sábado, 5 de janeiro de 2019

Influência significa, inevitavelmente, CONTEXTO

Harold Bloom já enfatizou o papel desempenhado pela ''angústia da influência '' . Bloom mostrou como o movimento criativo em poesia (e em todas as artes )se articula sob pressões estimulantes, deformadoras e reativas das obras de predecessores e contemporâneos. Influência significa, inevitavelmente, CONTEXTO . As formas por meio das quais a ''ansiedade'' se projeta à frente ainda não foram exploradas. Não foi só Stendhal que postulou a evolução de um público que só estaria pronto para seus romances negligenciados cem anos após a sua morte (uma previsão que se revelou quase literalmente exata ) .Existem tbm as imagens idealizadas que escritores, compositores e pintores elaboram sobre os criadores que serão, por sua vez,  influenciados por seus trabalhos e para os quais suas obras terão um valor seminal . Em Goethe e Joyce jáse anunciam prenúncios diversos e bem definidos de todos aqueles que deverão recorrer ao Fausto ou ao Ulisses como fonte de seu próprio material, seja no espírito de analogia, reprodução, elogio ou até mesmo embate : a quarta fase da dialética é a mathese. 

PScriptum

Acesso privilegiado a praticamente todo nosso tema. Já a abstenção de Shakespeare ---- ele é o deus absconditus de nossa questão ----- torna tal acesso inevitavelmente problemático. Talvez fosse o momento de voltarmos nossa atenção para certos motivos de James Joyce à guisa de coordenadas. São motivos que deverão nos ajudar a redescobrir determinados conceitos de criação, como a ''fala adâmica '' , hoje perdidos e esquecidos. São motivos que servem para mapear telepática ou matematicamente tudo quanto ainda é fértil na tradição criativa que herdamos. Refletindo a partir desses ''veículos '' poderemos já vislumbrar o contorno das novas histórias à nossa frente e das narrativas inquietas que chamamos de teorias. 

K.M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário