domingo, 13 de janeiro de 2019

RE- TRATO


Muitos não conseguem ver o nacionalismo chinês como uma falta de alternativas diante da tradição. Entretanto, podemos perceber nas instituições chinesas (família, educação, governo) o peso de uma lei cultural ,milenar. Os Analectos desvelam um pouco essas relações de poder, da forma como são moralizadas e como a moralidade pública é petrificada no Caminho dos antigos. Confúcio é adepto por excelência desse Caminho, tendo se transformado no modelo por excelência de tudo o que a cultura tradicional chinesa acreditava.

O trabalho crítico sobre Confúcio terá sido feito também sobre as outras escolas filosóficas da China ? Seu pensamento dominou durante muito tempo o pensamento feudal. A escola Legalista era reacionária, mas também algo progressista. Idem o Taoísmo: onde o mundo dos fenômenos nasce do ''Tao'' , noção básica da filosofia chinesa, que designa uma força fundamental que flui por todas as coisas; nas artes marciais, por metonímia, designa um encadeamento de movimentos que conduz ao domínio da arte e unidade.

Em Lao Tsé deparamo- nos também com uma doutrina das ''imagens', presentes de modo imanente no Tao. Esse pensamento, por sua vez, tem origem no Livro das Mutações (I Ching), a idéia de que o Céu '' mostra as ''imagens'', isto é, as ''imagens arquetípicas '', tomadas pelos líderes autorizados e os profetas como medida orientadora de suas constituições culturais (''re - trato ''). Assim, por exemplo, os signos do Livro das Mutações  retratam as possíveis ''situações mundiais '' e , por isso, podemos tirar das leis de suas transformações conclusões sobre o tipo de transformação da situação cósmica.

Os comunistas costumavam se perguntar se havia algo de positivo no Taoísmo. Na patética terminologia marxista, os representantes do Tao eram a ''classe dos Mestres'' (Tao) (precedendo o Céu e a Terra), que comparavam ao ''Espírito Absoluto'' de Hegel (idealismo objetivo). As lutas entre confucionistas e taoistas eram consideradas por esses defraudadores culturais como lutas internas à classe dos Mestres, menos importante que a luta entre idealismo e materialismo.

K.M.

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