obstante, O Silêncio (Susan Sontag, página 27) e as reticências prestam-se para além do ensimesmamento, da introspecção, à conectividade - o teatro moderno ilustra essa hibridez das formas dramática, épica e lírica (Peter Szondi). O jornalista e dramaturgo Karl Kraus transforma a revolta no brasão da crítica ao jornalismo (paradoxalmente) com a edição do jornal "A Tocha", bem como da composição da peça teatral "Os últimos dias da Humanidade". Contra a racionalização a arte transgride, algumas vezes engendrando a mentira (Harald Weinrich), a metáfora (Blumenberg), em irrupção branda ou violenta, seja de vigência efêmera ou atemporal, no cumprimento dos exercícios do pensamento em poesia, em narrativa.

Espelho editorial.

Em economias globalizadas, o ''desideratum '' da governabilidade coloca duas armadilhas : para os próprios governos nacionais, e, mais intensamente , para as próprias oposições. Isso porque tanto com um passado de baixa quanto de alta inflação, em todas as sociedades globalizadas, ORDEM passou a significar ''equilíbrio macroeconômico '' , critério único de distinção entre bons e maus governos; e por isso a condição essencial da governabilidade passou a ser, na linguagem do Banco Mundial , um ''enabling economic environment '' ; para alcançar esse meio ambiente econômico favorável, essa mesma burocracia multilateral recomenda ''que os governos reduzam as incertezas derivadas das súbitas mudanças de direção ''. O problema é que nas novas condições globalizadas , , a fonte de instabilidade e ingovernabilidade está concentrada nas decisões dos agentes econômicos responsáveis pela formação dos preços, pelas decisões de investimento e pelos macromovimentos especulativos com o câmbio e nos juros. Incluindo-se as decisões políticas macroeconômicas das três grandes potências mundiais ---- comportamentos que frequentemente são convidados a buscar ''docilizarem-se'' em nome de uma suposta governabilidade. O resto depende daquilo exatamente que a mídia liberal está ''querendo ver'' no espelho editorial.



Agent provocateur?

TUDO É SECRETO. ALUSIVO AO CAOS. TUDO DERIVA DO SIGNO MANIFESTANDO A FORÇA EM ESPIRAL OU PIRÂMIDE DO VERBO QUE PRONUNCIOU O ATO NOTURNO DE EXISTIR. SONHO DO AVESSO NO REINO DA MUROCRACIA. DESSARRUMADO, DENTUÇO, ADSTRINGENTE... ESPERANDO O TRAUMATURGO VECTORIAL.

“E por que me chamais: ‘Senhor, Senhor’, se não praticais o que Eu vos ensino?” Lucas 6:46


Kadosh Trintaetres
9 min · 

A resistência situa-se em terrenos muito diferentes do terreno da cultura em sentido estrito – onde ela nunca é obra dos mais despossuídos, o que testemunham todas as formas de contra-cultura, que, como eu poderia mostrar, supõe sempre um determinado capital cultural. E ela adquire as formas mais inesperadas, a ponto de permanecer quase invisível até mesmo para um olho cultivado.

(.)
Pois a ameaça que os poderes dominantes lançam hoje contra o homem de letras é a exigência de uma metamorfose pequeno-burguesa que significa EXTINÇÃO

Esses poderes já não são somente aqueles visiveis e tradicionais que se corporificam em estados, igrejas, partidos políticos, associações, etc, mas principalmente o impulso letal que circula de célula em célula em cada comunidade, as erráticas, mutáveis, mal intencionadas e severas pressões do estilo de existência geral

A distinção estabelece um horizonte novo, o pensamento deve orientar-se para uma dissolução entre sujeito e cosmos da qual ambos ressurjam cada vez modificados. A mediação entre este mundo e o outro é um acontecimento instantâneo, o pensamento se funda a cada vez que é pensado, sua possibilidade de fulgurar como único é irrepetível e impossível de aplicar e transladar.

Tais os mecanismos sempre implícitos em toda criatura que se propõe a ensaiar o próprio pensamento diretamente na frigideira social. E só: sem se esconder por trás da aceitação de rebanho ou escudo nenhum.

Com respeito a esse horizonte, o pensamento corre ainda o risco de cair enganchado na malha de conhecimentos herdados e recodificações mentirosas e mal-intencionadas que anulam o inefável e o distintivo que porta cada ser humano. Risco de que o pensamento não seja mais que um reflexo obediente dos sistemas de crenças das sociedades em que se constitui. Este modo de proceder del hombre lo aliena de su condición de tal, lo homogeniza y sólo permite la repetición de esa doxa que pasa a través de seres indiferentes y mudos. Quienes reducen el pensar a esta mera actividad acumulativa y repetitiva:

...transcurrirán de la cuna a la tumba amordazados por convenciones políticas, éticas, estéticas, etcétera, casi muy inconvenientes, muy a menudo opuestas a la especial energía que es su persona. (MURENA;1971:10)

Postado por Matheus Dulci às 03:22 

:
Kalki-Maitreya31 de maio de 2013 06:07

"No hay nada que esperar, nada que temer. El corazón no debe latir por obra del miedo o la esperanza."(...) 

