terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Obras póstumas publicadas em vida ...

Em uma das ''Considerações Inamistosas ''  recolhidas por R. Musil no volume Nachlass zu Lebzeiten (que traduziríamos jocosamente por Obras Póstumas publicadas em Vida) , ele tinha se colocado a pergunta (igualmente jocosa) : ''Se o K. , acrescido de uma e depois de duas dimensões, não havia se tornado ainda mais insuportável e cada vez menos K. , e , procurando, através de um curioso, quiçá hermético cálculo matemático , descobrir a relação entre o K.  e a Arte , chegando a indefectível conclusão de que os dois eram exatamente a mesma coisa . Depois que o juízo estético nos ensinou a distinguir a Arte de sua Sombra e a autenticidade da inautenticidade, nossa experiência começou a nos colocar , porém , frente à embaraçosa verdade segundo à qual  é exatamente à Sombra da Arte que devemos hoje as  nossas mais originais emoções estéticas. Ora.. quem não conheceu ao menos uma vez, frente ao K. , uma sensação prazerosa e libertadora ,  afirmando - --- contra toda sugestão do seu gosto crítico ---- : Este objeto é esteticamente feio e, todavia , me apraz , me excita e me comove profundamente '' (?) , Dir-se-ia que toda a vasta zona do mundo externo e da nossa sensibilidade que o juízo crítico jogara no limbo da Sombra da Arte começou a adquirir consciência da própria necessidade e da própria função dialética e, rebelando-se da tirania do ''bom gosto '' , se apresentou exigindo seus direitos. 

K.M.

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