sábado, 26 de janeiro de 2019

CHUVA TIBETANA

A chuva tibetana jamais será
totalmente imaculada, já que
a mosca intrusa corre babando
para debaixo da nuvem turbulenta
assim que vê ela chovendo
sua voracidade funcional; quando
o foco fecha os olhos no difícil
escuro espermilhado da distância,
como infinita reposição de si.
Fazendo a escultura elétrica
depurar-se na draga fixadora,
no suporte pineal, no limite do
erro pau-tado, acaba aparecendo
na última linha do poema, a
beleza interceptada, como arte
de vândalo redivivo ---- nesta
última linha viva de consulta
é que se soletra sua paz
de sensações distantes, 
mas tão próximas da ordem 
de ligações impercebidas, que
parece que toda fiação dada
neste instante, vem do resto 
desesperado da cópula, que ainda 
delira tenebrosamente pela manhã.
Vem dos fios que tem luzes abertas
no alarme do último lacre de segurança
do teste deslizante. Vem da Alma,
que ainda pode fugir olhando
o espelho retrovisor reter
um pouco da face que esfria,
pela manhã, sua biografia na cama.

K.M.

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