"Hay personas que, en determinados momentos, tienen la posibilidad de despegarse de ellos mismos, de ir más allá del umbral, de sumirse cada vez más hondo en las oscuras profundidades de la fuerza que sostiene su cuerpo y donde esta fuerza pierde su nombre y su individuación. Es en tales momentos cuando uno tiene la sensación de que esa fuerza se amplifica, recupera el yo y el no yo, invade toda la naturaleza, substantifica el tiempo, transporta miriadas de seres como si estuvieran ebrios o alucinados, adoptando mil formas distintas; fuerza irresistible, salvaje, inagotable, incansable, ¡limitada, consumida por una insuficiencia y una privación eternas. Quien llega a tan temible percepción, semejante a un abismo que se abre de improviso a nuestros pies, se hace dueño del misterio del samsara y vive plenamente la anatta, la doctrina del no yo. Esa es, en esencia, la base de toda la doctrina del despertar''

JULIUS EVOLA, CABALGAR LA TIGRE

(...)

El Nirvana no es un lugar ni un efecto, ni está en el tiempo, ni es alcanzable por ningún medio; pero «es» y puede «verse». Los «medios» a los cuales se recurre efectivamente no son en sí mismos medios hacia el Nirvana, sino medios para la eliminación de todo lo que obscurece la «visión» del Nirvana: de la misma manera que cuando se introduce una lámpara dentro de una habitación obscura uno ve lo que ya está allí.

Gotama, el buda
Primeiro o Sábio constrói um herói...

Depois, para seu terror e desespero, é revelado  ao herói  , quase que unicamente para enfrentá-lo, toda a extensão do inimigo.

K.M.
Postado por Kalki-Maitreya às 16:36 
:

Kalki-Maitreya13 de dezembro de 2016 16:59
Primeiro o Sábio constrói um herói.

Depois, para seu terror e desespero, é revelado ao herói , quase que unicamente para enfrentá-lo, toda a extensão do inimigo.

O Caminho de Kalachakra ensina que o Mestre e o inimigo são as ...

(.)

What is a Lawyer?
Matheus Dulci compartilhou uma publicação.
1 h · 
Ces notions qui vous gênet ont été inventées das La Defense sociale nouvelle - dans le dessein d ´une meilleure individualisation de la peine et, dans leur idée, dans un souci de la défense.
K.M.

E i due palmi di pelle tra zigomo e mento,

sotto la bocca distorta a furia di sorrisi

di timidezza, e l’occhio che ha perso

il suo dolce, come un fico inacidito,

ti apparirebbero il ritratto

proprio di quella maturità che ti fa male,

maturità non fraterna. A che può servirti

un coetaneo — semplicemente intristito

nella magrezza che gli divora la carne?

Ciò ch’egli ha dato ha dato, il resto

è arida pietà.

PIER PAOLO PASOLINI

e
ESSE ''ACORDO '' É MUITO RUI M PARA NÓS . Devemos resistir à essa tentação de afirmações generalizantes. O que ARTAUD nos diz é de uma intensidade que não deveríamos suportar...

Enfiar o idioma nos mosquitos?
(Manoel de Barros)

Mas não nos cabe ficarmos contentes em ver o destino de Artaud como o de uma mera individualidade , admirável ou sublime, que tendo desejado com demasiada força algo demasiado grande, obrigou-se a chegar a um ponto em que aquilo tudo se espatifou. Sua sorte só pertence à ele mesmo, mas ele mesmo pertence à tudo o que expressou e descobriu, não como algo próprio, mas como VERDADE e AFIRMAÇÃO da ESSÊNCIA POÉTICA... Não é seu destino o que ele decide, mas o DESTINO POÈTICO, o sentido da VERDADE o que se dá como tarefa por realizar... e esse movimento não é o seu próprio movimento, é a REALIZAÇÃO mesma do VERDADEIRO, que, de um certo ponto de vista, e apesar dele, exige de sua razão pessoal que se converta em pura transparência impessoal, de onde já não há regresso.

Se a sintaxe dessa linguagem literária ''é o conjunto de desvios necessários criados a cada vez para revelar a VIDA DESCONHECIDA nas coisas , a vida a que ela dá acesso é a capacidade de resistir das forças que tenta capturar, a potência inorgânica, a pressão cósmica (vida que não é individual nem pessoal, mas SINGULAR, formada de singularidades impessoais, pré-individuais, VISÕES e AUDIÇÕES.

Complemento:

Há quem aceite a palavra a ponto de osso,
de oco; ao ponto de ninguém e de nuvem.
Sou mais a palavra com febre, decaída, fodida,
na sarjeta.

