sábado, 26 de janeiro de 2019

CRISE DE LEGIBILIDADE DO CAPITAL

O statuto dos saberes ocidentais mudou radicalmente nos últimos dezesseis anos: todo o corpo de conhecimentos técnicos e culturais se tornou força produtiva, e a crítica destes assumiu a forma de crítica da economia política, até mesmo como condição de validez universal. Novos lugares de experimentação, em que novas relações entre produção de conhecimento, práticas políticas e administração de conflitos precisam ser testadas rapidamente, antes de começarem a serem postos à prova durante os grandes enfrentamentos mundiais em si. As finanças globais também devem começar a ser investigadas por um método semelhante. A produção de riquezas e o trabalho humano, no mundo atual, estão se articulando por meio de um controle de processos de valorização e acumulação de capital que funciona com uma lógica muito diferente da ''meramente industrial'' ---- a captura da produtividade de potências abstratas comuns, do Saber à Bios, e a hibridização entre capital financeiro e novas formas de socialização, exploração da mais-valia e colonização psíquica via WEB é o novo território no qual ''tornar-se rentista do lucro''. E para aventurar-se no conceito de política moderna que nasce a partir desta conjuntura, torna-se essencial revisitar o conceito de OPINIÃO PÚBLICA, que desde o capítulo 12 da General Theory, de J.M. Keynes, nós nos habituamos a investigar no terreno das Bolsas de Valores. Qual é exatamente o papel da Opinião Pública numa situação em que, quase a evocar uma crise de legibilidade (a incapacidade do capital de ler a composição do trabalho de cuja exploração ele vive), a Opinião se encontra ''precificando a tudo e a todos'' no interior de uma turbulenta nuvem de dados sistêmicos, que desloca a subjetividade humana para uma posição infame e atocaiada de ''leitora não-convergente'' destes mesmos dados?

K.M.

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