domingo, 20 de janeiro de 2019

CINISMO

É cínico o estado daquele que, desiludido com boas razões , tem de reprimir, no entanto, a cisma a respeito da perda de orientações que foram outrora uma parte dele próprio. O cínico permanece fixado  em suas instituições pessimistas e eleva a realidade dolorosa à última instância. Diante dessa instância, ele justifica o oportunismo, e diante dela tbm  exige que os demais, que ele não pode converter ao cinismo, prestem contas em termos militantes. No entanto, a colaboração do cinismo muda junto com o declive entre ideal perdido e realidade. O cinismo dos anos 1970 é mais inofensivo e amargo em comparação com o dos anos 1920. Mais inofensivo, pois a revolta de 68foi mais real que as tormentas de aço de Junger . Mais amargo, pois o próprio ideal já era, com efeito, o produto de um ESCLARECIMENTO , já havia se distinguido  com vantagens, em todo caso, da substancialidade imitada de Gehlen. Nosso cinismo é a falsa consciência esclarecida. É a consciência infeliz modernizada, na qual o Esclarecimento trabalha, ao mesmo tempo com êxito e em vão. Ela aprendeu sua lição do Esclarecimento, mas não a implementou , e certamente não pôde implementa-la.

K.M. 

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