Sou mais a palavra ao ponto de entulho.
Amo arrastar algumas no caco de vidro,
envergá-las pro chão, corrompê-las, -
até que padeçam de mim e me sujem de branco. 
(Manoel de Barros)

A linguagem desequilibrada que leva a um DE-FORA produz VISÕES e AUDIÇÕES. Uma língua original não é cavada (creusée) na própria língua sem que toda a linguagem oscile, seja levada à um limite, a um avesso constituindo VISÕES e AUDIÇÕES que não são mais de nenhuma língua. Como em Samuel Beckett, que teria suportado cada vez menos as palavras porque sabia da dificuldade de ''esburacar'' a superfície da linguagem para VER e OUVIR o que se esconde por trás delas.

Queria a palavra sem alamares, sem
chatilenas, sem suspensórios, sem
talabartes, sem paramentos, sem diademas,
sem ademanes, sem colarinho.
Eu queria a palavra limpa de solene.
Limpa de soberba, limpa de melenas.
Eu queria ficar mais porcaria nas palavras.
Eu não queria colher nenhum pendão com elas.
Queria ser apenas relativo de águas.
Queria ser admirado pelos pássaros.
Eu queria sempre a palavra no áspero dela.
(Manoel de Barros)

P.S:.

Uma linguagem levada ao extremo,elevada à potência do indizível, torna possíveis visões e audições libertas do empírico, visões e audições superiores, puras, capazes de ver o invisível e ouvir o inaudível, tornando o escritor um vidente (voyant) e um ouvinte ( entendant), alguém que vê e ouve algo grande demais, forte demais, excessivo.

FaBrIcação...

É muito intrigante que tal investigação tenha se arrastado cronometricamente de acordo com o período eleitoral americano, a despeito de qualquer juízo de valor sobre seu inteiro teor. Prorrogação sobre prorrogação, chumaços de papéis avulsos, declarações vazias, testemunhas cada vez mais descabeladas, com o rabo preso em não sei que ponto do próprio passado pessoal, vindo a caracterizar a diligência investigativa em andamento pela mais absoluta ausência de limpeza, clareza e disciplina de inteligência (qualquer sentimento político aleatório colhido nas entranhas do governo tomado imediatamente como ''argumento'' e motivo de ''apreciação supostamente jurídica'', numa espécie de ''culto dos subterrâneos'' patrocinado inteiramente pela mídia liberal e seus escribas de alcova). Estabeleceu-se de fato uma relação religiosa do FBI com o ''tráfico de influências'' midiático? Um horrível e pedantesco esmiuçar de factóides requentados, dia após dia? AQUI, RÁPIDO! , clamam de vez em quando... para que a ''chama'' não se apague, pelo menos até o dia do pleito. Que gasolina é essa? Falar de virtude, neste processo, em meio de uma tensão política tão ''adulterada'', somente é possível a tartufos completos, ou àqueles democratas insulados, vivendo fora dos limites da realidade, que ainda acreditam que a ''providência contagiosa'' das próprias lorotas venha a invadir as urnas ''POR FORÇA DE LEI''. 

K.M.


Porn world laywer? Quite frankly... True and false fearslet us refrain.

“Indeed, the evidence appears to support the position that Julie Swetnick and Mr. Avenatti criminally conspired to make materially false statements to the Committee and obstruct the Committee’s investigation.”

— Chairman Chuck Grassley, Senate Judiciary Committee

Vale recordar que a industria pornográfica americana é um empreendimento totalmente premeditado da Amorc californiana que, desde os anos 1950, vem munindo-se de advogados e prostitutas de todas as classes sociais para se infiltrarem nas esferas de poder político e econômico com o intuito de espalhar sujidades constrangedoras sob encomenda, e assim suscetibilizar a classe política ''providencialmente'', tornando-a maleável e suscetível, mediante suas ''sutis ameaças de propagação''. Cheirando perigosamente pelos cantos, numa delirante reunião de vestígios e aparências úteis, ainda que falseadas ao extremo... SOB ENCOMENDA DE QUEM? O modelo preferido é o da reportagem padrão, divulgada no momento crucial. A ferida aparece nas urnas? Encomenda daquelas forças politicas atualmente relegadas a um vago tipo de oposição, mas sabidamente associadas ao mundo da Indústria Cultural, sobretudo o do cinema, de onde emergem criaturas cada vez mais ''empolgadas'' e ''vociferantes'', provavelmente embandeiradas psicologicamente pelas perspectivas de retomada do poder político... a palavra Democrata aqui pode dizer pouco, para o leigo, mas uma investigação capaz de desventrar quatro ou cinco camadas interpostas de relações inter-pessoais, no contexto deste mundo de ações políticas estratégicas disfarçado de contratos de empreitada e produções cinematográficas, revelaria uma meia dúzia de cabeças-pensamentes à luz de velas, conspirando imagisticamente numa alcova de luxo superprotegida pelo mundo do lobby empresarial e sua publicidade orquestrada para fins eleitorais. E não nos deveria surpreender se, entre os think -tanks desta Loja Negra, a mais discreta e poderosa da América, se encontrassem, junto aos magnatas da poderosa mídia liberal americana, uma meia duzia de ''cidadãos'' de olhinhos puxados, exalando um hálito himalaio glacial na face de seus interlocutores, todos encantados com suas ''possibilidades de ação'' num ''raio de onda promissor'', em que operar com seu exército de genitálias tele-guiadas, famintas de status quo dominante, roubado mediante ''assalto à 'mão armada'' à integridade moral da classe política mais séria e comprometida com o interesse público, em emboscadas psico-sociais tão ladinas, que exigem até certa ''direção de arte, por parte de seus concebedores, enalteceria o mundo de áudios clandestinos forjados, fake-news cascateantes e interceptações ilegais da vida privada das autoridades do Estado, todas retiradas de seus contextos originais para compor narrativas que adoecem de tanta morbidez imaginativa, munidas de um poder de contágio consideravelmente perigoso para fins de depuração ética, graças àos seus mecanismos de reverberação midiática instantânea, sempre a postos, perfiladas e cerradas em perfeita esquadra, contra os paladinos íntegros que heroicamente buscam defender os valores sólidos que ainda tentam manter dignamente de pé o maculado sistema político americano.


