quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

RISOS

Amar (eis a exclamação no
16 andar) onde o SUSSURRO,
o fumo captado que plastifica
o que era até então sem rugas,
de cor e curvas exatas, e na
primeira impressão da tiragem
passou a se repetir TOTAL-
MENTE PARADO (risos).
Safra nenhuma aqui, onde
a audiência não se estetiza
além do esgrimir noticioso comum;
aqui onde não se conjuga mais
o verbo que irisa a atmosfera
culta disponível à inteligência,
desafiando o SOL com
outras cores e promessas,
mas que desmaiam em
todos os seus tons, junto
com o ibope. Resiste apenas
a MÃO viril, que acaricia o anel.
Em vez de assistir, VENCER
a paisagem televisiva total,
articulando a MÃO com esforço
para abrir todos os registros
agarrados aos nexos sinápticos.
Nos canos que já perderam a LUZ,
e para recuperar a circulação
do JORNAL, o sistema derrama
mais medo na própria corrosão,
amparando imagens de bundas
a abrir, então, o leque inteiro,
devagar, sobre seus pontos inflexivos.
É quando a bic do Poeta vira
sonda, e cisca o alimento
interrogado de forma mecânica,
maníaca, no chão duro e
suspeito da EDIÇÃO ---
então Ela põe (nesse emprego)
toda a Cabeça no AGORA 
do anzol, buscando algo 
do que desconfiar sob a 
superfície da aposta rugosa,
submersa no pensamento.
Imagina-la assim alimenta
lá dentro, o AQUI FORA,
numa espécie de áspera
irradiação na caixa de força.
O ego convulso do jornal,
quase sem pulso, na lógica 
assustada do escuro, se pre-
para para ''cair fora'', dissonante
na noite alta e sem acesso
ao Paredão-51.

Muito diferente do réu ab (dis) solvido
que estampam na primeira página,
o SOL chega perto para domar
(com uma só pincelada) o aguado 
ponto exclamativo do jornal ---
que pára arrependido --- como
o poema de Mallarmé --- 
diante do maçarico que solda
o chão citadino às obviedades
inquisitoriais de todas as sirenes.

K.M.


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