CASO ENCERRADO.

Esa voluntad de engañar al otro, esa intención detrás de la mentira, es lo que usted llama el concepto clásico y dominante de la mentira. Sin embargo, la experiencia cotidiana es más bien la de la «mentira a medias», la de «una cuarta parte de mentira», de algo que ocurre entre lo voluntario y lo involuntario, entre lo intencional y lo no-intencional. ¿Qué pasa entonces con todas esas experiencias en las que se miente en parte por timidez, en parte por vergüenza a veces, y otras veces incluso por hacer un favor? ¿Son también mentiras?

J. Derrida: —Todo lo que usted apunta que se ventila aquí es muy grave porque tenemos la sensación de que debemos mantener la validez de ese concepto clásico y dominante. Si lo pusiéramos en tela de juicio, estaríamos arruinando todo el fundamento de la ética, del derecho, de la política. Por lo tanto, hay que mantener ese concepto que denomino el concepto cuadriculado, cabal, de la mentira: alguien dice deliberadamente algo distinto de lo que sabe con la intención de confundir al que le está escuchando.

Naturalmente, una reflexión sobre la mentira es una reflexión sobre la intencionalidad: ¿qué quiere decir la intencionalidad?

(.)

VERDADE E APARÊNCIA. - As seduções que decorrem dessa dicotomia, em política, são de três espécies: 1 - A da ''história desconhecida'', que transforma toda uma audiência de inocentes úteis em curiosos aventureiros nos labirintos das fake-news, e que é concebida apenas para que os telespectadores se sintam fatigados com a ''simples realidade'', na qual , de fato, não ocorreu nada ilícito. E essa idéia é perigosa em assuntos políticos, quando insinua mundos desconhecidos, sujidades de carreira e comportamento, limbos imemoriais dos quais tudo que sai de dentro deles é sempre favorável ao arquimandrita da fé política exaltada, que pretende atrair votos para si e seu partido às custas de ''La Degola'' de outrem 2 - A sedução que ataca aquilo que há nas pessoas de mais irresistível: seu desejo de se perderem num mar especulativo de comparações; deem-lhes apenas as peças, o bonequinho de vodu e as agulhas, a Cruz e o Crucificado, que o público se diverte às fartas apontando os dedos na direção que lhes mandam os que gritam mais alto (mas gritando em microfones com volume de som regulado pela mídia liberal e seus interesses de ocasião). Aqui, ninguém terá esperado em vão. A diversão é garantida... Com advogados mafiosos afirmando a existência de um mundo onde tudo poderia ter sido diferente do que foi (quem sabe?), se um atentado não tivesse sido perpetrado contra sua clientela. Há tantas coisas incrustadas nessa palavra ''clientela'', quando assuntos jurídicos se misturam com a política, que é impossível não se tomar por estúpido por antecipação, antes de ouvi-los falar, tratando os autos do processo como uma cartola de mágico ilusionista. 3- A sedução que insinua a fatalidade, a necessidade de submeter-se e assimilar-se à versão dos fatos para não cair na mesma condição do acusado. O resultado buscado é sempre a resignação da audiência, a curiosidade do público, a simpatia e a estima , a revolta e o medo de se identificar com o suposto contraventor, como se a outra parte não lhes merecesse sequer atenção, como se seu contraditório , seu direito à ampla defesa fosse mesmo um ultraje pelo simples fato de poder ser e estar sendo feita. Não há nenhum sentimento que a mídia capture e amplifique mais do que esses ''veredictos da percepção'', descoladas da realidade por um processo de excreção de dados aleatórios, juntados arbitrariamente por algum trabalho de astúcia legal combinado com fontes jornalísticas escolhidas, para criar o efeito certo, na hora certa, em que a pressão for mais promissora do ponto de vista político; tudo tão distante dos caminhos da prudência jurídica e legislativa, que nos impede de perceber como fomos, afinal, seduzidos. É assim que se empenham em ulcerar nossos mais nobres instintos de julgamento, quando se trata de materializar interesses políticos, transformando-os em propaganda às vésperas de uma eleição. Um esforço de coordenação política, midiática e financeira tão gigantesco que é cansativo ficar enumerando todos os setores da elite envolvidos neste processo, manipulado a partir das sombras partidárias que a mídia traveste, supondo uma avalanche de possíveis revoltantes e incriminadores que nunca ascendem à nada realmente verificável na prática.

(.)

k

Qualquer que seja o ''ideal esquisito'' que se siga dentro de uma narrativa tão vazia e inconsistente como essa, o mínimo que se pode fazer, em termos de ética policial, jurídica e, mesmo de ''vergonha na cara'', é não exigir que esse ideal seja o ''ideal ''por excelência'', como quer a mídia liberal, que se acostumou a tratar o FBI como o seu macaco. É assim que os atocaiados de plantão do Partido Democrata pretendem arrebatar todo o privilégio ao caráter imparcial do processo em curso, conferindo a si mesmos não sei quantas ''prerrogativas inquisitórias'' sem nada que a realidade concreta possa justificar. É preciso saber distinguir os interesses em ebulição, quando o jogo político se transforma nessa demonstração de descortesia anti-ética, de grosseria sub-intelectual, de vale tudo eleitoreiro, de ''quanto pior melhor'', movido unicamente pela eminência temerária das urnas ---- e isto para não se nivelar por baixo, para não se igualar aos artífices deste circo que só interessa a uns poucos. Que é que vos obriga a isto, americanos?, e eu receio, lamento dizer que não seja nada mais que o instinto de rebanho, do homem aprisionado na turba, nos seus fetiches, na sua própria coisificação, na sua imitação do comportamento simiesco de celebridades vendidas aos holofotes... em suma : O MEDO PRÓPRIO DO REBANHO, em qualquer nação em que esta se forme tão culturalmente desnutrida. Neste jogo, os que enganam melhor pregam apenas o seu pequeno separatismo'' bem posicionado'' no meio da ganância política geral... A suposta prudência dos que querem ser apenas os ''missionários e representantes de um ideal ''mais justo'', mais democrático, mais ''unido num único e brilhante sorriso de melancia'', não passam de mascarados que transfiguram sua libido política diante dos olhos dos que acreditam no desinteresse e no heroísmo deste ou daquele. Assim é que procuram emprestar à virtude pública ''encantos novos'', célebres protagonismos, cenas inesquecíveis, rajadas de auto-imagem eleitoral que se imortalizem fulminando algo supostamente proibido. É ingenuidade considerar essa velha fórmula de propaganda política de última hora como algo inofensivo, pois ela termina sempre por atrair o rebanho hipnotizado e, através da convulsão acefalada deste, cooptam até mesmo os espíritos requintados que deveriam administrar-lhe o antídoto; primeiro, tornando-os curiosos e, logo depois, esmagando-os com avalanches de noticiários fabricados sob encomenda. Somente depois de haver reconhecido em si mesmo que toda sua crença era mentira e aparência ''glamourisada'' desde o início, de se assumir envenenado, enganando e manipulado ao extremo, se obtém novamente a permissão de percorrer as ''belas mentiras '' da mídia liberal de ''olhos abertos''. Ainda que seja alto o preço desta coragem , só assim é possível neutralizar esse autoritarismo, essa produção premeditada de significados que transformou a cultura popular numa lepra intelectual, num aborto da própria soberania, num eterno abrir mão da capacidade de se autodeterminar --- assim colocamos nossas fraquezas de instinto e raciocínio sob coordenadas próprias, colocamo-las ''em seu devido lugar, naquele centro da consciência onde estamos sozinhos com nós mesmos, em condições de julgarmos a realidade sem as interdições e os ruídos do espírito opaco do dirigismo político de alcova, do jornalismo especializado em lobby de aparelhagem e veto. Essa a única forma de subtrairmo-nos à imoralidade fundamental de tudo que existe, do luxo arrogante do liberalismo americano, a face mais custosa e escancarada de um sistema político viciado.

(.)

This is a coordinated effort to stop nomination...

"Enquanto Dasein real, as necessidades e os meios advém ser para outro através dos quais as necessidades e o trabalho de cada um é reciprocamente condicionado"44. Pois meu trabalho advém um meio para a satisfação dos outros, assim como minha satisfação depende do trabalho dos outros. É a isto que Hegel chama de "sistema de necessidades".

Trata-se de uma vida que descobre que aquilo que se chama "necessidade" [Notwendigkeit]: "é justamente uma coisa que ninguém sabe dizer o que faz, quais são suas leis determinadas e seu conteúdo positivo. Porque é o conceito absoluto intuído como ser, a relação simples e vazia, mas irresistível e imperturbável, cuja obra é apenas o nada da singularidade"

Neste sentido, os impulsos que se manifestam sob a forma da necessidade, impulsos tomados como normatividade vital imediata, são o nada da singularidade, princípio opaco em suas leis e conteúdos, porque são apenas a indeterminação simples e vazia, puramente negativa. No entanto, a maneira de quebrar esta ilusão de imediaticidade que só pode levar ao colapso consiste em, de uma certa forma, redescobrir a história no interior da natureza. Isto significa mostrar como os impulsos são, na verdade, a parte não-individual da história dos sujeitos, da história dos desejos que lhes precederam, mas que lhes constituíram. Trata-se de reconhecer, nos impulsos, aquilo que foi tecido às nossas costas, tecido pelas mãos da experiência social que continua a agir em nós.

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Crítica dos sentimentos subjetivos de valor: A consciência. Antigamente se fazia este raciocínio: a consciência rejeita esta ação; logo, esta ação é condenável. De fato, a consciência reprova uma ação porque foi por longo tempo reprovada. Não faz mais que dizer, ''só sabe falar''. O que antigamente determinava a rejeitar certas ações não era a consciência, mas o julgamento (ou o preconceito) referente às consequências... A aprovação da consciência, o sentimento do bem=estar que causa a ''paz consigo mesmo'', são da mesma ordem que o prazer de um artista diante de sua obra ---- NÃO PROVAM NADA. O contentamento não é medida para avaliar aquilo a que se refere, como tampouco contra o valor de algo. Estamos longe de possuir o conhecimento suficiente para poder avaliar a medida de nossas ações. Falta-nos para tanto a possibilidade de tomar uma perspectiva objetiva: quando reprovamos um ato, acuamos alguém de alguma coisa, colocamos sob dúvida o comportamento alheio, não somos mais juízes, e sim partes. O sentimentos que acompanham um ato, por mais nobres ou vis que sejam, nada provam quanto ao valor deste; apesar do estado de exaltação patética em que nos mergulham, seus resultados, suas ''revelações'', seus desvelamentos, suas cortinas de fumaça, suas ''sombras criadas em favor de olhos escolhidos''... tudo isso pode redundar em insignificância. Os impulsos imediatistas, rancorosos são muito crus e, geralmente, mentirosos: desviam o olhar da audiência, clamam por atenção pública, arranham em todas as direções, desandam as precauções sóbrias, vê em todo tipo de estupidez própria uma ''preciosa suspeita'' de ''valor universal''. Enfim, contaminam, ao invés de sanar, para usar o jargão processual.

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Simplificações, esquematizações, interpretações, etc, o verdadeiro processo da percepção interior, o encadeamento das ''causas entre os pensamentos'', os sentimentos, os desejos, os interesses, as fraquezas, entre o sujeito e o objeto, é-nos sempre inteiramente oculto - e talvez sejam simples casos de imaginação, quando se apela para a materialização de um''fato jurídico punível''. Esse ''aparente mundo interior'' evocado pela memória para reconstituir uma paisagem extinta é tratado da mesma forma e com os mesmos processos que o ''mundo exterior'', quando os fatos estão realmente presentes diante de nós. Resultado: nunca topamos com fatos dentro de tais circunstâncias. A única coisa que um testemunho deste tipo é capa de evocar são os fenômenos tardias do prazer ou desprazer de ocasião, totalmente derivados do que em, psicologia, chamamos de ''recalque''. A causalidade escapa-nos totalmente, e é consequência do tipo mais grosseiro e condicionado de ''observação'', qual seja: o de admitir entre as idéias, as memórias e os sentimentos, um laço imediato e causal, como se de de uma ciência lógica se tratasse. Acontece que 'entre'' dois pensamentos encadeados desta forma, estão todas as espécies de paixões e interesse que se chocam, na defesa desesperada de nossa auto-imagem pública. Até mesmo no caso da testemunha de acusação, tais movimentos são tão rápidos que a própria pessoa chega a ''desconhecê-los'', e até mesmo a ''negá-los'', nos seus flagrantes mais suspeitos de contradição. Pensar, ou testemunhas desta forma, é sempre uma ficção absolutamente arbitrária, realizada separando um só elemento do processo geral, à custa de todos os outros que, a seu tempo, bastariam para constituir um quadro totalmente diverso do inicialmente apresentado. Nada mais que um arranjo artificial feito para ''convencer'' ou ''forçar'' um certo de tipo de ''compreensão'' na audiência. Esses conceitos, derivados da falsa auto-observação, que crê no processo que consiste em ''pensar e depôr'' desta maneira, aqui inicia a conceber um ato que não se produziu absolutamente. Pensar desta forma é imaginar-se em segundo lugar um substratum, sujeito imaginário, onde cada ato desse encadeamento de idéias tem sua origem e nada mais, o que significa que tanto a ação descrita como a o sujeito que a ''agiu'' são simulações.

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O mundo e sua história sempre foram alvos de grandes falsificações sob o império de ''pretensos'' valores morais -- 1 ) na história (incluindo a política); 2) na teoria do conhecimento; 3) no julgamento da arte e dos artistas; 4) na apreciação dos homens e suas ações ; 5) na psicologia (incluindo a jurídica); 6) na construção das filosofias; 7) na fisiologia, doutrinas de ''evolução'' (aperfeiçoamento, socialização, seleção, eleição).

A apreciação da ''história'' por ''princípio'' para lhe dar a ''prova'' da ''apreciação moral''.

Aqui se trata de decadência e corrupção, pura e simplesmente.
Assim como o fato de ''tornar-se melhor''', quando ''isso'' é considerado um argumento válido, demonstra que o erro é erro examinando a vida pessoal dos que são obrigados a encarnar e representar este conceito publicamente. Mas na esfera política atual, condicionada pelo tipo mais espúrio de espetacularização, qualquer ''ruído de comunicação'', desentranhado de profundezas temporais insondáveis, basta para materializar um vício, um passo em falso ou mesmo um crime, e ser imediatamente refutado e punido, assim justificando todo tipo de linchamento público útil aos interesses dos envolvidos. Essa forma indecente de antagonismo erra de ''traseiros e baixezas'' à maneira dos cães. Os ressentidos da política, em qualquer país ocidental, assim como os jornalistas que fazem sua escolta, jamais encontraram nada mais interessante para fazer na vida do que fungar as coisas supostamente secretas de seus adversários --- fazem prova de revanchismo militante esfomeado procurando sujidades no mundo. Sobretudo entre os homens que tem o primeiro lugar no mundo, entre ''OS MESTRES''. Lembremo-nos de como Goethe foi em todos os tempos perseguido na Alemanha...

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É esta a verdadeira indisposição do artista, não pela sociedade, porém pela política, e seus escrúpulos e desconfiança da atividade política não são menos legítimos que a desconfiança dos homens de ação contra a FaBrIcação e suas ''soluções plásticas'' de ''ajustamento narrativo'', que lembram intervenções cirúrgicas faciais em velhas mulheres rancorosas em busca de um ''retoque na maquiagem'' --- suficientemente forte para esconder ''aquelas rugas incômodas'' quando ''ligarem todos os holofotes'' outra vez.

K.M.

Postado por Ka

DUBITO...

Dubito: embora em certas circunstâncias, e combinando os venenos midiáticos e políticos certos, estariam em condições de convencer, com atos em cena, a multidão de homens inferiores, da depravação e intemperança de qualquer homem íntegro sob o Céu. Por isso a idéia de ''igualdade de todos os homens diante de Deus'' é tão comprometedora, para não dizer demagógica e falaciosa. A todo custo, os miasmas políticos exalados da turba tentam proibir ações e convicções que, por si mesmas, participem das prerrogativas dos homens fortes, esclarecidos e bem informados, como se essas ações e convicções fossem um ultraje à humanidade. Atira-se o descrédito de todo um puteiro de sub-celebridades sem encanto e amor-próprio sobre todas as tendências superiores dos homens fortes, estabelecendo os preservativos mais fracos (fracos inclusive a respeito de si mesmos )como normas de valor: enaltecendo o lixo acefalado sob os holofotes da indústria cultural. A confusão vai tão longe que estigmatizam literalmente os grandes virtuoses da vida (cuja altivez e maestria soberana está em oposição violenta com tudo o que vem de baixo, virulentamente, escarrando seus recalques pro alto como ratos em desespero tentando escapar do esgoto das próprias vidas), em lhes emprestando os mais injuriosos nomes. Antes de tudo, ó pretensos donos das virtudes humanas, não tendes o direito de precedência sobre nós; e queremos nos fazer guardar de coração aqui a mais sincera humildade quanto a tudo isto: pois é um lamentável interesse pessoal e astúcia que aconselha vossas pretendidas virtudes, vossas pretensas posições na sociedade , que só existem aos vossos olhos, e aos de mais ninguém. E se tivésseis mais força e mais coragem em vossas almas subdesenvolvidas, subnutridas e sem interesse, não vos humilharíeis tanto assim, diante de nós, esforçando-se no caminho da nulidade e da irrelevância. Fazeis vós o que podeis: e que façais o que vos é míster -- ao que nos constrange profundamente as circunstâncias de constante frustração e indignação que exibem em público -- que façais o que vos aguarda, o que lhes parecer mais útil. A diferença é rigorosamente nenhuma para nós. O que governa nossos instintos mais íntimos, aquilo que governa nossa quantidade potência, não encontra entre vós nada que lhe possa dar razão de ser. Mas tendes, muitas vezes, o ''número '' e a alienação das massas a vosso favor, e à medida em que tiranizais essa vossa ''posse'', aumenta nosso desejo de lhes fazer guerra.

K.M.
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O eleitor americano íntegro e honesto que me perdoe...
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Mercado financeiro americano ganhou muito em muito pouco tempo, e ''corrigiu'' muito em muito pouco tempo. Isso não tem nada a ver com a política econômica do governo. Rebanho eletrônico é expressão de algo mais ''amalgamado'' e complexo do que pretendem os reducionismos de ocasião, muitos dos quais buscando ''leituras'' eleitorais favoráveis aos seus interesses políticos, como no caso dos Democratas.

Rebanho tem seu próprio ''código de honra'', e sua própria ''omertá'', n´algumas vezes as ''mágoas políticas'' os conservam felizes, n´outras, penduram até no que há de mais santo uma ''pequena cauda de choradeira'', que nenhuma relação guarda com o bem estar do povo americano.Como é evidente, o BOI se pretende um ''espírito pesado'', um espírito que pesa um ''quintal'', e até conseguem simular um espírito de pesadume, quando estão sendo marcados a ferro pela dança das cadeiras no poder.

É preciso uma certa dose de egoísmo de investidor, para ver nos seus pretensos ''instintos caluniados'' uma causa política relevante nestas eleições. O eleitor americano íntegro e honesto que me perdoe, mas esse tipo de psicologia é um termômetro de ''maus motivos''. O eleitor deve buscar um olhar psicológico mais refinado, mais sábio e promissor sobre sua própria política, do que o oferecido por ''oscilações de Bolsas''.

K.M.

Rebanho eletrônico influencia seu voto?

Vai votar Democrata, americano?
Rebanho eletrônico influencia seu voto?
NÃO.. .Mas precisamos mesmo dessa proximidade do vivido desta crônica. O ser humano atual não cultiva nada que não possa ser abreviado .Com efeito, consegui abreviar a narrativa e ela mostrou-se capaz de emancipar-se da tradição literária com as próprias forças , conservando até mesmo a superposição de camadas finas e translúcidas do romance moderno clássico, que representa a melhor imagem do processo pelo qual a narrativa perfeita vem à luz do dia : como coroamento das várias camadas constituídas pelas narrações sucessivas . What´s cooking ?? , cocktail , magia , demonstrações telepáticas, volitivas etc , digamos que a história não está mal contada, como um super-caleidoscópio , com súbitas pulsões de felicidade, e Eterno Retorno duas ou três vezes por dia Aconchegado em minha carapaça vitamínica de super-homem , brinco de estar contente, mas entrego os pontos lá pela décima página , falando das coisas e cores perfeitas que se encontram na natureza


AGORA, UMA DE MURILO MENDES.

O BOI...

Quando menino nas viagens pelo interior de Minas com a família, eu queria trocar o cavalo pelo boi : alegava que agarrando-me aos seus chifres me sentiria muito mais seguro.

Ninguém ignora o caráter sacro do boi. Por exemplo, os gauleses, seguindo costumes derivados dos egípcios, gregos e romanos, revestiam o boi de uma estola sacerdotal, no equinócio da primavera, quando o Sol penetro no signo do Touro. Durante o século XV na terça-feira de carnaval a corporação dos açougueiros franceses presidia a festas e mascarados com o ''boi violé'': segundo alguns porque o animal era coroado de violetas, segundo outros porque marchava ao som de violas e violinos. Em 1842 passearam nas ruas de Paris um boi pesando 1.900 kilos.

O boi tem os olhos escancarados , por isso no tempo do Império os brasileiros se inspiraram neles para criar o desenho dos selos ditos ''olho-de-boi'' que me invocavam quando os via colados em série, na coleção do meu pai. O poeta espanhol Eduardo Chicharro alude corretamente ao ''ojo macizo'' do boi.

Certo que o boi não alimento o ódio nem a malvadez; rumina antes o pasto e a paisagem redonda. De tanto tocar a terra, despontaram-lhe as raízes, subindo pelo corpo acima : os chifres.

Adverso à intriga, diante das fofocas da raposa e do macaco, abana os chifres em quarto crescente ou quarto minguante, não me recordo bem. Nada vaidoso, olha condescendente as semostrações do pavão, fundador do exército do Pará.
Das janelas rápidas do trem vejo passar os bois brancos da Toscana elevados por Virgílio.

O boi: longuíssimo também de ser invejoso. Tanto assim que no outrora domingo jerosolimitano ao levantar as palmas, considerando o burro que carregava o Cristo único rei, pensou finalmente com seus chifres e com Chesterton: ''Aquele foi até ontem anônimo e apagado, eis porque agora soa para todo o sempre seu momento magnífico''.

Murilo Mendes, O BOI
POLIEDRO

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